terça-feira, 21 de julho de 2009

Piquenique dos Malandros Zé Colmeia

por: Jesus Soares da Fonseca

Como está fazendo 40 anos que o homem foi à Lua, as prefeituras paraibanas resolveram fazer uma homenagem ao evento, dando a entender que possuem verba suficiente para fazer quantas viagens queiram ao nosso satélite. Ah, se Frutuoso Barbosa juntamente com o Índio Piragibe tivessem a oportunidade de arcar com tamanha verba, certamente teriam expulsados os Franceses das Terras dos Tabajaras, nossa querida Paraíba, num abrir e fechar dos olhos, mesmo porque eles poderiam, talvez, corromper a armada inimiga.

Lendo o belo artigo de Poliana, fica difícil em não acreditar no que ela escreve sobre a corrupção que graça nos meios políticos. O piquenique dos combustíveis na Paraíba nos deixa, ao mesmo tempo, atônitos, enojados, abobalhados e melancólicos por nos quererem fazer de “trouxas”, de nos chamar de imbecis. O pior é que tem ainda alguém que escreve dizendo que o triste evento “pode indicar mau uso dos recursos públicos”, quando na verdade está caracterizado o mau uso, mesmo. Que estória é essa de “pode indicar mau uso”? Isto me cheira a conivência!

Vamos procurar fazer algumas contas, utilizando os dados fornecidos na reportagem sobre os gastos com os combustíveis feitos pelas 205 Prefeituras da Paraíba, já que em 18 delas o trambique deva ser maior, a tal ponto, que nem sequer pode ser analisado. Entre as “esfarrapadas” desculpas apresentadas, alegam fatores geográficos. Quais? Não informam! Talvez, a serra de Santa Luzia, as curvas do serrotão, etc.

Suponhamos, pois, que todos os municípios da Paraíba distassem 450 Kms de João Pessoa, assim como Cajazeiras. O preço médio dos combustíveis na Paraíba é: gasolina = R$ 2,60; álcool = R$ 1,90 e Diesel = R$ 2,15. Para os nossos cálculos peguemos os dados, todos por cima, como se os veículos das prefeituras fossem todos a gasolina, como se estivessem todos desregulados, etc. De acordo com o TCE os 205 municípios gastaram, entre 2007 e 2008, a bagatela de R$ 68 milhões por mês. Ao preço de R$ 2,60 o litro, significa que gastaram em torno de 26 milhões de litros de combustível. Como falei, acima, os carros estão desregulados e fazem apenas 7 quilômetros por litro, perfazendo um total de 182 milhões percorridos. Para obter o quinhão de cada município, façamos as contas: 182 milhões divididos por 205, iguais a 887.804 kms, isto num mês. Como primamos pelo absurdo e estabelecemos que todos os municípios distassem 450 kms de João Pessoa, isto quer dizer que foram feitas: 887.804 divididos por 450 igual a 1972 viagens, ao mês ou 1972 divididos por 30 dias (um mês), igual a 65 viagens por dia, por cada município.

Beleza! Para se percorrer 450 Kms gastam-se em média de 5 a 6 horas de viagem ou seja, um veículo que saísse do Município, chegasse à Capital, desse a volta em torno da Praça João Pessoa e voltasse, rodando as 24 horas do dia, só teria possibilidade de fazer duas viagens ida e volta. Todavia, milagrosamente eles fizeram 65 viagens

O absurdo deste “conto do vigário”, digo, “conto do combustível”, é que as distâncias, entre os municípios da Paraíba a João Pessoa, variam em demasia. Logo, os trambiques se acentuam muito mais, quando sabemos que nossos cálculos foram feitos utilizando distância máxima. Num município como Campina Grande que fica a 126 kms da Capital, estes dados ficariam mais exorbitantes, pois passaria a ser de 234 viagens ao dia, quando no máximo haveria possibilidade de acontecer 16 viagens rodando-se 24 horas ininterruptas. Ante tamanha desfaçatez, ainda vão fazer estudos para que o Tribunal disponha de dados que sirvam de parâmetro. Ora bolas! Se o TCE já detectou tais gastos com combustíveis, gerando o absurdo destas viagens, para que analisar mais alguma coisa? Seria a mesma coisa que se descobrisse que alguém estivesse trabalhando 26 horas por dia e fosse analisar se haveria possibilidade de acontecer, mesmo

Se há alguém temeroso pelos desonestos acontecimentos, tenho minhas dúvidas, pois eles sabem que no máximo, se vier a ocorrer, poderão devolver 10% da quantia utilizada, ficando tudo em brancas nuvens, permanecendo impunes e prontos para outro triste evento.

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