quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Foi a Melhora da Morte

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(Merlânio Maia)


Diante do moribundo
A família desespera
Ali é questão de horas
Pra ele deixar esta esfera
Mas a sua família aflita
Se exaspera, chora , grita,
Não aceita , renitente...
E o pobre ali deitado
Sofrendo .naquele estado
Ninguém pensa no doente

Muitas vezes o ancião
Sentindo já a falência
Múltipla dos órgãos velhos
Na mais triste aparência
Mas ninguém quer aceitar
O fato de o libertar
De um fardo tão tenaz
E todos passam a dizer
- se prepara para viver
Uns trinta anos ou mais!

Que cruel ignorância
Que falta de caridade
Pois ao proceder assim
Privam-no da liberdade
É como se um detento
Que cumprisse o seu tormento
Em anos numa prisão
Não pudesse mais sair
Pro colega não sentir
A dor da separação.

O coitado sofre muito
Fica preso a fios mentais
Tecidos pela emoção
Dos seres que ama mais
E sofre preso á matéria
Que agora já é funérea
Toda em decomposição
Se não houver providência
Muitos caem na demência
Perdendo a própria razão.

Por isto é que os amigos
Que já vivem mais além
Sabendo desta ocorrência
Buscando só o seu bem
Sempre pela madrugada
Vendo a família esgotada
Dão uma dose mais forte
Então melhora o doente
A família sai contente
E era a melhora da morte.

É preciso ter ciência
Que o corpo é emprestado
Quando não tem condições
De ser bem utilizado
Então vai ser devolvido
É a lei de Deus sempre forte
Por isso eu lembro a esse mundo
Melhora de moribundo
Foi a melhora da morte!

1 comentários:

Muito bom o texto.
Parabéns e obrigado.

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