(Poeta itaporanguense Merlânio Maia- enviado por Reynollds)
Dizem que o rio quando chega
Nas redondezas do mar
Teme e treme de incerteza
De sumir , de se acabar
De deixar de existir
Mas não pode mais voltar.
Só permanece seguindo
Vai seguindo sem parar
E o temor vai aumentando
E ele começa a lembrar
Da sua humilde nascente
Do olho d´água a brotar.
Do primeiro animalzinho
Que a sede vai saciar
E da grande alegria
De ter podido ajudar
E do seu pedido mudo
De mais crescer para mais dar
Sentiu que Deus escutara
E o fez crescer sem parar
Transbordar, sulcar a terra
Na ânsia de conquistar
Logo em riacho cantante
Iria se transformar.
Quando esse seu caminho
Pedras queriam barrar
Calava, amava e crescia
Crescia até transbordar
Crescendo e aprendendo
Caminha sem parar.
E sentiu felicidade
Vendo tudo se aproximar
Tanto peixe vivendo
Tanto animal a banhar
Viu o homem canalizando
Sua força pra irrigar.
Viu que Deus mais o enchia
Quanto mais tinha pra dar
E quanto mais se doava
Mais crescia sem parar
Outros veios desaguavam
E em rio viu-se transformar.
Viu cidade se formarem
Pra dele se saciar
Viu o homem utilizá-lo
Até pra se transportar
Sentia a felicidade
Em si também desaguar.
Ajudou plantas e bichos
Viveu pra dessedentar
Enfim ajudou o homem
A progredir sem parar
Alimentou e serviu
No seu caminho pra o mar.
E agora que ao oceano
Já podia divisar
O medo se apossava
A cada aproximar
Mais velos na correnteza
Não pode mais voltar
E docemente se entrega
Deixa-se ali desaguar
E agora sente mais vida
Sente a força lhe tomar
É uma força infinita
Que não tem como explicar.
E quanto mais se entrega
Começa a se transformar
Não sente a prisão das margens
Sente uma sem fim lhe tomar
Sente-se o próprio gigante
Morreu rio renasce mar.
Quem se apega ao caminho
Não percorre o caminhar
A vida é uma aventura
É um grande desaguar
Nascer, crescer e renascer
Como o rio buscando o mar.
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