sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Artistas do semiárido paraibano debatem criação de rede cultural

Encontro vai reunir 169 contemplados no edital Microprojetos Mais Cultura, primeiro do Ministério da Cultura para a região

O que o clássico “Águas de Março”, de Tom Jobim, tem a ver com o sertão paraibano? A música ilustra um videoclipe – disponível no site YouTube – do entardecer no açude Estevam Marinho, município de Coremas. São belas imagens feitas pelo jovem Kennel Rógis, de 21 anos, estudante de Administração, cujo desejo, porém, é ser cineasta. Ele concorreu ao edital Microprojetos Mais Cultura do Semiárido e foi selecionado com o projeto “Travessias”: um dos 169 contemplados pelo Ministério da Cultura no estado da Paraíba.

Na quinta-feira (dia 9), a partir das 9h, responsáveis por estes projetos paraibanos têm encontro marcado com representantes do MinC no Centro Cultural Banco do Nordeste da cidade de Sousa. O objetivo é discutir a melhor forma de construir uma rede de comunicações para que esses projetos possam permanecer em contato. Outro foco é a troca de experiências entre as pessoas presentes no evento.

Encontros entre iniciativas premiadas pelo Microprojetos Mais Cultura do Semiárido acontecem nos 11 estados que formam a região. O primeiro foi em Sergipe, em junho deste ano. Também Bahia, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte e Alagoas já trocaram experiências. O edital selecionou 1.185 projetos, com investimento superior a R$ 13 milhões.

Mar de água doce – O clipe que usa a música “Águas de Março” mostra um entardecer poético na visão de Kennel Rógis. É com essa mesma linguagem que ele pretende utilizar na produção do curta-metragem “Travessia”. “Minha cidade [Coremas] tem uma peculiaridade muito especial: o açude Estevam Marinho que se destaca como o oásis do sertão paraibano, não só pela sua beleza e imensidão, mas também pelo potencial de piscicultura nele presente”, explicou Kennel. “Muitas pessoas tiram seu sustento ou estão de alguma forma ligadas às águas do nosso reservatório. Daí surgiu a ideia de documentar isso num curta-metragem”.

O jovem cineasta amador vai contar essa história por meio da agricultora Dona Teresa, do pescador “seu” Zé Nilton e da estudante Jaqueline. “O filme tenta acompanhar um pouco da vida dos personagens que precisam atravessar o “mar do sertão” para sobreviver (não veja isso como sacrifício, a travessia faz parte deles, é física, mas é também de tempo, há pessoas que atravessam o reservatório desde que nasceram). É gente de sangue forte, batalhadora!”. Com o dinheiro do prêmio, Kennel vai poder contratar pessoas para ajudá-lo na produção e promover a exibição de “Travessia” pelo município de Coremas. “Isso pode contribuir para que os moradores valorizem mais a cultura local, seu povo, sua história”.

Outras histórias – A poesia também marca o projeto “Obra Literária de Poetas Populares Regionais”, coordenado pela Fundação José Francisco de Sousa, no município de Itaporanga, que fica no Vale do Piancó, Alto Sertão da Paraíba. José Francisco disse que há quatro anos foi realizado um concurso de poesias que reuniu pessoas de todo o Vale. “Desde então, iniciamos uma luta para a publicação dos 16 melhores trabalhos, o que só foi possível quatro anos depois graças ao Microprojetos Mais Cultura. O resultado foi o livro ‘Vale: Rimas e Reflexões’”.

José Francisco informou ainda que o livro lançado no dia 25 de junho deste ano foi distribuído gratuitamente em Pontos de Leitura, nas bibliotecas públicas e nas escolas do Vale do Piancó. “O livro estimulou e valorizou os artistas literários regionais, além de oferecer ao público e a escola oportunidade de conhecer seus próprios valores artísticos”. Agora José Francisco quer fazer um concurso de repentistas e mais um de poesias. Estes são outros sonhos que ele certamente vai trabalhar para concretizá-los.

Serviço: Encontros Microprojetos Mais Cultura do Semiárido - Paraíba

Quando: quinta-feira, 9 de setembro, das 9h às 18h

Onde: cidade de Sousa/PB, no Centro Cultural Banco do Nordeste, Rua Cel. José Gomes de Sá, 07, Centro

Mais informações: comunicação SAI/MinC (61) 2024-2325/2335

Olha a Fundação José Francisco de Sousa (Folha do Vale) aí gente! - PARABÉNS!


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