terça-feira, 8 de março de 2011

Oito de Março e dois velhos problemas da mulher regional: pobreza e violência doméstica

Sem qualificação profissional para entrar no mercado de trabalho, a maioria das mulheres regionais ainda depende economicamente do companheiro para sobreviver e criar os filhos, e essa submissão é uma das causas da gritante violência doméstica no Vale.


Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, uma triste constatação: A maior parte das ocorrências policiais no Vale está relacionada à violência doméstica, conforme apurou a reportagem da Folha.Todo mês pelo menos 15 novos inquéritos são instaurados na região para apurar agressão física contra mulheres, vítimas de seus próprios companheiros, maridos ou namorados. Mas esses números contam apenas os casos que chegam ao conhecimento policial: os próprios delegados regionais estimam que a maioria das mulheres vítimas de agressão dentro ou fora de casa não procura a polícia. O medo de represália ou o temor de que os filhos possam passar dificuldades com a prisão do homem, geralmente o único sustentáculo econômico da família, ainda é uma barreira que impede a mulher de chegar à delegacia.

Sem renda própria e sem apoio do poder público, que instituiu a lei Maria da Penha, mas não deu condições estruturais para que ela fosse integralmente cumprida (faltam abrigo feminino e atendimento psicológico e social), a maioria das mulheres agredidas permanece sofrendo calada. O alcoolismo, machismo e ciúmes são as causas mais comuns da violência doméstica. Outro drama enfrenta as mulheres abandonadas pelos companheiros e mães solteiras: sem trabalho e sem qualificação profissional, muitas buscam na prostituição ou no subemprego o sustento dos filhos.

O Vale é uma região predominantemente feminina: aqui são 1.727 mulheres a mais do que homens. Elas representam 50,55% da população regional. Considerando os 20 municípios, são 78.232 mulheres e 76.506 homens, o que totaliza um quantitativo populacional no Vale de 154.737 habitantes, conforme os números finais do censo demográfico 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A distribuição de homens e mulheres por número de municípios mostra um equilíbrio entre os habitantes masculino e feminino: na metade dos municípios, ou seja, em dez unidades municipais, as mulheres são maioria da população, e na somatória geral, considerando todo o quantitativo de habitantes do Vale, também há mais mulheres do que homens. Os municípios com maior população feminina são Piancó, Itaporanga, Conceição, Coremas, Santana dos Garrotes, Olho D’água, Nova Olinda, Igaracy, Pedra Branca e Aguiar. Mas o grande campeão é Piancó: 52,23% dos seus habitantes são do sexo feminino. O município piancoense tem 8.077 mulheres, 689 a mais que homens. Depois de Piancó, proporcionalmente, os dois outros municípios campeões de mulheres são Santana dos Garrotes (51,67%) e Coremas (51,03%). Em quantitativo numérico, Itaporanga é o segundo colocado, com 411 mulheres a mais do que homens. Já a maior população masculina está concentrada, proporcionalmente, em Curral Velho: lá 52,1% dos habitantes são do sexo masculino. O segundo município com a população mais masculinizada é Santa Inês: 51,51%.  

Foto (Sousa Neto - centro de Itaporanga): mulher arranca do lixo a sobrevivência.

Vejam a população por gênero e localização:

Aguiar
(homens 2.706; mulheres 2.824; urbana 2.701; rural 2829).
Boa Ventura (homens 2.899; mulheres 2.852; urbana 3.522; rural 2.229).
Catingueira (homens 2.413; mulheres 2399; urbana 2.884; rural 1.928).
Conceição (homens 9.121; mulheres 9.245; urbana 11.436; rural 6.930).
Coremas (homens 7.419; mulheres 7.730; urbana 11.419; rural 3.730).
Curral Velho (homens 1.305; mulheres 1.200; urbana 1.410; rural 1.095).
Diamante (homens 3.331; mulheres 3.285; urbana 3.818; rural 2.798).
Emas (homens 1.673; mulheres 1.644; urbana 3.686; rural 2.345).
Ibiara (homens 3.035; mulheres 2.996; urbana 3.686; 2.345 rural ).
Igaracy (homens 3.018; mulheres 3.138; urbana 4.121; rural 2.035).
Itaporanga (homens 11. 392; mulheres 11.803; urbana 17.632; rural 5.563).
Nova Olinda (homens 3.019; mulheres 3.051; urbana 3.227; rural 2.843).
Olho D’água (homens 3.352; mulheres 3.579; urbana 3.868; rural 3.063).
Pedra Branca (homens 1.847; mulheres 1.874; urbana 2.365; rural 1.356).
Piancó (homens 7.388; mulheres 8.077; população urbana 11.278; rural 4.187).
Santa Inês (homens 1.823; mulheres 1.716; urbana 1.430; rural 2.109).
Santana de Mangueira (homens 2.698; mulheres 2.634; urbana 2.232; rural 3.100).
Santana dos Garrotes (homens 3.512; mulheres 3.754; urbana 3.736; rural 3.530).
São José de Caiana (homens 3.052; mulheres 2.958; urbana 2.729; rural 3.281).
Serra Grande (homens 1.502; mulheres 1.473; urbana 1.776; rural 1.199).
Folha do Vale

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