domingo, 10 de julho de 2011

A RESPOSTA DO ELEITOR


Autores, J. Sousa e Chico Pedrosa

 Um dia eu tava sentado
Na calçada do meu lar
Quando certo candidato
Veio me cumprimentar
Ele pediu o meu voto
E em seguida uma foto
Entregou logo pra mim
Foi quando eu me levantei
E para ele falei
desse jeito mesmo assim,
 
Seu doutor, faz quatro anos,
Que o senhor pisou aqui
Das coisas que prometeu
Ainda não esquecí,
Minha família, ouviu,
Quando o senhor garantiu
Que aqui ia voltar
Porém, pelo o que eu noto,
Voltou pra pedir meu voto
Mas ouça o o que eu vou falar.
 
Seu doutor, eu sou um homem
Acostumado a votar,
A votar sempre em vocês
Só para vocês ganhar
Mas vou mudar, seu doutor,
Não com raiva do senhor
Nem para lhe atrapalhar,
Lhe digo sem pabulagem,
É porque não tem vantagem
Essa hitória de votar.
 
Vantagem tem pra vocês
Que só aparece aqui
Quando é pra pedir voto,
Nos enganar e mentir
Dizer que quando ganhar
Tudo aqui vai melhorar
Na terra que a gente mora,
Mas quando passa a campanha
Que a eleição vocês ganha
Dão no pé e vão embora.
Faz a gente acreditar
Em mentira e promessa,
Confiar nos seus discursos
Com blá, blá, blá e conversa,
Quando é ano de eleição
É tanto santo no chão
Aqui na terra da gente
Que chega parece um céu
Mas quando passa o tendéu
Fica tudo diferente.
 
Pra pedir o nosso voto
Vocês conhecem a gente
Pôe o braço em nosso ombro,
Nos cumprimenta contente
Mas depois da eleição
Não nos conhecem mais não
Nos trata como tranqueira
Nem olha nossa morada
E se nos vê na estrada
Deixa comendo poeira.

  O senhor logo se esquece
Das coisas que prometeu,
E os eleitores bestas
Ficam tudo como eu
Mais uma vez iludidos,
Sofrendo e desasistidos
Só olhando pra estrada,
Me acredite você
Que só agora eu vim vê
Que voto não vale nada.
 
Se tivesse algum valor
A coisa era diferente
E o pobre do eleitor
Não vivia descontente
Como está vivendo agora
Cadê a tal da melhora
Que disseram que ia ter
Casa pra gente morar,
Terra pra o pobre plantar,
Onde tá? nós quer saber.
 
Já que nem eu, seu doutor,
Nem meu voto vale nada
Para votar no senhor
Não dou mais uma passada
Porque antes sou querido,
Mas depois sou esquecido
Feito um bicho sem ter nome,
O senhor não passa mais
Nem perto da minha porta
Finalmente, nem se importa
Que eu morra até de fome.
 
Vai gozar suas delícias
No poder da governaça
E o pobre que votou,
Votou com tanta esperança
De uma melhora na vida
Mas a esperança é perdida
E ele decepcionado
Fica só na desavença
De vocês por recompensa
Ganha um cotôco afiado.
Pra quem se acha enganado
isso é triste, seu doutor
Por que vocês fazem isso
Com o pobre do eleitor?
Hora, minuto e segundo
Prometendo mundo e fundo
Com gesto de enganador,
Se não tem nada disponha,
Mas não mate de vergonha
Quem confiou no senhor.
 
Seu doutor, de hoje em diante,
Vou lhe ouvir muito pouco
Propaganda na TV,
Eu não assisto nem louco
Carro de som e comício,
Vou fazer um sacrifício
De não chegar mais nem perto,
Votar pra que, seu doutor?
Se eu já sei que o senhor
Só quer meu voto, isso é certo?

  Pra terminar a conversa
Que está comprida demais
Seu doutor, vou lhe dizer
Minhas palavras finais,
Já que eu vivo sofrendo,
Você subindo, eu descendo,
Queira portanto me ouvir
Enquanto vida eu tiver
Nem eu, nem filho e nem mulher
Vota pra o senhor subir!

0 comentários:

Postar um comentário