quinta-feira, 8 de julho de 2010

" OS TROMBONES ESTÃO VIVOS "



“OS TROMBONES ESTAO VIVOS”
(Reynollds Augusto)





O meu amigo e irmão Herculano Pereira me pediu que eu “escrevinhasse” algo que pudesse preencher um pouco o vazio que foi deixado pelo desencarne ou morte dos nossos conterrâneos vitimados, em data bem próxima, quando de seus deslocamentos para a Rainha do Vale à festividade religiosa da “mãe de todos nós”. Tudo isso para tentar encontrar uma explicação plausível para os amigos e famílias que sofrem e isso na visão espírita. Tentarei ficar adstrito a Radegundes, por tê-lo conhecido mais proximamente, mesmo sem a intimidade dos amigos e cuja idéia serve para todos os outros. O nobre advogado, escritor e primo Demir Cabral foi quem instigou tal dúvida.

Antes, porém, relembro com saudades na então Rua Pedro Américo, quando criança, aqueles sons mágicos do trombonista Radegundes Feitosa e a família de músicos que ele fazia parte como, o saudoso Pai “Costa” e os irmãos do astro itaporanguense, “Bobó” e “Costinha”, que sempre alegraram a nossa cidade, com seus perfeitos acordes, nas festas tradicionais de Itaporanga...

Uma lembrança repentina que me veio agora à mente foi a dos encontros nos finais de semana que realizávamos na avenida Getúlio Vargas em que o ponto de partida sempre acontecia na farmácia de Dona Carmosa, mãe da minha grande amiga Gardênia, que por sua vez era prima de Radegundes. Costinha, irmão de músico, sempre se encontrava para namorar com uma das mais belas garotas de Itaporanga, a filha de Cesar Conserva, Solange, que no dizer do escritor Paulo Conserva era (é) um misto de Sol e Anjo. A sua partida à época também gerou uma comoção geral. E veio aquela velha pergunta: Por quê?

Lembro-me que sempre usava um cabo de vassouras, sob protesto de minha mãe, e juntamente com a molecada da Rua Pedro Américo descíamos as ruas de Itaporanga com a nossa banda de moleques improvisada imitando os artistas. E haja lata de doce para fazer os taróis e haja caixa de papelão para fazer bumbos, como também sementes de arroz em latas de óleo para fazer barulho . Bons tempos aqueles que estão no éter da vida e nos resquícios sentimentais da alma. Aliás, o passado foi o presente que ficou e está eternizado no futuro que virá.

Mas, como explicar esse tipo de morte que surge assim, de repente?

Na verdade não existe morte de repente e estamos todos os dias gastando o “quantum” vital de energia que nos foi concedido por Deus para estarmos aqui e por conta disso “morremos” todos os dias e sequer nos damos conta disso e estamos na contagem regressiva. Por vezes e devido as nossas escolhas erradas, gastamos mais rapidamente essa energia e muito mal, voltando mais cedo para a pátria espiritual. Por outras vezes a morte é uma programação de vida pessoal de cada um para que haja o seu devido ajustamento às leis de Deus, pois ninguém foge à jurisdição divina. De outra sorte é pura imprudência e irresponsabilidade. Mas morrer é apenas mudar de lugar.

Não podemos explicar com precisão os motivos que levaram tais espíritos a desencarnarem naquelas condições e isso só Deus o faria. Até os espíritos iluminados que responderam as perguntas feitas pelo mestre Lionês em muitos momentos nos disseram que não sabiam responder algumas perguntas formuladas pelo professor, pois que tais conhecimentos estavam na esfera divina. Nem eles sabem de tudo e tem uns que sabem menos que nós

O fato é que “morrer” não é tão triste assim, pois é nesse momento que o espírito se liberta para continuar vivendo na verdadeira vida. A nossa cultura religiosa, o nosso atavismo consciente e inconsciente é que pintou a morte como algo trágico e macabro e ela nos parece ser o pior dos acontecimentos, tendo em vista não termos aprendido ainda o que é a vida. Não sabemos o que é a morte e por isso não aprendemos a viver bem.

Não vamos tentar encontrar razões para a morte porquê a razão maior é que ela é uma etapa da vida. Assim que nascemos começamos a “morrer” e o que mais nos interessa é procurar as explicações mais racionais, mesmo que elas não consigam satisfazer a todos. A Doutrina espírita tem algumas explicações bem lógicas para essa questão e posso indicar O LIVRO DOS ESPÍRITOS que contém perguntas e respostas sobre as grandes dúvidas da vida. Perguntas feitas por um intelectual e que era descrente em Deus e respostas fornecidas pelos espíritos de escol sobre a vida e a morte.

Os espíritos dizem que a separação da alma do corpo não é dolorosa e que o corpo sofre sempre mais durante a vida do que no momento da morte; a alma nenhuma parte toma nisso. O organismo tem mecanismos naturais para levar o corpo à inconsciência nas horas mais difíceis e o sofrimento que de alguma forma o espírito experimenta no instante da morte se torna um gozo que com o desencarne vê chegar o termo no seu exílio e acrescenta que “na agonia, a alma, algumas vezes, já tem deixado o corpo existindo nada mais há do que a vida orgânica”. ( questões 154 e 156 de OLE)

Há um tempo atrás experimentei esse fenômeno, só que no meu caso foi de quase morte. Sofri uma grande pancada na cabeça que me arrancou fragmentos de ossos do lado direito, quando voltava de Sousa e de moto, na estrada que liga Coremas a Piancó e fiquei horas a fio desarcordado, com um rombo na testa, sangrando e quase sem respirar. Sabe aqueles milagres que as pessoas falam, mas que na realidade se tratava de uma experiência necessária para minha evolução, pois milagre é derrogação das leis de Deus e ele não derroga as suas leis. O fato é que eu tinha tudo para “morrer ”e não morri. Do episódio não lembro conscientemente de quase nada. Se você quiser que faça uma descrição do mundo espiritual eu te relato em detalhes que um descrente ou materialista diria que eu estou tresvariando e que a pancada prejudicou a minha razão; mas do acidente, da dor, da quase morte pouco me lembro. Eu até brinco com os amigos afirmando que todo ser humano deveria pelo menos uma vez na vida experimentar um estado de coma. “É legal!” Você volta mais “gente” e deixa as ilusões de lado e em alguns dias passa por uma transformação interior que levaria décadas para acontecer. É um “curso” pessoal de vida que realmente faz a diferença.

Os nossos amigos trombones continuam vivos e agora com mais liberdade para se aperfeiçoar na música no plano espiritual, pois não estão presos as amarras do corpo físico. A volta pode ter sido até dura e inesperada e só Deus sabe por que teriam que retornar naquelas condições, mas o fato é que eles vivem e esperam por nós no dia certo de cada um para o reencontro festivo que logo se dará, apesar de termos a sensação de que não. É puro engano. O tempo: presente, passado e futuro é uma grande mentira, segundo Einstein (1879-1955) em uma de suas teorias, muito lógica por sinal.

Lembremos dos nossos artistas com alegria e formulemos pensamentos de força e paz que eles recebem, com certeza. Esse é o telefone do coração e não se engane que vez por outra eles estão aqui visitando os seus, por que ninguém é de ferro e a saudade faz doer. Muitas vezes vocês sentirão as suas presenças, pois a vida não tem fim e “morte” só à do corpo físico que dia a dia se despede das ilusões deste mundo.

PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.


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