terça-feira, 27 de novembro de 2012

O risinho da ministra e a fé do nordestino


Espera-se que, se um dia a ministra Miriam Belchior, do Planejamento, visitar a Paraíba, seja levada a um passeio pelas brenhas do cariri ou pelos serrotes do sertão, para que ela possa avaliar, ao vivo e a cores, a fé do povo nordestino. Será melhor para ela. A partir daí a ministra falará sobre a fé do nosso povo com mais segurança, sem se prender apenas a teorias de gabinetes, terá visto de perto o tamanho da dita cuja e, com certeza, será menos ironica quando se referir ao drama da seca.

No Jornal Nacional desta segunda-feira, a ministra riu com o canto da boca ao responder pergunta sobre a paralisação das obras do velho Chico. "Aquele pessoal tem fé", respondeu ela referindo-se ao povo nordestino, com aquele risinho de sulista (e eu chamo sulista todos aqueles que moram da Bahia pra lá). Deu uma resposta própria de quem está se lixando para a falta de água, de comida e de esperança nessa região que foi, recentemente, responsável pela vitória de sua chefa, presidente Dilma, outra que está cagando para o problema do Nordeste.

Que a ministra venha e seja bem recebida. Mas que sua recepçào não se limite apenas aos rapapés do Palácio da Redenção ou ao aconchego da Granja Santana. Botem ela na carroceria de um caminhão queixo duro, de feixe de molas, dos que saltam feito canguru ao menor catabio, de modo que chegue ao sertão toda estropiada, com os quartos doendo, o furico assado, aquelas bochechas brancas ardendo pelo fogaréu e que passe três dias dentro da caatinga, levando ferroada de mutuca, de formiga saúva e de mosquito remelento, para aprender a respeitar o nordestino.
Tião Lucena

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