quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Espaço do Leitor - A Farsa

.

A farsa

Lendo a carta de um leitor da cidade de Patos na sessão de um jornal local intitulada “Imprudência”, quando ele diz que o número de acidentes de trânsito com vítimas envolvendo jovens no país é uma questão a ser pensada pela sociedade, fiquei a refletir lembrando do que aconteceu comigo dias atrás e começo a crer que ele está totalmente certo. Quando ele se pergunta “Será que estes jovens estão realmente prontos para assumirem o volante e sair pelas estradas”? Será que as leis do Código Brasileiro de Trânsito estão sendo cumpridas?

Tomo a liberdade de dizer que talvez não, que não só os jovens como também muitos adultos não estejam tão bem preparados para assumir a direção de um volante pelo que constatei ao ver a maneira como acontecem os exames para se conseguir uma habilitação ou mesmo uma renovação de habilitação de motorista.

Dias atrás, fui abordada em uma blitz de trânsito e fiquei surpresa ao ser informada que a minha carteira havia vencido há um ano atrás. Fiquei constrangida com a atitude do policial do trânsito que me levou a “suborná-lo” ao me pedir dinheiro para que fosse liberada, quando a minha vontade mesmo era sair dali e denunciá-lo para as autoridades competentes, mas, pensando melhor vi que seria mais viável aceitar o constrangimento e seguir em frente.

No dia seguinte dirigi-me à Casa da Cidadania a fim de providenciar a renovação de minha carteira de motorista. Fui informada de que faria um exame de vista e também uma prova de conhecimentos gerais sobre o trânsito e primeiros socorros. Até aí tudo bem. O exame não durou mais que alguns segundos e fui informada que estava “apta a dirigir”. O médico pediu que esperássemos alguns minutos que logo após faríamos a prova de Trânsito e primeiros socorros. Eu perguntei-lhe como faria essa prova se não tinha estudado nada. Ele respondeu que não me preocupasse, pois, pelo que ele sabia ninguém, até aquela data, tinha sido reprovado. Então, resolvi arriscar confiando nos meus mais de trinta anos de direção. Após alguns minutos, apareceu o encarregado com as provas na mão e explicando para todos que ela constava de 30 questões e que ninguém passasse as respostas para o gabarito antes que ele as corrigisse.

Aquilo me deixou intrigada. Foi então que entendi a explicação do médico. Fizemos as provas e, uma a um, esperávamos que o funcionário as corrigisse. À minha frente, percebi que as provas de duas pessoas estavam totalmente erradas e o funcionário ia fazendo um círculo nas questões, depois pediu que eles passassem para o gabarito. Aquilo me deixou indignada e apreensiva. Então entendi tudo. Por isso que todos passavam nas provas. Que incoerência! Meu Deus! Que farsa! Que desfaçatez! Como é que pode? Em que país estamos? Talvez aí esteja a explicação para o número de acidentes no trânsito. Pessoas totalmente incapacitadas estão aí “habilitadas” a dirigir. Pode? Pois é...Pode. Pode tanto, que é só o que lemos nos jornais todos os dias. Mortes e mais mortes no trânsito e talvez muitas delas causadas por estas pessoas incapacitadas e insensíveis. É por este motivo que concordo com Jocélio Guedes, o leitor de Patos, quando ele diz que as autoridades competentes devem ficar atentas. É preciso que haja mais rigor sim, tanto para com os testes de habilitação como para o cumprimento das leis de trânsito, do contrário, vamos continuar lendo, por muito tempo ainda, notícias de mortes de muitas pessoas inocentes.

Valéria Xavier Nunes, de Campina Grande

0 comentários:

Postar um comentário