terça-feira, 17 de abril de 2012

BANCO DE FEIRA

BANCO DE FEIRA
Feira do Interior.jpg
Autor, Carlos Aires

Áudio do poema



Nessa vida viajante
Declamando poesia
Num lugarzinho distante
Eu Cheguei um certo dia
Para uma apresentação
E antes da preparação
Do palco para a brincadeira
Eu saí perambulanado
Pela rua observando
O movimento da feira.

A feira era pequenina
Como todas do sertão
Porém olhei pra uma esquina
Que me chamou atenção
Quando um banco incrementado
Estava ali instalado
Cheio de mercadoria
E assim com muita classe
De tudo que procurasse
Naquele banco vendia.

Eu de perto observava
Pra fazer a narração
E também examinar
Pra que tivesse noção
De todo esse disparate
No banco tinha alicate,
Prego, martelo, ponteira,
Pião, badoque, chocalho,
Pimento do reino, alho,
Foice, enxada e baladeira.

Tinha corda de laçar
Espora, sela e gibão
Pote, gamela, alguidar
Machado, ansilo, facão,
Sapolho pra lavar prato
Tinha remédio pra rato
Chicote e chapéu de couro
Feijão de corda, pimenta
Óstia, terço e água benta
Anel e cordão de ouro.

Vassoura, cabo de enxada
Caco de torrar café
Rapadura, arroz, cocada
Rosário de catolé,
Roupa de mescla e de linho,
Gaiola pra passarinho,
Bucha e barra de sabão,
Cavalo de pau, cariinho
Urupema, cana, vinho
Cangalha e carro de mão.

Chá de toda qualidade
Para curar qualque mal
E nessa variedade
Tempero, colher de pau
Remédio para coceira
Babosa, erva cidreira
Erva doce, capim santo,
Estando contaminado
Tinha oração pra olhado
Pra feitiço e pra quebranto.

Ví ralo pra ralar milho,
Balaio e caçuá
Goma pra fazer sequilho,
Tapioca e munguzá,
Broa, bolacha, banana,
Garapa, caldo de cana,
Gergelim e grão de bico
Blusa, sutiã, calcinha
Cueca, calsa, tanguinha
Absorvente e pinico.

Tinha loção pra cabelo,
Pente, ataca e marrafa
suco com raspa de gelo
Bola, jereré, tarrafa,
Remédio pra dor de dente
E mordida de serpente
Es acaso fosse atacada
A vaca, a cabra a galinha
Lá no banco também tinha
Uma corrêia furada.

Porém eu fiquei pasmado
E vou relatar o assunto
Quando alguém disse: Seu Naldo,
Vende caixão de defunto?
Ele disse não vendia,
Mas depende da quantia
Que eu resolvo isso ligeiro,
Se o seu caso é urgente
Eu ierei rapidamente
Contratar o macineiro.

Daquele dia em diante
Seu Naldo firmou contrato
Com o macineiro e garante
Não faltar esse artefato
Pra comercializar
Se acaso alguém precisar
Dessa mala de madeira
Pra partir pra eternidade
Vai encontrar na verdade
Naquele banco de feira.

Fim de feira - Na feira não falta nada

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