sábado, 7 de março de 2009

Conselhos Tutelares de Itaporanga e Piancó sem condições de trabalho

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Duas das maiores cidades do Vale têm problemas comuns quando se refere à questão da infância e adolescência. Em Piancó e Itaporanga, os problemas que afetam crianças e jovens são graves e freqüentes.

A violência física, moral e sexual contra meninos e meninas é um dos piores dramas, conforme membros dos Conselhos Tutelares dos dois municípios.

A maior parte dos casos ocorre dentro de casa e é praticada pelos próprios familiares ou pessoas de confiança da vítima. Crimes entre quatro paredes e que, muitas vezes, não chegam ao conhecimento das autoridades se não for pela denúncia de visinhos ou pelo trabalho investigativo dos órgãos que trabalham diretamente com a infância.

Esses crimes são mais freqüentes em residências cujas famílias são degradadas pelo alcoolismo e pela miséria. Para as pobres e indefesas crianças que habitam esse ambiente hostil e desregrado moralmente, a violência não se manifesta apenas nas pancadas e abusos, mas também na falta de comida, na doença que não é tratada, no abandono.

O abandono e a violência contra a criança acarretam sérios problemas para o futuro de toda a sociedade: o furto, o assalto, o tráfico, o seqüestro e muitos outros crimes são o resultado da falta de investimento educacional e moral em nossas crianças e jovens.

Problemas que só serão resolvidos quando as condições de vida das famílias carentes forem melhoradas, mas que podem ser amenizados pela ação dos órgãos públicos, a exemplo dos Conselhos Tutelares. Mas falta condições logísticas e estrutura para que os conselheiros tutelares desenvolvam seu trabalho. Em Piancó, por exemplo, o pagamento dos cinco membros titulares do Conselho Tutelar local está atrasado. Eles ganham um salário mínimo mensal, mas estão sem receber dois meses.

“Tem conselheiro que diz que não vai mais nem trabalhar porque não está recebendo o salário, mas o caso já foi levado à Promotora de Justiça”, diz um integrante do Conselho que pediu para não ser identificado. O atraso salarial não é o único problema. O Conselho Tutelar de Piancó é hoje uma sala vazia: não tem telefone nem computador e falta, principalmente, transporte para as diligências.

Em Itaporanga, a situação do Conselho Tutelar é menos ruim, mas ainda está longe do ideal. O Conselho local funciona em uma sala da Prefeitura e está equipado com telefone e computador, mas a principal ferramenta de trabalho foi tirada dos conselheiros: o carro adquirido pelo órgão tutelar no governo passado foi recolhido pelo prefeito atual. “Não há condições da gente fazer um bom trabalho sem um carro permanentemente ao nosso dispor, porque as ocorrências são diárias, sendo preciso, em muitos casos, o resgate ou transporte de crianças. A cidade é grande e muitas vezes, também, é preciso nos deslocarmos para a zona rural”, enfatiza um dos conselheiros de Itaporanga, ao narrar que recentemente precisou de um carro para transportar uma criança para tratamento psicológico em Piancó e terminou passando por constrangimento dentro da Prefeitura de Itaporanga. “Saí envergonhado e sem o carro”.
Folha do Vale

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