quinta-feira, 5 de março de 2009

Do Ovo à Borboleta

Por Jesus Soares da Fonseca

Eu já escrevi neste veículo de comunicação sobre a trajetória do Padre Aldo Pagotto, aqui em Fortaleza, quando anos atrás, por baixo da humildade de um bom pastor, talvez já sonhasse com os degraus mais altos da hierarquia da Igreja Católica.

A lagarta, depois de laborioso e eficiente trabalho, em proveito próprio, fixa-se de cabeça para baixo em alguma parte da árvore que lhe deu guarida durante esta fase, muda a membrana externa de seu corpo, fia um casulo e se transforma na crisálida ou pupa. Dentro desta crisálida há um violento processo, onde grande parte dos tecidos da lagarta se dissolve para surgir a borboleta.
É o momento em que a crisálida vai, gradativamente, ficando transparente, surgindo, assim, as cores do novo inseto, a borboleta, que após alguns instantes de seu ressurgimento, alça vôo, majestosa. Aliás, esta metamorfose é o tema da dor de cabeça daqueles que defendem a teoria de Darwin, ou seja, do ovo até chegar à imponente borboleta, aparecem dois animais completamente distintos em forma e concepção de vida. Mas atemos ao nosso assunto.

Alcançado o objetivo, diga-se de passagem, com mérito pelo seu grande desempenho como sacerdote, nos bairros da Capital Alencarina, o agora Dom Aldo deixa de lado a humildade e emerge como uma majestosa borboleta esquecendo-se do outro ser destituído de qualquer tipo de empáfia que lhe deu origem.
Mas também, pudera, assim como os tecidos da lagarta, em estágio de metamorfose, seus sentimentos de Padre se dissolveram, sofreram consubstancial transformação para dar origem ao Príncipe da Igreja.

Nomeado Arcebispo para a Cátedra de Dom Moisés Coelho, Dom Pagotto, advindo de sua primeira Diocese, a de Sobral, não quis ou se esqueceu de pesquisar acerca do Rebanho ao qual iria servir de Pastor. Como muitos desinformados que jamais foram à Paraíba e supõem que naquela parte do Brasil reine a incultura, o analfabetismo, Ele, talvez, tenha criado no seu inconsciente o espírito de superioridade intelectual.
Não lhe disseram ou não quis ouvir que a Paraíba pode ser atrasada, porque políticos desonestos há muito tempo não se esforçam para tirá-la do atraso, mas que o povo paraibano tem cultura, principalmente aonde Ele se instalou, João pessoa que é um verdadeiro celeiro de cultura, nas artes, na literatura, etc. A música não me deixa mentir. Ali por muitos anos, a Escola da Música, de onde sobressaia a Orquestra Sinfônica Paraibana, conseguia salvar muitos maestros advindos de outras plagas, principalmente, aqui do Ceará. Eles estão aí, a maioria viva, ainda, e agradecida à terra dos tabajaras. Hoje o Ceará é um dos maiores celeiros do Brasil, em música erudita, com orquestras sinfônicas, Coros, quartetos de cordas, etc, com o esforço de seus grandes maestros que puderam se aperfeiçoar lá na Capital das Acácias.

Se o Senhor, Dom Aldo, abrisse o olho esquerdo, não apenas, o direito, e andasse por onde a população anda, por certo iria descobrir, lá pelas bandas de Tambaú, uma casa de Cultura, palco de encontro dos cultos da Paraíba e da gente inteligente de sua Arquidiocese, principalmente, através de lançamento de obras literárias. Trata-se da Fundação Casa de Cultura Jose Américo de Almeida, que entre outras coisas, é um Centro de Pesquisas e Difusão cientificas, artística e Literária com objetivos finais de levar o saber a todos que ali comparecerem.

É uma homenagem justa e reconhecimento do Paraibano a um dos maiores Escritores desta Nação, que serviu e serve ainda como fonte de saber nas Escolas deste País, considerado que foi um dos maiores literatos do romance regionalista do Brasil, através de sua obra, A Bagaceira, com mais de trinta edições dentro do Brasil e traduzida para vários idiomas, como Espanhol, Inglês, Frances e até para o Esperanto.

Como Político, exerceu com grandeza, na Nação, cargos importantes, Deputado, Senador, Governador e como Ministro da Viação, no Governo Vargas, se destacou pelo combate à seca que assolou o Nordeste em 1932. Aqui mesmo em Fortaleza, no bairro do Cambeba, onde está o Palácio Governamental, o Grande Paraibano foi homenageado com um nome de uma das principais artérias daquele Bairro: AV MINISTRO JOSE AMERICO, CAMBEBA FORTALEZA-CE, CEP 60839-900, na qual se acha instalado o Tribunal de Justiça do Estado. Contudo, o Padre Aldo, não político como era, não teve oportunidade de chegar até ali.

Talvez Dom Aldo faça parte desta turma que acha que o Presidente da República deveria andar em um avião sem aparelho sanitário, sem cama, para dormir em suas viagens cansativas pelo mundo, em busca de tornar a Nação mais destacada no Cenário Internacional, como acontece neste momento e não nos “pic-nic” de outrora, sem sala de refeições, ou seja, o Presidente da Nação, segundo a ótica perversa dos desesperados, deveria fazer suas viagens numa sucateada aeronave que pudesse sofrer uma pane em plena travessia, ceifando assim a vida de autoridades máximas da Nação, satisfazendo a sanha assassina daqueles que vêem o Sonho de Voltar a Mamar nas Tetas Gordas do País, gradativamente, ficar mais distante. Eles sentem saudades de não poder usar mais da arrogância, tipo: “você sabe quem eu sou?”, “você sabe quem é minha família?”, e coisas cretinas do tipo.

Grande Lucas, você continua profeta! Realmente, o Arcebispo da Paraíba adquiriu uma camisa, não de sete varas, porque sua política é a mesma de Roma, mas lhe garanto que, pelo menos, uma de seis ele já veste, pois o povo Paraibano é Ilustre e Inteligente em sua grande maioria e sabe discernir, muito bem. Pelo que vejo, os caminhos do Prelado da Igreja não chegarão nem a Bayeux, como eu pensava, em outra matéria.

Um abraço

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