terça-feira, 17 de março de 2009

O PRECONCEITO É SEM NOME


Por Saulo em 17/3/2009

Gostei dos cortes que foram feitos, quando tentaram discriminar o Ricardo Pereira. Se ele é A ou B na escolha do sexo, ninguém tem nada haver com isto. Na realidade esse “Itaporanga Net” quer buscar valores e resgatar outros valores, na tentativa de mostrar a Itaporanga que ela tem filhos inteligentes, bravos, competentes sem negar que existem os que sempre serão subservientes e com o rabo preso, mas isso não tem nada haver com ser “gay” ou “preto” ou “anão” ou “pobre” ou “fanático por uma religião”.Exemplifiquemos:

A generalização é conhecida: “Os religiosos são cheios de preconceitos”. “Cuidado com religião!” Qual a razão dessa discriminação? Há um preconceito disseminado que vê “a religião” como artigo de perfumaria.” Uma espécie de “esquisitice” de alguns. Um gosto pessoal, que podemos respeitar por amor à liberdade. No entanto, toda pessoa instruída sabe que idéias religiosas não são nada científicas. Senti isso de perto nos anos de Universidade.

Por isso, na sociedade secular, humanista, que tem um pressuposto oposto ao da fé, particularmente do cristianismo, a religião é cuidadosamente vigiada. Por exemplo, os jornais e veículos de comunicação a ignoram. Não há uma coluna sobre religião. Não há espaço para religiosos, exceto se houver razões políticas. Todo tipo de ideologia merece espaço na educação formal, mas falar de religião é proibido: Não pode!

Uma outra generalização também muito conhecida é: “Esse porra é gay”, “Muito cuidado com ele”. Isso está se tornando um grande problema aqui no Brasil, em particular no Nordeste, como se o “gay” não tivesse massa cefálica e não raciocinasse. A União Européia tentou no final do século XIX extirpar a comunidade gay. Conseguir entrar em um país como “gay”, inclusive nos EUA e na Europa, seria expôr-se à mais vergonhosa humilhação. Jogadores de futebol que expressavam sua opção sexual como homossexual, simplesmente eram dispensados do clube.

E tantas outras generalizações que não levam para canto nenhum, eram expostas e o nosso Brasil foi acompanhando e como todo mundo sabe o maior de todos os preconceitos da nossa amada pátria é o racial.

Não existe qualquer curso sobre preconceitos nas universidades. Mesmo que mais de 90% do povo brasileiro se afirme não ter preconceito, isso é mentira. Até entre os religiosos há uma grande batalha para se chegar em algum lugar, mas o preconceito ali também é latente.

Por que será que isso acontece? De onde vem essa marginalização? A origem de tudo é histórico. De acordo com os estudos do século XIX, o preconceito deve ser visto como fenômeno irracional, uma espécie de etapa evolutiva inferior. Os positivistas, por exemplo, viam como o estágio ilógico da história humana. Achavam que era uma que não havia passado pelo crivo religioso e filosófico. A verdade, porém, é que o preconceito é uma das experiências tão idiota quanto idiotas foram os senhores coronéis e senhores feudais que o criaram. Nunca foi encontrado um só povo em toda a história humana que não tenha desenvolvido algum tipo de preconceito. Dessa forma, o preconceito tem sido considerado neurose ou fruto da ignorância. Os preconceituosos do século XIX, como os positivistas, ficariam perplexos diante do declínio do racionalismo e do ateísmo estéril e do crescimento do misticismo nas sociedades industrializadas de hoje, onde não há espaços.

Concluindo gostaria de dizer, que escritos que denigrem a imagem de alguém de forma preconceituosa, não leva a nada e nem a canto algum. Podemos criticar a forma errada de alguém exercer sua profissão, porque esse tipo de prática pode prejudicar a sociedade e até a humanidade, mas não se pode dizer que fulano de tal por ser negro, por albino, por ser galeguinho, por ser gay, por ser padre ou pastor não pode exercer determinada profissão.

Ricardo Pereira pode até estar no lugar errado, mas não por ser gay ou treteiro. É sempre bom saber distinguir o joio do trigo.
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