terça-feira, 19 de maio de 2009

De Mailson a Armínio! Assombração?

por Jesus Soares da Fonseca

João Batista Figueiredo foi um brilhante Aspirante, senão, o mais inteligente de sua turma na Escola de Cadetes. Na ativa, foi um excelente Oficial, tanto que galgou em pouco tempo o posto de General. No governo ditatorial foi designado para ser Presidente da Nação.
Mas sua vocação era militar e não política, razão porque não teve uma boa atuação à frente da Condução do País. Inteligente e possuidor de grande caráter, ao deixar o Posto Máximo da Nação, pediu ao povo que o esquecesse. Como político, o povo brasileiro atendeu, sim, sua solicitação, mas seria uma injustiça, esquecer sua brilhante carreira na área militar e, muito mais ainda, seu nobre gesto de reconhecimento por sua ineficácia na senda política.

Nos dias atuais, pelas Televisões, pelos Jornais, pelas Revistas, pela Mídia em geral, nós vemos senhores destituídos completamente daquela dignidade do General. Ex ministros que, no Comando da Batuta, deixaram a desejar, tidos como grandes economistas, e eu compreendo que sim, foram um verdadeiro fracasso à frente de suas Pastas. Bons oradores para os ouvintes e amantes da economia, faziam suas prédicas num linguajar peculiar de difícil “deglutição” pelo restante da população, tanto que, muitas vezes, no Senado quando expunham suas idéias,
o Senador Pedro Simon gostava de argüi-los com comentários do tipo: “Ministro, se o Senhor falasse em Português seria o ideal para todos nós e para o povo!”. O Brasil, na época? Andava a trancos e barrancos com uma economia rastejando, não só em termos de crescimento, mas no verdadeiro sentido da palavra, mitigando alguns trocados frente ao famigerado FMI que ditava suas normas na orientação da condução do País.

Pessoas, como Armínio Fraga e Mailson da Nóbrega deveriam olhar para o passado, fazerem uma análise consciente de suas atuações quando Ministros e se espelharem no gesto brioso de João Batista Figueiredo, para que o povo brasileiro tivesse uma lembrança deles, pelo menos, como técnicos em economia. Mas, estes dois moços, depois que a edificação está bem alicerçada e construída, surgem com suas opiniões um tanto quanto exóticas, como se o povo brasileiro sofresse de amnésia parcial.

Negar o conhecimento que ambos possuem, seria uma insanidade ou insensatez. Armínio Fraga, como faz em algumas de suas palestras, deveria levar aos jovens e futuros economistas o seu vasto conhecimento, como em setembro do ano passado na seção Voz da Experiência do Jornal o Globo, respondendo a perguntas feitas por alunos que desejam ingressar no ramo da economia.

Entretanto, o Presidente do Banco Central na gestão FHC continua com suas idéias neoliberais. Foi um ardoroso amante do “soberano deus em forma de mercado”. Na sua gestão ouve uma verdadeira orgia financeira com elevação de superávits primários, elevação de taxas de juros, sempre e sempre como ardente defensor dos interesses do mercado.
Defendeu a unhas e dentes as privatizações, sem contar que sempre desejou a redução do Papel do Estado, provocando arrocho do funcionalismo, cortes nos investimentos, demissões e tantas outras dessas pérfidas ”benesses” que assolaram o Governo de Fernando Henrique Cardoso.

Mailson da Nóbrega! Meu companheiro de sofrimento na Casa do Estudante da Paraíba, à Rua da Areia, em João Pessoa. Na época, pessoa humilde, inteligente, advinda de Cruz do Espírito Santo, brejo Paraibano, juntamente com seu irmão Milton Nóbrega.
Em 1963, minha Família foi morar em João Pessoa, proporcionando-me, assim, a saída do velho Casarão da Rua da Areia. Nesta mesma época Mailson deixava, também, aquela Casa, para assumir cargo no Banco do Brasil, na cidade de Cajazeiras. A última notícia que tive daquele Jovem inteligente, cinco ou seis anos depois, eu já como funcionário do BNB, é de que ele fora transferido com mérito para a Direção Geral do Banco do Brasil, sediada no Rio de Janeiro. Daí por diante, não mais ouvi notícias dele, até quando surgiu como Ministro da Fazenda, em 1988.

No seu comando, em 1989, foi instituído o fracassado Plano Verão. Como a crise inflacionária galopava à solta, apenas 1.000%, aa (um mil por cento ao ano) fruto de irresponsabilidades governamentais, até então, foi editada uma Lei que alterava o índice de rendimento das Cadernetas de Poupança e mais, o congelamento, não só dos preços, mas também, de nossos salários, do trabalhador brasileiro.
Foi criada, então, uma nova moeda, o Cruzado Novo e veja que, não sei se temeridade ou ousadia, atrelada à moeda Norte Americana, o Dólar. A OTN, que era um fator importante na correção monetária, foi extinta. Sabe o que ocorreu com tais medidas? Entre tantos malefícios, igualmente ao Plano Bresser, instituído pelo seu antecessor, Bresser Pereira, o Plano de Mailson provocou um desajuste enorme nas cadernetas de Poupança, com perda de algo em torno de 20,73%. Os ajustes salariais ficaram no esquecimento, não foi definida nenhuma regra para repor a perda do trabalhador brasileiro. Atualmente, existem pedidos na Justiça reclamando tais perdas, até dezembro de 1980. É bom frisar que Mailson foi um dos gestores do Plano Bresser e que tais planos, alem da dor de cabeça ao povo brasileiro, principalmente ao assalariado, jamais estabilizaram os preços, não houve êxito.

Agora, Mailson dá as caras novamente. Surge com artigos, não sei se mirabolantes ou saudosistas. O tempo foi encarregado de mostrar que privatizações de determinados Órgãos Públicos, principalmente dos Bancos Federais, não surtem o efeito desejado, ao contrário, deixam o País, sem suas grandes armas econômicas. O Governo Federal, como maior acionista do Banco do Brasil, tem o direito e o dever de interferir nos cargos de confiança daquela Instituição, quando sua política vai de encontro aos anseios da Nação. Foi o que ocorreu, recentemente! Visando ver o BB agindo realmente como um Banco Público, o Governo fez a troca da Presidência, para que fossem atendidas medidas em benefício do Povo, tais como juros mais baixos e ampliação da oferta de crédito tentando ajudar o País a superar a Crise Financeira Mundial que se arrasta, desde o terceiro trimestre do ano passado, política esta que não era aceitável pela outra Presidência do Banco do Brasil.

A Opinião Internacional é de que Países que mantêm Bancos Públicos fortes estão mais aptos a enfrentar esta Crise, como é o caso do Brasil. Numa edição da Revista Veja, salvo engano, a de 22 de abril, Mailson que participa daquele "pafletoide" semanal, em uma coluna, escreve: “já não existe falha de mercado que exija um BB estatal!”. O que se esconde por trás ou por dentro desta oração? O caminho da Privatização do Banco do Brasil, senão vejamos, em outra de suas frases: “a recente ingerência do Banco do Brasil frustrou quem achava que ele estava protegido contra o populismo inconseqüente!.... Bancos estatais se justificam se o mercado não é capaz de prover o crédito e o sistema de pagamentos. A Inglaterra e os Estados Unidos, onde não havia essa falha de mercado enriqueceram sem dispor de bancos públicos! Países europeus criaram bancos estatais comerciais para se industrializar, mas praticamente todos já foram privatizados”.

Como piada, não sei se dá para rir ou para chorar! Primeiro, o ex-ministro esquece que o insucesso atual da Economia começou nos Estados Unidos e vem mitigando terrivelmente os Países ricos da Europa, Inglaterra, Alemanha, França, Itália, Espanha, etc.
Outrossim, nosso conterrâneo está esquecido que já galgou os patamares do Ministério da Fazenda e, como já foi citado em tópicos anteriores, não conseguiu reverter a quebradeira do País iniciada nos Governos de Sarney, Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso. No Governo deste último havia planos para enterrar de vez os Bancos Públicos, tais como o PL 373/1999 que previa suas privatizações. E aqui quero ressaltar a luta dos funcionários do Banco do Nordeste, ativos e aposentados em defesa da Instituição.

O BNB foi escolhido como o “boi de piranha” naquela maligna empreitada sob a batuta do Senhor Pedro Malan, ministro do Governo FHC. Se conseguisse a realização de seus intentos, partiriam para as privatizações do Banco do Brasil, BNDES, Banco da Amazônia e Caixa Econômica Federal.
Para tanto contaram com a ajuda de pessoas sem escrúpulos, como Byron Queiroz, apadrinhado ou afilhado de Tarso Jereissati, do PSDB do Ceará, nomeando-o Presidente do Banco do Nordeste. Esqueceram-se, porém, de um detalhe: não perguntaram aos aposentados do Banco se eles, realmente, estavam de acordo com a “cachorrada”. A luta vigorosa dos aposentados da Instituição com a cooperação camuflada de muitos heróicos colegas da Ativa, pois não podiam se manifestar diretamente, sob pena de punição, deu um banho de água fria nas “Malandras” pretensões Henriqueanas. Não vou entrar em detalhes das cafajestadas do indivíduo Byron Queiroz frente à administração benebeana, basta dizer, tão somente que ganhamos todas as causas salvando com isso a derrocada das outras Estatais.

O que concluímos de tudo isto? Esta turma é cônscia do que faz! São técnicos inteligentes, competentes e sabem onde pisam e como pisar! Não é a toa que o Senhor Armínio Fraga elaborou um projeto para salva r a Economia Norte Americana, quase que insolúvel no momento, Projeto este, já nas mãos de Barak Obama para estudo, analise e viabilização, se possível. Entretanto, no Brasil o uso e emprego de seus vastos conhecimentos econômicos são em proveito próprio ou de um Grupo que vinha de longe no Poder, até 2003, e que quer a todo custo voltar à tona, tomar as rédeas da Nação para implantar a mesma política neoliberal de outrora e que só serve a Eles mesmos. Não querem a continuação do Governo do Operário por hipótese alguma, para tanto se armam do que pode e do que não pode, tentando inviabilizar a chegada de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. A CPI da Petrobras, que o diga, criada para fins eleitoreiros, principalmente para aqueles que estão vendo seus mandatos se esvaírem até 2010, sem previsão de serem reeleitos, aliás, tema de meu próximo artigo.

Usem, da hombridade e dignidade do Grande General João Batista Figueiredo, aqueles que não querem o desenvolvimento do País!

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