sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Um guerreiro da vida; um baluarte da música



Um
dos mais legítimos representantes da música genuinamente nordestina, o
itaporanguense Alonso Feitosa Vital enche-se de prazer ao falar do ritmo
que embalou incontáveis gerações por este Nordeste afora e consagrou
nomes como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Marinez, Flávio José e muitos
outros artistas populares: o forro pé-deserra é a arte que Alonso
compõe, produz e canta.








“Esses
ritmos que essas bandas tocam por aí não são forró, apenas foram
apelidados de forró, mas eu respeito todos os artistas e cada um faz o
que gosta e o que quer. Eu, por exemplo, defendo o forró de raiz, por
entender que essa é nossa mais legítima manifestação musical”, diz ele,
ao questionar o chamado forró eletrônico, que há quase duas décadas surgiu na região.











Alonso
é um guerreiro da vida e da arte musical que conheceu quando ainda era
criança. Foi nas ruas de Brasília, para onde foi levado muito cedo pelos
pais, que viu e se encantou com o menino Vicente, um garoto
de sua idade e que, apesar da deficiência visual, tocava maestralmente a
sanfona, e as apresentações na rua lhe rendiam o sustento da família.








Foi
nessa época que Alonso começou: tocando triângulo na companhia do
garoto Vicente. O engraxate e entregador de jornal apaixonou-se pela
música e viu sua vocação desabrochar, talvez uma herança dos seus
antepassados familiares. “Meu avô paterno era cantador de coco da cidade pernambucana de Águas Belas”, revela Alonso Feitosa, que é parente próximo do doutor em música Radegundis Feitosa.








Da infância em Brasília aos dias atuais em Itaporanga, passaramse algumas décadas, mas a música nunca deixou de estar presente na vida de Alonso, apesar da falta de apoio e de oportunidade. Como artista,




Alonso
Feitosa não se sente valorizado em sua terra. “Só quem pode valorizar a
cultura é quem tem cultura, mas, aqui, são poucas pessoas que têm essa
capacidade”, desabafa o forrozeiro, ao comentar que “eu não tenho
pretensão de ser importante, mas é importante ser valorizado: todo ser
humano tem uma missão, e o que eu quero é continuar levando minha
mensagem às pessoas através das músicas que canto”.








Além
de cantar, é compositor e poeta. Compôs mais de uma centena de músicas,
parte das quais já gravadas por ele e por outros artistas. Alonso está
com mais um CD na praça: o quinto de sua trajetória. Neste novo trabalho, músicas próprias e de outros artistas.








“Eu sinto
que, aos poucos, as pessoas estão vendo nosso trabalho com bons olhos,
nosso CD está tocando nas rádios de toda a região e também está bem
aceito em outras regiões do Estado, como Princesa Isabel e Catolé do
Rocha”, comenta, e, apesar do esforço e muitos anos de luta no campo
musical, nunca conseguiu viver de sua arte: o sustento da família tira
da atividade de negociante.








A falta
de incentivo e de oportunidade não desestimulam o filho da terra. Alonso
tem lutado por espaços e soma algumas conquistas:




já se apresentou na TV, fez show no Espaço Cultural em João Pessoa e, o ano passado, foi personagem de um documentário da UEPB




(Universidade Estadual da Paraíba) sobre o forró pé-de-serra.











Alonso Feitosa tem belas e criativas
composições: Retirante, Amor de Criança, O Grande São Pedro e 500 Anos
de Poder são algumas obras de sua lavra. O telefone de contato de Alonso
é o (83) 99776509.



Folha do Vale em 04/06/2009


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