quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Não enterrem Itaporanga

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Por Antonio Soares da Fonseca Jr em 28/01/2010

É interessante o julgamento que as pessoas fazem das coisas e das outras pessoas baseadas em seu achismo.

Achismo poderia ser um neologismo que explicaria a frivolidade de alguém colocar outrem na berlinda, baseado apenas em próprias deduções, sem comprovações responsáveis, colocando em risco a honradez e a integridade moral de quem ele quer irresponsavelmente atingir.

Este é um fato corriqueiro e impensado de julgar outros quando o próprio julgador não faz nada em favor de qualquer um. Talvez seja a transferência de sua omissão para que a trajetória desta negligente ação não lhe caia na cabeça.

Li alguém (pessoas pequenas não merecem ter o nome citado) acusar de que os “intelectuais” de Itaporanga não estão se manifestando em favor do “campus” universitário assim como li a santa ira do “apóstolo” Lucas em desdizê-la dizendo: “pecou a nossa missivista com muita maestria ao se referir a todos Nós que escrevemos neste Mural, como Zebedeu, Poliana, Jesus, Dehon, Antônio Fonseca, Saulo, Herculano, Reynolds, assim como Rainério e Ariosvaldo Ferreira que publicam nossas matérias, ironicamente, como OS INTELECTUAIS, e mais ainda, quando apregoa o não engajamento de todos nós nesta sublime missão de conseguir o CAMPUS para o Vale do Piancó. Achar que o Progresso da Região não nos interessa é de uma pequenez intelectual fora do normal”.

Estive de passagem em Itaporanga no dia primeiro do ano, numa passagem muita rápida, já que o meu trabalho cultural me impediu de permanecer mais tempo. Estou escrevendo um livro sobre a ARTE SACRA NA PARAÍBA. São 223 municípios no Estado e tenho que documentar todas as igrejas com os seus inúmeros detalhes, adornos, cornijas e capitéis.

Tenho ainda que estudar a história de cada igreja desde a sua fundação até os dias atuais. Cada cidade tem em média duas igrejas e fazer uma imersão na história e voltar ao século XV não é uma brincadeira fácil de executar. Portanto, passei pela terrinha em voo baixo porque tinha que me deslocar para Boaventura, Diamante, Santana de Mangueira, Cachoeirinha, Ibiara e Conceição neste mesmo dia e voltar a João Pessoa, onde tive uma conversa com o arcebispo Dom Aldo Pagotto, no dia subsequente.

Gostaria, se soubesse onde encontrá-los, de me assentar em torno de uma mesa com estes realmente intelectuais Lucas, Saulo, Zebedeu, Herculano, Poliana, Rainério, Antonio Bandeira, Cesinha, Brasileiro, o meu “irmão” Paulo Conserva e tantos outros para trocarmos idéias e fazermos planos para uma Itaporanga diferente. Repito, com muita freqüência, um chavão meu de afirmar que “cultura não dói, não pesa, não ocupa espaço, não tem fronteiras e custa muito pouco.” Com certeza Dehon e Jesus não estariam presentes já que moram distantes daí.

Ao retornar à capital fiz os meus contatos tanto em João Pessoa como na capital federal, para pedir em favor do “campus” itaporanguense. É uma parcela pequena de colaboração, mas é uma parcela.

Preciso alardear de que fiz isso? Há necessidade de colocar na mídia paraibana que estou brigando pela nobre causa?

Se assim o fizesse, a Maçonaria que sempre trabalhou em silêncio, jamais aprovaria e eu passaria a ser personagem da “vitrine dos hipócritas” tão magistralmente pintada e descrita por Jesus Fonseca.

Estamos todos empenhados na busca desta pérola para a nossa querida terra até porque quanto mais intelectualidade houver mais o eco irresponsável dos néscios se perderá em meio aos sons da cultura e da sabedoria.

Passei um pedaço de manhã sentado na casa do Prof. Raimundo, vice diretor do Ginásio Diocesano Dom João da Mata. Foi um dedo de prosa muito gostoso ao sabor de um precioso cafezinho feito pela sua mãe.

Fui em busca de dados do livro de tombo da paróquia e tive a tristeza de saber que o passado mais remoto é bem recente, datando o documento mais velho como sendo de 1955, ata da chegada de Padre José Sinfrônio, escrita de próprio punho. Contou-me ainda e tristemente que, para se arranjar espaço para um telecentro, os livros e papéis pessoais de Padre Joaquim Diniz foram desprezados como velharia e que ele ainda conseguira salvar dez livros, apanhados do lixão, e que se encontra sob sua guarda. Disponibilizou-os para a nossa pesquisa.

Narrou-me o destino desairoso que teve a Biblioteca Paulo Correia e como se encontra o seu acervo cultural empilhado em um canto de uma sala, ao Deus dará.

Dei uma idéia ao esforçado e bem intencionado Prof. Raimundo e convoco todos os itaporanguenses para tal empreitada.

Vamos fundar uma ONG para resgastar o PATRIMÕNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE ITAPORANGA. Este também será o nome da ONG. Aqui em São Paulo já conversei com um cliente e grande amigo meu que é entendendor de ONGs para nos orientar e ele se colocou à inteira disposição e me prometeu que estaremos discutindo este assunto nos próximos 15 dias.

Não teremos que esperar por governos locais ou regionais para resgatar a história de uma bela cidade que está se perdendo pela incúria governamental. Não estamos acusando este ou aquele governante pois o problema é muito antigo e a inépcia seqüencial ajudou a torná-lo crônico. Não percamos mais tempo com o leite que se derramou na areia. Temos que cuidar para que a vaca não chute o balde novamente.

Deixemos de lado os interesses particulares para reescrever a nossa história, com base em pesquisas, em discussões científicas neste mural, sem o assenhoramento do conhecimento, mas com o câmbio simbiótico que faz bem aos pares.

Tenho certeza de que, muitos de nós, têm alguns retalhos desta história que, se costurados com maestria e destreza, confeccionará uma colcha gigante de nossa ancestralidade gloriosa.

Mãos à obra. Com uma ONG devidamente organizada, iremos buscar no exterior as divisas que nos darão respaldo para aquisição de material para as nossas pesquisas individuais e grupais.

A primeira tarefa a ser feita é a adesão de que preciso para engrossar a relação
desta ação cultural. Pode ser adesão pública aqui no próprio mural com a frase “Tonho Fonseca, estou com você ou estou aderindo à causa” ou com qualquer outra expressão que queira manifestar ou ainda pelos telefones 11 3277.0766 ou ainda pelo e-mail no cabeçalho deste artigo.

Conversei também com Maria Correa que topou de imediato porque sente o entristecimento pelo enterro cultural em que Itaporanga está se oferecendo.

POVO SEM PASSADO NÃO TEM FUTURO.
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