quarta-feira, 26 de outubro de 2011

CHICO PINGUNÇO

Autor, J. Sousa
 

Conhecí Chico Pingunço
No sertão do Piuí
Foi o maior cachaceiro
Que até hoje eu conhecí
Era um degenerado
Só vivia embriagado,
E repartia a semana
De uma maneira vulgar
Dois dias para jogar
E cinco pra beber cana.
  
O dinheiro que ganhava
Não dava nem para as cachaças
Quando bebia, caía
Pelas sargetas das praças
E por lá mesmo dormia,
Somente no outro dia
Era que em casa chegava
E com a ressaca da cana
O restante da semana
Sem fazer nada passava.
  
A mulher lavava roupa
Dos outros para ganhar
O arroz e o feijão
Para fome não passar
Trabalhando todo dia
Coitadinha, conseguia
Trazer pra casa o pão,
Apesar de um olho cego
E o Chico não dava um prego 
Numa barra de sabão.
  
E além de não trabalhar
Comia o que ela ganhava
Nem nas tarefas de casa
O infeliz ajudava
Ao invés de trabalhar
Vivia de bar em bar
E também em banca de jogo
Na ruindade era um herói
Desses que não se destrói
Nem mesmo tocando fogo.

Como eu já disse, o Chico
Quando babia, dormia
Pelas praças e calçadas
Só vinha no outro dia,
Mas sabe o que aconteceu?
Um dia ele bebeu
Uma cachaça da pesada
Mas não foi dormir na rua
Voltou foi pra casa sua
Três horas da madrugada.
  
Nessa noite aconteceu
Uma coisa engraçada
O que ele fez com a esposa
Foi mesmo uma piada,
Quando em casa chegou,
Bateu na porta e chamou
A esposa, aborrecido,
Ela saiu cochilando
Pois por ele esprando
Inda não tinha dormido.


Quando ela abriu a porta
Ele entrou embriagado
Aí ela perguntou:
"Onde tava, desgraçado?
Por que vem chegado agora?
Tava por aí afora,
Atrás de prostituir?
Eu não fui nem me deitar
Esperando tu chegar
Pra eu pode ir dormir!"
  
Quando ela disse isso
O Chico se levantou
E com a voz alterada
Pra ela assim falou:
"Eu estava era na luta,
Não atraz de prostituta
E não quis me aproximar
Fiquei foi em pé ali,
Esperando tu dormir.
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