sexta-feira, 20 de julho de 2012

Itaporanguense passou dez meses preso em Patos por um crime que não cometeu

Preso pela operação Laços de Sangue, jovem ficou quase um ano no presídio patoense, apesar de inocente, mas foi solto nesta quinta-feira


Por Redação da Folha

O jovem Jadlly Kledson Figueiredo Serafim da Silva, 19 anos, foi solto nesta quinta-feira, 20, depois de ficar dez meses recolhido ao presídio de Patos, acusado por um crime que não cometeu. A mesma juíza que decretou sua prisão; agora reconhece sua inocência ao não aceitar a denúncia do Ministério Público, mas o estrago já foi feito.

Toda a angústia e sofrimento do rapaz foram amenizados pela liberdade, mas a dor e o prejuízo moral dele e de seus familiares são insanáveis. A espera foi longa e dolorida, mas a Justiça reparou seu próprio erro, embora tardiamente e depois de arrasar uma família inteira.

Jadlly Kledson, cuja família é de Itaporanga, foi uma das sete pessoas presas durante a Operação Laços de Sangue comanda pelos delegados Cristiano Jaques e Simone Freire Macieira e desencadeada no dia 26 de setembro de 2011 em Patos e Catolé do Rocha para prender supostos envolvidos em um esquema de pistolagem na briga entre as famílias Suassuna e Oliveira, conforme apurou a Folha (www.folhadovali.com.br).

A investigação policial começou a partir do assassinato de um membro da família Suassuna que cumpria pena no regime semiaberto no presídio de Patos. Jadlly foi acusado de conduzir o pistoleiro em uma moto até o local do crime, mas a acusação dos dois delegados, com base na qual a juíza Higyna Bezerra decretou a prisão temporária e, depois, a preventiva do rapaz, não tem fundamento, de acordo com o despacho judicial desta quinta-feira.

A denúncia e a luta da defesa

Ao analisar a denúncia apresentada pelo Ministério Público e a defesa do rapaz, a cargo dos advogados Maria Ivonete de Figueiredo (Lolosa) e Alexandro Figueiredo Rosas, a juíza Higyna Bezerra, da 1ª Vara Criminal de Patos, decidiu não acatar a denúncia dos promotores e sentenciou pela soltura imediata do jovem, que agora tem a possibilidade de reconstruir sua vida, despedaçada por uma prisão desnecessária e que se mostrou ilegal.

Durante todo esse tempo, a defesa do rapaz tentou fazer ver à Justiça a inconsistência dos argumentos que alicerçavam a prisão, mas todos os pedidos de revogação de prisão preventiva e habeas corpus foram negados pelo judiciário, que somente agora reparou seu equivoco ao rejeitar a denúncia do Ministério Público, com atuação dos promotores Miriam Vasconcelos, Octávio Gundim Neto, Herbert Vitorino Serafim de Carvalho, Rafael Linhares, Niwton Vilhena e Romualdo Dias, integrantes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

De acordo com a drª Lolosa Figueiredo, advogada e tia do jovem, o rapaz foi vítima de uma brutal injustiça, resultado de uma sucessão de erros, que começaram com a polícia, foram sequenciados pelo Ministério Público e culminaram com a decretação, pela Justiça, da prisão temporária e, depois, da preventiva de Jadlly Figueiredo, que, além de todo dano moral sofrido, também perdeu o emprego e teve sua trajetória normal de vida bruscamente interrompida.

A advogada pretende processar o Estado por todo o dano causado ao rapaz, que nunca tinha sido preso antes, mas experimentou o gosto amargo de uma prisão durante dez meses em face de uma operação policial que repercutiu em todo o país, depois de sua aparição no Fantástico, da TV Globo, mas deixou rastros de arbitrariedades e injustiças, conforme a advogada.  

Foto (arquivo): presídios guardam muitos casos de injustiça.

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