quarta-feira, 2 de maio de 2012

SAÍ SEM OLHAR PRA ELA

SAÍ SEM OLHAR PRA ELA
De Louro Branco com J. Sousa

Num dia carnavalesco
Quando a a noite teve início
Saí com três vagabundos
Contagiados do vício
Bebemos muito num bar
Depois achei ser propício
Pagar primeiro a despesa
E pedir licença na mesa
Pra curtir outra fraqueza
Num forró do mereteício.

Parei em frente ao forró
Num barraco de uns morenos
Tomei quatro jins com dois
Refrigerantes pequenos
Depois ví uma mulher
Me olhando e fazendo aceno
Com um traje sem confiança
O dedo sem aliança
Ao lado duma criança
De dez anos mais ou menos.

Quase conheço a mulher
Porém achei diferente
Admirei o menino
Bonito mas descontente
Sujo, descalço e trapilho
Comendo um "cachorro quente"
Parecido com quem nasce
Das fibras da minha face
Embora eu nunca pensasse
Que fosse nem meu parente.

Quando eu mundei a vista
O menino sofredor
Obedecendo a mãe dele
Fez papel de portador,
Chegou onde eu estava
Dizendo assim: "Por favor"
Meio acanhado até
Ainda disse: "Seu Zé,
Aquela mulher em pé
Mandou chamar o senhor."

Acompanhei o menino
Rendendo aos dois saudação
Dei boa noite a mulher
Depois apertei-lhe a mão
Perguntei, quem é você?
Ela respondeu: Pôs não!
Eu sou aquela infeliz
Que você fez meretriz
Depois que fe o quis
Me abandonou sem razão.

Mamãe morreu faz sês anos
Tenho pai mais não me quer
Vivo no mundo jogada
Sou uma pobre mulher
Peço muito, me dão pouco
Agradeço a quem me der
Sou uma mulher perdida
Sem conforto e sem guarida
Assim vou levando a vida
Até quando Deus quiser."

Por fim me disse chorando:
"Tem dia que nem almoço
Padeço que lhe conto
Trabalho que nem me coço
Casar com outro eu não quero
Voltar pra você não posso"
Nesse momento ferino
Eu temendo a Deus divino
Perguntei, e esse menino?
Ela respondeu: "É nosso!

Esse menino é o márter
Da nossa podre união
Tão pobre que tem dez anos
E ainda hoje é pagão
Tem noite que falta rede,
Tem dia que falta o pão
Você que é pai acuda
Dê pra escola uma ajuda
Que esse pobre não estuda
Porque não tem condição."

Dei o dinheiro ao menino
Contemplando a feição bela
Ele recebeu chorando
Meu coração quase gela
Tanto tive pena dele
Como tive pena dela
Ela saiu bem tristonha
Numa revolta medonha
E eu calçado de vergonha
Saí sem olhar pra ela.

Este poema é de autoria do poeta Louro Branco, e a interpretação´é do poeta J. Sousa.





Louro Branco: uma grande tragetória de vida!  

Blog de louro-branco :Louro Branco Repentista, Louro Branco: uma grande tragetória de vida!!!

Francisco Maia de Queiroz, o popular Louro Branco, Poeta, repentista e compositor, nasceu dia 02 de Setembro de 1943 na Vila Feiticeiro no município de Jaguaribe - CE. Foi pescador, agricultor e vendedor ambulante. Começou a cantar aos 12 anos de idade, morou nas seguintes cidades: Jaguaribe – CE, Jaguaretama – CE, Coronel João Pessoa – RN, Limoeiro do Norte – CE, Mossoró – RN, Iguatú – CE, Caicó – RN, e atualmente em Santa Cruz do Capibaribe onde mora desde 1991, e aonde pretende permanecer.
            Cantou em vinte estados do Brasil, com todos os maiores cantadores do Nordeste, participou em mais de 400 festivais, tem ao todo mais de 700 composições, condecorado como o maior cantador do Brasil, titulo dado pelo famoso poeta compositor e presidente da Classe, o baiano Rodolfo Coelho Cavalcante.
            Chegou a cantar para o ex-presidente José Sanei, publicou dois livros, 1º: A Natureza Falando, e 2º: Da Casca Até o Miolo, e está partindo para seu 3º livro.
            Casado com Maria Gomes de Souza Queiroz, 6 filhos e 11 netos. Hoje com 65 anos e em plena atividade. Evangélico desde novembro de 1994. Gravou 30 trabalhos entre eles CDs, LPs e DVDs. 

 

2 comentários:

Eu simplesmente amei encontrar essa canção, pois fazia muito tempo que eu procurava por ela. É um poema muito lindo entre tatos outros desse poeta, muito obrigado a quem postou esse poema, agradeço do fundo do coração.
Maurílio Fernandes Simões, Caicó RN.

gostaria de ouvir esse poema sendo cantado pelos poetas da atualidade.

Postar um comentário