sábado, 7 de dezembro de 2013

Carta aberta da fundação sobre o risco de colapso no abastecimento de Itaporanga

À população e às autoridades 



Todos sabemos que sem água ninguém vive, e que esse tão preciso líquido pode se acabar, especialmente para nós desta terra com tão pouca água, mas população e autoridades podem evitar isso, fazendo cada uma à sua parte, economizando no consumo, evitando o desperdício e o desenvolvimento de planos com alternativas de abastecimento emergencial para se evitar um colapso total no fornecimento de água aos moradores urbanos, caso não chova suficientemente nos próximos meses. E é preciso também e principamente pensar uma solução definitiva para o problema a partitr do aumento de nossa reserva d'água. Essa é a liça de hoje, é a lição para casa, para os gabinetes administrativos, é a lição para a vida. Itaporanga e nossa região vivem uma das piores estiagens dos últimos 50 anos, e esse é o tempo de lutarmos juntos pelo pouco d’água que ainda nos resta.

O açude Cachoeira dos Alves, que abastece nossa cidade, está com menos de 2 milhões de metros cúbicos d’água, o que é pouco para uma população urbana com cerca de 17 mil pessoas, consumindo água todos os dias, embora a cidade já viva em racionamento há mais de 12 anos em face da precariedade  insuficiência do seu sistema adutor. São milhares de metros cúbicos que saem diariamente do reservatório, sem contar a água que desaparece pela evaporação e infiltração.

A situação é preocupante, porque se o açude secar, enfrentaremos grandes transtornos pela falta d’água. Todos passaremos por graves dificuldades, mas as crianças e os idosos, que precisam de cuidados especiais, são as pessoas que mais sofrerão.

E o que podemos fazer para evitar que Cachoeira não seque antes do próximo inverno? Podemos fazer muita coisa para garantir que nossa água renda e o açude alcance a próxima temporada chuvosa:

1º - Evitar banhos demorados e não escovar os dentes com a torneira ligada, e evitar também que carros, motos e bicicletas sejam lavados com água potável, ou seja, com a água tratada que é distribuída pela Cagepa através das torneiras.

2º - Precisamos consertar imediatamente qualquer vazamento na tubulação de água dentro de nossa casa, porque cada gota d’água que não é aproveitada é um desperdício. Precisamos também ficar vigilantes com o desperdício na rua: um cano estourado, um vazamento qualquer precisa ser imediatamente comunicado à Cagepa ou a quem possa informar o desperdício para que o vazamento seja logo sanado.

3º - O que podemos fazer também é o reaproveitamento da água. A reutilização é um importante meio de economia. Uma das várias maneiras do reuso é, por exemplo, utilizarmos a água da lavagem de uma roupa ou de um objeto doméstico para limparmos a calçada ou o muro, mas há outros meios de reaproveitamento.

Economizar água é um ato ambientalmente correto, é uma ação consciente pelo bem coletivo. Valorizarmos o recurso natural mais importante para a vida, que é a água, é uma demonstração de inteligência e conhecimento. E precisamos levar essa sabedoria a todas as pessoas e alcançarmos um mar de gente para nossa luta em prol de nossa água.

Mas as autoridades precisam também fazer à sua parte. Esta entidade protocolou ofícios ao poder público e à Cagepa no começo deste ano, mostrando o risco de um colapso no abastecimento de Itaporanga e solicitando algumas medidas urgentes para se evitar a completa falta d'água caso a estiagem se prolongue, mas nenhuma providência concreta foi tomada até agora para gerar alternativas de água para a população urbana. Um dos caminhos seriam a escavação de poços em locais estratégicos na área de captação da Cagepa e em alguns bairros da cidade, o que garantiria água para o consumo humano e, ao mesmo tempo, reduziria o gasto do reservatório. Isso seria um paliativo, já que a solução definitiva para a questão passa pela reforma, ampliação e valorização do açude, aumentando sua capacidade hídrica e a qualidade de sua água ou a construção de uma nova barragem para o abastecimento da cidade. Essa demenda deve merecer a atenção também urgente das nossas representações políticas e administrativas.

Itaporanga, 7 de dezembro de 2013.

Fundação José Francisco de Sousa - Entidade de defesa humanitária, ambiental e cultural 

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