terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Ano de Eleição. Vale relembrar!


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A genética da corrupção

Descrente que sou das coisas deste país não me iludo com essa celeuma em torno da “ficha” (se limpa ou suja) de quem pretende disputar um cargo público. É que a corrupção não funciona como um adesivo, que você põe e tira quando lhe der na teia. É, sim, um “mal de raiz” que se alojou nas entranhas de uma sociedade que se apresenta doente na sua essência. A corrupção, no caso do Brasil mais especificamente, está na “genética” da organização político-administrativa. Como qualquer corpo orgânico, cada “célula” doente contamina a seguinte, e assim por diante. Grosso modo essa é a síntese de uma leitura comparativa do Estado brasileiro – contaminado, doente e agonizante. Os “remédios” que lhe foram ministrados tiveram, até hoje, um efeito placebo. Nenhum conseguiu tirar o “paciente Brasil” da UTI. A morte é pela “falência múltipla dos órgãos”.  

Não digo que seja inócua a ideia de se “filtrar” os pretendentes a cargos públicos tomando por base o histórico de vida e de ações de cada um. Mas penso, porém, que as mudanças devem ser de costumes e de hábitos. Vale ressaltar que o Brasil registra casos de corrupção desde as primeiras décadas após a chegada de Cabral. Não sei precisar se existe exatidão na informação, mas os historiadores dizem que o primeiro caso de corrupção comprovada teria sido o do então governador da Bahia, Salvador Correia de Sá e Benevides (1591 – 1688). Sá e Benevides teria desviado recursos públicos mandados pela Coroa Portuguesa e destinados à construção de pontes. Contam que por aqui fato idêntico teria sido constatado pelo então presidente Epitácio Pessoa (presidente do Brasil de 1919 a 1922) quando enviou recursos para a construção do porto do Capim (Varadouro). Nem o porto foi construído e o dinheiro simplesmente foi “desencaminhado”. De lá para cá nada mudou. Aliás, só piorou. Nos últimos anos observamos que novas técnicas de corrupção foram desenvolvidas. Dessa “cosa nostra”  brasileira têm saído verdadeiros “doutores” na arte do “descaminho”.

Ora, se a coisa já vem desde os primeiros dias do descobrimento, lógico seria que fosse aprimorada com o passar dos anos. E foi exatamente isso o que aconteceu. Formamos, assim, uma categoria de “privilegiadas cabeças pensantes” capazes de fazer “desaparecer” o mais seguro dos cofres ou a mais cara das telas. Está no sangue. É genética pura (leia-se genética do crime). Somos brasileiros, daqueles que “dão um jeitinho em tudo”. Como “bons brasileiros” estamos sempre querendo “levar vantagem em tudo”. É a tal “Lei de Gérson”. Lembra dela? Nem precisa se lembrar, caro leitornauta. Basta observar as ações praticadas e os efeitos delas na sociedade.  

E foi assim que nasceu o movimento “Ficha Limpa”. Mas será que parimos um “bebê natimorto”?
Nonato Nunes em 24/09/2010

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