sexta-feira, 26 de junho de 2009

Luis Augusto - Corrigindo Aberração da Folha


Por Jesus Soares da Fonseca em 26/6/09

A Folha do Vale é um informativo que presta um relevante serviço à Comunidade do Vale do Piancó, não só de cunho político como na área da Cultura. Nas Edições que costumava ler encontrava matérias, como comentei aqui e no Porta do Vale, por diversas vezes, dignas mesmo dos grandes Diários que circulam pelo País. Entretanto, vez por outra, deparava-me com algumas matérias que ficavam a desejar. Atualmente, tenho acesso a suas matérias através dos sites de nossa cidade pondo-me a pensar que a Folha continua emitindo seus artigos com seriedade, isto é, até me deparar com umas quatro linhas de um artigo veiculado em uma de suas páginas.

Quando alguém se propõe a escrever num Veículo de Comunicação que se pensa idôneo, deve ter o cuidado de, antes de tudo, verificar a veracidade dos fatos, as fontes de pesquisas e, sobretudo, se imbuir do pensamento, de que tudo o que está escrevendo tem autenticidade. Escrever com espontaneidade aquilo que se ouviu dizer pelo simples fato do noticioso, da especulação, é um pecado jornalístico que poderá levar o escriba ao campo da mediocridade, principalmente, quando se redige temas que podem ferir a suscetibilidade alheia, partindo, em função disto, para a falta de respeito a terceiros.

A Folha do Vale pecou! Pecou e o fez com primazia, com garbo ao trazer à tona episódios de quarenta anos atrás. Não pelo fato de ter exposto tristes episódios daquela época, afinal de contas, é notícia, mas tão somente pela maldade, pela mentira com que narrou. Mostrar para a Sociedade recente que Luis Augusto praticou seu tresloucado ato por “ciúme incontrolável” é de uma maldade sem par, é de uma mediocridade a toda prova!

Para que se possa entender o que levou o brilhante Advogado Luis Augusto de Carvalho ao seu gesto final, é necessário entender a sua vida pregressa. Luis era um cidadão honesto, inteligente, respeitador, mas carregava com brio uma série de fatores que vez por outra lhes era adverso. Aos doze anos de idade, possuidor de grande vocação sacerdotal, foi posto no seminário dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, na Várzea, bairro do Recife, pelos seus Pais, atendendo o seu desejo, aquela sua vocação. Anos mais tarde foi obrigado a deixar o seminário, por problemas de saúde, frustrando aquilo que idealizara, o Sacerdócio. Era a primeira grande carga que, como em todos nós, acumulava-se no seu Emocional.

Tempos depois, viria a amargar mais uma frustração, emotivo que era, com a perseguição política que sofrera seu Pai, José Augusto de Carvalho, demitido injustamente, não só da função de Coletor Estadual, como do Cargo de Agente Fiscal. Mais uma vez seu Emocional foi posto à prova com aquela estupidez política, prática em nossos sertões. Por se tratar de um Homem Sério, de uma Pessoa Amorosa, claro que tudo aquilo feriu o seu âmago!

Os anos se passavam e, apesar de uma gama daqueles contratempos teimarem em acompanhar sua vida, ele seguia estóico, cabeça firme, olhar sempre no futuro em busca de bons “horizontes”. Época em que Eu dividia com Ele e seu irmão Francisco Augusto um quarto na Casa do Estudante da Paraíba, em João Pessoa, à Rua da Areia. Luis se preparava para o vestibular de Direito, com afinco, com denodo, estudando até altas horas da madrugada, saindo do quarto, somente para as refeições. Na época das provas, foi acometido de uma crise de amígdalas violenta que o deixaria fora do exame vestibular que tanto almejava. Não pôde ingressar na Faculdade, naquele ano, ou seja, doze meses de estudos, não diria perdidos, porque estudos não se perdem, economicamente, jogados na lata de lixo, mais um insucesso para seu “Psico”.

No outro ano, conseguiu chegar à Faculdade que tanto almejava. Ali, cursando a Ciência das Leis, pensando em ajudar a Família, resolveu fazer o Curso de Aspirante da Polícia Militar que lhe conferiria o posto de Aspirante e, posteriormente, ao término do Curso, o de Segundo Tenente. Para o ingresso no referido Curso, que oferecia trintas vagas, foram feitas as provas e Ele conseguiu aprovação, entretanto, não pôde participar da Turma, embora tenha sido aprovado em 29º lugar, pois alegaram falta de altura, ele tinha 1,58 ms. Grande Luis! Recebeu mais esta “lapada”, não sei se de injustiça, se desfortuna, que ia, gradativamente, se acumulando em sua medida no santuário do seu Eu. Entretanto, tudo isto, ainda era “café” pequeno em ralação ao que viria, posteriormente.

No fim da década de 50, Luis resolvera se casar, desejo inconsciente e eterno de todo ser humano, forma primordial que a Natureza encontra para dar continuidade à Espécie. Assim, começou o seu romance com uma jovem prendada, de educação nata, como toda sua Família, bonita, entre as tantas de Itaporanga, moça de fino trato, meiga, calma, tranquila. Djaci Brasilino tinha todas estas qualidades que falei e mais outras tantas! Claro, como não poderia deixar de ser, Ele viria a se apaixonar intensamente por Ela. Do namoro ao noivado, chegaram em menos de dois anos. A data do casamento foi marcada levando empolgação às duas Famílias que já se preparavam para o enlace final. Todavia, o destino, como num complô, mais uma vez iria colocar o pé na trilha de Luis. Pouco tempo faltava para o Enlace Matrimonial, quando a Bela Djaci foi acometida de uma doença fatal, Leucemia, que viria lhe tirar a vida.

O que posso escrever por tamanha dor! Só quem viu Luis, naquela tarde fatídica, acompanhando o féretro desde a casa dos Pais de Djaci até o cemitério, pegado a uma das alças do caixão, cabelos desgrenhados, olhos marejados d’água, segurando as lágrimas que não se faziam de rogadas, semblante que nos dava a impressão que Ele caminhava alheio ao tempo, poderá dizer do seu enorme sofrimento. Todos acompanhantes daquela comitiva fúnebre sofriam com Ele aquele triste episódio, muitos choravam!

Quero pedir minhas desculpas a Paulo Rainério por trazer à baila, lembranças tão tristes, mas se o faço é por força das circunstâncias tentando minimizar o impacto negativo que alguém mal informado tentou produzir.

Este último drama encheu por completo o tono. Seu grau de tolerância as tensões psíquicas chegou ao extremo de que um ser humano é capaz de suportar. Assim mesmo, mais uma vez, Ele foi bravo! Suportou o trauma, embora, não o descarregasse, como deveria ser, jogando fora aquela tensão, para que ela não viesse a eclodir mais tarde de forma funesta, danosa.

Cinco ou seis anos depois, viria a despojar Mércia Felinto, casamento que veio amenizar seu sofrimento, pois encontrara uma Mulher que o amava e lhe dedicava muita compreensão. A vida a dois trouxe a Luis a paz psíquica e espiritual que Ele tanto buscara em sua vida. Os dois primeiros anos de convivência matrimonial foram de pura felicidade, tanto que eles solicitaram aos Pais de Mércia a criação de Armando, irmão desta. Como geralmente, acontece, com a chegada de um filho para criar, a mulher que tem algum problema psíquico, costuma engravidar. Não foi de outra forma, Mércia engravidou daquele que mais tarde receberia o nome de Ábdon José Felinto Augusto de Carvalho, meu particular amigo, Bidon. Este nascimento completou a felicidade desejada naquele Lar.

Mas a gota d’água que faltava, para a explosão de tantos maus sentimentos guardados, chegou! Chegou e veio com toda força em forma de DEPRESSÃO.

Esta é a saga de meu primo e amigo, de saudosa memória, Luis Augusto de Carvalho, Lolô, para seus familiares mais íntimos. Se por acaso, algum masoquista achar que tanto sofrimento guardado não é capaz de tamanha explosão, procure um psicanalista para que seu caminho não seja trilhado por uma tragédia,

Aproveito o ensejo para pedir minhas desculpas, também, a Mandoca e a Bidon, pela citação de seus nomes, nesta matéria, feitos apenas para corrigir uma injustiça.

Um abraço!

0 comentários:

Postar um comentário