sábado, 6 de junho de 2009

O Sangue de Satanás

Por Jesus Soares da Fonseca

O Ouro Negro, que, ousadamente, dou-lhe o epíteto de sangue de satanás, é um hidrocarboneto (CxHy) formado de várias moléculas de Carbono e Hidrogênio com inúmeros compostos orgânicos, tais como gasolina, óleo diesel, asfalto, querosene, parafina, lubrificantes, e muito mais de 450 outros produtos. A palavra é derivada do Grego Antigo: petra, que significa pedra, e elaion igual a óleo, chegando até nós através do Latim, petroleum.Formado no solo, no fundo de Lagos e Mares, proveniente de restos orgânicos da fauna e da flora ali depositados durante milhões e milhões de anos onde sofreram transformações químicas, ele se fixa nas formações rochosas, daí o seu nome, óleo de pedra, muitas vezes saindo do solo quando não encontra tais formações rochosas.

Há registros de que já era usado na Antiguidade. Sabe-se que na Mesopotâmia (hoje em dia, Iraque e parte do Iran) era utilizado na pavimentação de estradas, com igual destaque para Incas e Astecas, aqui no nosso Continente. Os Egípcios usavam-no na forma de Betume, nas construções de suas Pirâmides, como também, no embalsamamento de suas múmias, e muitos outros povos da Idade Antiga faziam uso de suas benesses.

Por volta de 1859, na Pensilvânia nos Estados Unidos, numa determinada região, jorrou uma substância negra do chão de uma profundidade de, apenas, 21 metros. Estava descoberto o Ouro Negro, o líquido que iria ditar as normas econômicas de toda humanidade. Gradativamente, foram sendo descobertas as inúmeras substâncias do precioso óleo.

Em 1887, o alemão Daimler inventou o primeiro carro movido a gasolina, até então, os automóveis eram movidos a vapor. Já no fim do século XIX, nos Estados Unidos, foram construídos os primeiros carros com dois cilindros, mas coube a Henry Ford a fabricação em série de carros à gasolina. Na Europa, o francês Peugeot industrializava os automóveis à gasolina. Assim, com o surgimento e modernização dos carros a gasolina, o petróleo tornava-se sagrado e a mola mestra do desenvolvimento do século XX.

Imaginei denominá-lo de sangue de satanás, independente de misticismo, porque, útil ao desenvolvimento da Economia, tornou-se pomo da inveja, da ambição desmesurada de homens, de Nações, numa corrida desenfreada pela riqueza a todo custo. Jamais uma substância orgânica gerara tanto dinheiro, com tamanha facilidade. Esta temática perdura até nossos dias, com muita mais ganância, com tanta beligerância, gerando, inclusive, conflitos internacionais de grandes proporções, muitas vezes, injustos, como a guerra do Golfo Pérsico.

Em solo brasileiro, por volta de 1893, Eugênio Ferreira de Camargo, assim como Paulo Maluf, em 1980, achava que havia petróleo em solo paulista. Logo, mandou instalar uma sonda em um terreno de rocha betuminosa, no município de Bofete, mas foi infrutífera sua tentativa, pois aberto o poço, com aproximadamente 450 metros de profundidade, não se jorrou coisa alguma. Como os gastos de tal empreitada foram por conta própria, podemos até dizer, que valeu pela tentativa. Já de Paulo Maluf não podemos dizer o mesmo, pois o Brasil inteiro sabe para que, realmente, serviram as pretensas tentativas de achar o Petróleo em solo paulista.

Notando a imensa vastidão do território brasileiro, com sua grande flora e fauna diversificada, os Estados Unidos enviaram técnicos capacitados para um estudo mais acurado do solo brasileiro. Após anos de estudos os geólogos estadunidenses chegaram à conclusão final que o solo brasileiro era pobre em minerais, principalmente de petróleo. Ah, se eu vivesse naquela época e fosse dono de uma boiada, facilmente eu a botaria para dormir contando esta estória!
Daí por diante a ambição por terras brasileiras se tornou imensa.

Então, inventaram a prosopopéia do tipo: “a Amazônia é o pulmão do Mundo”. Sendo assim, deveria ser internacionalizada. Mas Getúlio deu um basta em tais pretensões, nestas primeiras tentativas e investidas. Em 1939, os estudos estadunidenses sobre o solo brasileiro começaram a fazer água com a descoberta do óleo negro em terras brasileiras, no poço de Lobato na Bahia, pelo Governo Federal através do Departamento Nacional de Produção Mineral, com uma produção de mais de dois mil barris, já no ano de 1940. Posteriormente, com a descoberta de ouro, em serra pelada, com a descoberta de uma das maiores jazidas de ferro do mundo em solo da Amazônia, caiu por terra, de vez, a farsa estadunidense.A Amazônia, sim, era e é rica em minerais e diversificados!

Os Estados Unidos, como precursores na descoberta do Petróleo, são hoje em dia os maiores produtores e consumidores do mundo. A riqueza negra ali produzida não é suficiente para o seu enorme consumo, tanto que estão sempre, a importá-la de outros países produtores. Os outros maiores produtores mundiais são: Rússia, Irã, Líbia, Iraque, Canadá, Nigéria, Arábia Saudita, Venezuela, Kuwait, não, necessariamente, nesta ordem. Em 1960 foi criada a OPEP (sigla em português de Organização de Países Exportadores de Petróleo) para defender os interesses dos Produtores contra os maiores Compradores, no caso, Estados Unidos, Holanda, Bélgica e Inglaterra, na época, que queriam a todo custo preços mais baixos do óleo. Aí, ocorreu uma estória engraçadinha!

Em 1967, Israel aliado, como sempre, dos Estados Unidos, numa guerra relâmpago que durou apenas seis dias, apropriou-se de terras de seus vizinhos árabes. Tomou do Egito a Península do Sinai e a Faixa de Gaza; da Síria, os Montes Golã e da Jordânia, a Cisjordânia. Em função disto, os produtores árabes da OPEP fundaram sua própria organização – Organização dos Países Árabes Exportadores de Petróleo, em represália ao apoio do Ocidente (leia-se Estados Unidos e Países da Europa) a Israel. Os Árabes passaram a ser donos de seu nariz e para entornar o caldo de vez, em 1973 aconteceu a Guerra do Yom Kippur.

Os árabes ficaram enfurecidos, porque, utilizando-se de seu próprio petróleo (deles, Árabes), Israel pode resistir a guerra, contra Egito e Síria, e a vencer. Resultado, o mundo Árabe decretou um embargo petrolífero contra os Países ocidentais da Europa, Estados Unidos e Japão, obrigando-os a reduzir seus gastos com energia e o que foi pior, obrigá-los a vender, ao Terceiro Mundo que produzia Petróleo, mercadorias com preços inflacionados. Fizeram uma reunião e chegaram à conclusão que o Óleo vendido ao Ocidente tinha o preço muito defasado, era barato demais, então, em curto espaço de tempo, elevaram o preço do Barril, de 10 a 12 vezes mais do que era vendido. O Iran, através do Xá Reza Pahlevi, em discurso para seus irmãos mulçumanos, discorreu que: “os países do Ocidente aumentaram em mais de 300% o preço do trigo que nos é vendido, aumentou o preço de cimento, açúcar, além do que, compram nosso petróleo bruto e nos vendem o mesmo, transformado em produtos petroquímicos por um preço cem vezes maior do que compram, então é justo, que de hoje em diante, paguem o nosso produto por preços mais altos umas dez vezes mais”.

Foi um Deus nos acuda, no Ocidente inteiro, acostumado com a barateza do petróleo. Ousados e pretensiosos, alguns Países jamais pensaram que, mais cedo ou mais tarde, os Produtores Árabes iriam cair na real e descobrir o engodo que lhes era passado, a compra de seu óleo a preço de banana. E o barril do Sangue Negro da Economia foi lá para as alturas! O Brasil, em época de ditadura, começou a sofrer as agruras desta alta, ainda mais por ser subserviente aos Estados Unidos e ter que seguir a risca o que eles ditavam. Mas isto é outra estória. Mentes mais inteligente resolveram que era hora do País procurar outras fontes alternativas de energia.

Mas quando tudo queria dar certo, aparecia o dedo do nosso Dominador, ditando sua política imunda de submissão. Surgiu o Proálcool que tinha tudo para dar certo, fazendo com que o País economizasse mais com o menor uso da gasolina. A frota de carros a álcool tornou-se maior, no Brasil. De repente, num passe de mágica, tudo desandou! Usineiros não atendiam mais a demanda. Usineiros queriam preços mais altos para saldar os custos da safra. Produto faltando nos postos, em conseqüência, carros a álcool sendo preteridos e claro procura maior pelos automóveis movidos a gasolina. Era o caos sem explicação ou explicações para o conto da carochinha, era a débâcle do Proálcool ou pelo menos sua estagnação.

As explicações para o insucesso do plano aceitas por pérfidos governantes, por submissos economistas, mas não pelo Povo, embora aqueles acharem que a massa popular era ou é ignara, principalmente no assunto, foi de que o preço do Petróleo teria despencado no mercado de uma média que girava entre 30 a 38 para 12 a18 dólares, o barril; falta de subsídios aos programas pela escassez dos recursos públicos, na época, em conseqüência, queda no volume de investimentos nos projetos de produção de energia, levando a Oferta do álcool a entrar em descompasso com a Procura, pois, para se ter uma idéia, a nossa frota de automóveis a álcool chegara a 96% das vendas de veículos com motores de combustão interna.

Eu sou um leigo em economia, como grande parte da população brasileira, entretanto, sabemos usar de nossa inteligência para discernir entre o bem e o mal. Não vejo, portanto, necessidade de um vasto conhecimento de Ciência “A” ou “B” para vislumbrar erros grosseiros de uma péssima e perversa Administração.

Veja que perversidade pra satisfazer a sanha do Senhorio Dominante de nosso Continente. Em função da grande quantidade de veículos a álcool, a demanda se tornou crescente e mais ainda pela falta de incentivos à produção do produto, como vimos acima, pela desculpa de recursos escassos. Que fez o Governo, neste exato momento? Incentivou a compra de carros a álcool, com impostos menores, e barateou o preço deste combustível, tornando-o mais atrativo que a gasolina. Com isto, aumentou muito mais a Demanda. O que isto poderia causar? Uma séria crise de abastecimento e foi o que ocorreu, já que os Produtores não tinham mais meio de atender a esta Procura. Foi o caos para um Plano tão maravilhoso, levando consumidores ao desestímulo pelo automóvel a álcool e, consequentemente, na espiral para baixo, o Produtor diminuir sua oferta de álcool, com o decorrer do tempo.

A trancos e barrancos o País foi atravessando ano e mais ano sem poder acelerar o seu programa energético, sempre atrapalhado pelo Donatário maior da Capitania. A Petrobras queria progredir, tinha cacife para isto. Talvez por um descuido do “Marshall” ali do Norte do Continente, a Companhia começou a dar bons frutos, com descobertas das jazidas da Bacia de Campo, dos poços baianos e sergipanos, mais tarde, dos cearenses. Com isto atraiu os olhares daqueles que nunca quiseram o progresso não só do Brasil, como de toda América Latina, em particular da América do Sul.

Chegamos ao governo de FHC, Governo que levou o Brasil a bancarrota por três vezes, lançando-se de corpo alma ao sistema Neoliberal com o seu programa antinacional de abertura ao capital estrangeiro, sob a batuta de seus ministros José Serra e Pedro Malan. A tábua de salvação, claro, era o famigerado FMI, ou seja, o Pais se submetia cada vez mais àquele Fundo, inclusive com cartas de intenções assinadas por nossos Dirigentes Maiores. Nestas Cartas de Intenções constavam as privatizações da Caixa Econômica, Banco do Brasil e Petrobrás. Esta era a jogada do Governo Tucano junto ao FMI, inclusive, querendo trocar o nome da Empresa para Petrobrax, conforme nos conta o Sociólogo e Cientista Político Emir Sader em seu artigo: “A CPI da Petrobrax e a tucanalhada”. Contudo desistiram da empreitada, ante a “grita” do Povo, nas ruas.

Contudo, ainda conseguiram leiloar 1/3 das ações da Empresa na Bolsa de Valores de New York. O Governo das privatizações ainda conseguiu entregar a Vale do Rio Doce, uma Empresa rentável, trocando-a por papeis pobres, apreço de banana.

Em resumo, podemos dizer que, com a exposição das riquezas do solo brasileiro, que se achavam camufladas e escondidas por muito tempo, à População, por aqueles que sempre se apoderavam delas, os olhos dos usurpadores estão voltados com muita gana, para o Território Brasileiro, principalmente, para nossa Amazônia, para nossa Costa Brasileira, jazigo de uma imensa bacia petrolífera, quiçá, a maior do mundo, as novas descobertas irão nos contar.

Esta é a razão maior da CPI da Petrobras, deteriorar, como fizeram no Proálcool, o programa do Préssal, elaborada que foi por entreguistas de carteirinha, a soldo de Potências que começam a dar mostras de enfraquecimento em suas bases.
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