quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BRINQUEDO CRUEL DA MORTE


Foi em 23 de Outubro de 2005 o referendo do desarmamento. Nós lutamos muito e escrevemos alguns poemas sobre a arma e seus males.
Aos poucos estou colocando estes poemas para que todos possam ver, depois daquele momento, o quão é cruel a arma para a nossa sociedade.
À época a indústria das armas gastou horrores para convencer a sociedade de que a arma faz bem a saúde social. Foi tudo um grande engôdo, mas, apesar de não conseguirmos vencer no plebiscito de se vender armas no Brasil, tivemos uma vitória bem maior, pois fomos às escolas e à TV debater com a sociedade e o esclarecimento foi total.
VALEU!!!

BRINQUEDO CRUEL DA MORTE
Merlânio Maia


Quem guarda em casa uma arma
Não sabe bem o que faz
Pois não raro está propenso
E às desgraças mais fatais
Aos acidentes terríveis
E a ser capa de jornais

Arma é o torpe artefato
Cuja função é matar,
Tirar vida, destruir,
Ferir e exterminar
Portanto pra ser feliz
É preciso desarmar

Fiz uma breve pesquisa
Nas manchetes dos jornais
E escrevi tudo em verso
Trazendo os fatos brutais
De histórias verdadeiras
E de casos bem reais

Folheando certa data
As páginas de um jornal
Encontrei certa notícia
Na seção policial
De fatos que aconteceram
Bem aqui na Capital

Cidade: João Pessoa
Três crianças, três irmãos,
Em casa de classe média
Alegres, felizes, sãos...
O pai guardava no armário
O tal brinquedo malsão

Uma escondeu-se no armário
As outras tão sorridentes
Procuravam-na alegres
Encontrando-a bem contente
Mas de revólver na mão
E ali se deu o acidente

Um estampido se escuta
Ensurdecedor tão forte
A sua irmãzinha cai
Toda a família sem norte
Sabe que foi o terrível
Brinquedo cruel da morte!

Não fosse aquele artefato
Nada tinha acontecido
As meninas ainda estavam
No lugar mais protegido
Que é o interior do lar
Sem sofrimento sentido

No mesmo jornal eu li
O caso de um senhor
levando dentro do carro
Seu revólver protetor
Sentia-se um super homem
Sentimento enganador

Mas no trânsito às vezes
O estresse vem de um jeito
Junto à deseducação
Falta de amor, preconceito,
Gera ofensa e loucura
Falta amor, falta respeito!...

E foi numa dessas horas
Que um jovem gritou mais forte
Melindrando ao tal senhor
E este não levou no esporte
Covardemente buscou
O brinquedo cruel da Morte

E atirou naquele jovem
Dezoito anos somente
O jovem tombou na hora
E este senhor de repente
Foi preso ali, nesse instante...
Condenado mais à frente

Nem sequer se conheciam
Apenas por ter o porte
De um artefato tão triste
Refém de uma triste sorte
Tentado por possuir
O brinquedo cruel da morte!

Outros casos se sucedem
Como o do jovem casal
Cheio de amor e ternura
No seu ninho conjugal
Seus dois filhos pequeninos
Completavam o ideal

Pensando na segurança
Da família sempre unida
O jovem pai logo compra
Uma arma bem munida
E guarda na sua casa
Para a proteção da vida

Certo dia vai a festa
E bebe além do normal
Em casa a mulher se irrita
E a discussão é total
E os dois terminam brigando
Como é comum no casal

Ele bêbado e irritado
Responde à sua consorte
Ela diz que vai embora
E vai largá-lo á própria sorte
Em desespero ele encontra
O brinquedo cruel da morte

O resto fica ao seu cargo
Meu caro amigo leitor
Pois chega de violência,
Chega de tristeza e dor
Porque quem ama não mata
Vale a resposta do amor

Mas fica aqui registrado
Que arma não é esporte
Desarmemos o Brasil
Construamos um país forte
Cheio de vida e sem medo
Que arma é brinquedo da morte!

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