quinta-feira, 9 de outubro de 2008

O DESFILE DOS ELEITOS E A COMPRA DE VOTOS


Tião Lucena

Os coleguinhas do rádio promoveram durante a semana um comovente desfile de vereadores eleitos, em seus programas, para agradecerem penhoradamente os votos democráticos em nome deles depositados pelos eleitores conscientes de nossa cidade. Parece até que não havia outro assunto a comentar. Parece até que não tinha importância a crise econômica, a sauna gay contestada pelo arcebispo, o funcionário do TCE morto porque saiu de casa para dar o quinca em Jacarapé, o segundo turno em Campina Grande e outros temas polêmicos que enfeitam e enfeiam a nossa paisagem.

Quanta dignidade ostentada pelos senhores representantes do povo! Diziam, do alto dos microfones, que foram eleitos porque representavam as mais altas aspirações da população, e ainda aproveitavam para espezinhar sobre os derrotados, afirmando que foram punidos pelos eleitores porque ficaram contra o grande prefeito Ricardo Coutinho. Até estranhei, porque entre os derrotados estão amigos do peito do prefeito como Tavinho Santos, Fuba, Paula Francinete e Marcone Paiva. Ou seriam amigos da onça?

Bonito mesmo foi ouvi-los condenando a compra de votos. Ali estavam verdadeiros representantes da ética e da moral. Nenhum comprou voto. Só quem comprou foi Felipe Leitão, escolhido como “bode respiratório” pelos falsos moralistas da política. Escutando-os, nem acreditei naquele ouvinte que ligou para a Rádio Sanhauá e jurou de pés juntos ter avistado Gerson Gomes, Hiltinho Souto Maior, Pedro Coutinho, Fernando Milanez e um tal de Mangueira botando preço nos votos dos eleitores da Cidade Recreio em plena madrugada de domingo. Mentiroso. Como pode se levantar tamanho falso? Esses homens citados pelo ouvinte são a reserva moral de nossa política. Nunca compraram um voto. Jamais, jamé. Só quem compra é Felipe Leitão, o “bode respiratório”.

Falando nisso, vejo na net que o juiz Aluizio Bezerra mandou a polícia federal abrir inquérito para apurar a compra de votos. Sendo a polícia federal, fica de bom tamanho, pois a PF não investiga em cima de hipóteses. Vai em cima de provas, documentais de preferência. Aí quem não tiver bom guardado, que se arranje como puder. Quem preparou listas de eleitores, relação de brindes, de cestas básicas e similares, pode esperar o fumo quente no rabo. O delegado da PF não vai atrás de fuxico de comadres, de arrumação promovida por gente que quer ver o circo pegar fogo para tirar proveito. Só prova. Prova insofismável, noves foras as besteiras.

Agora, para terminar: doutor promotor, tome tento, onde já se viu delação premiada nesses casos de compra de votos?
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