domingo, 23 de novembro de 2008

O xadrez da sucessão


Por Zebedeu em 23/11/2008

Esse texto eu peguei no blog do Luis Nassif, é muito interessante. Veja:

Nesta sexta trocava idéias com um colega jornalista, com bom trânsito junto a Fernando Henrique Cardoso e ao PT. A conversa ajudou a traçar, de forma mais clara, o xadrez da sucessão presidencial.

Conforme o próprio FHC tem admitido, nas análises privadas que faz, Lula ocupou totalmente o espaço da centro-esquerda, que pertencia do PSDB. E ocupou com mais propriedade, com algo mais próximo da social-democracia européia, porque incluiu os movimentos sociais – o que FHC não conseguiu.

Por isso coube ao PSDB ocupar a centro-direita.

Além disso, a idéia de que não transfere votos é ilusória. Se a economia for bem até 2010, ele elege quem quiser, especialmente se a candidata for Dilma Rousseff. O próprio FHC saltou de 2% para a vitória nas eleições de 1994, embalado pelo Plano Real.

O quadro de 2010 será um pouco diferente. Não haverá mais planos mágicos e é possível que a economia ainda não tenha se recuperado completamente da crise global. Mesmo relativizada, a análise é pertinente. Lula continuará sendo um grande eleitor mas sem o impacto de um plano econômico.

Aconselhado por FHC, Serra fez a opção preferencial pela direita. De um lado, cercou-se de uma direita eficiente do DEM – representada pela liderança maior de Guilherme Afif Domingos, mas com Gilberto Kassab desempenhando bem. Na avaliação do analista – que é ligado ao PT – é possível que se mantenha por bom tempo o reinado em São Paulo, graças à competência política do DEM paulista.

Onde Serra empaca? Ao exagerar no movimento do pêndulo, passou a apoiar-se ostensivamente no esgoto da direita, a ultra-direita que surge no bojo do jornalismo neocon, perpetrando as piores baixarias.

Serra esqueceu-se que entre centro-direita e centro-esquerda há um espaço restrito que não chocaria tanto aliados. Quando enveredou pela barra-pesada, passou a alimentar suspeitas fundadas sobre o que seria seu governo, caso fosse eleito.

Aliás, não é por outra razão que, mais esperto, na convenção do PSDB de ontem FHC recomendasse críticas incisivas mas civilizadas ao governo.

Na outra ponta, há três candidatos disputando espaço. Quem surge como a candidata oficial de Lula é Dilma Rousseff. Os dois outros são Aécio Neves e Ciro Gomes.

Não há condição de Aécio não disputar as eleições de 2010 – como candidato ou vice. Se não disputar, a partir do momento que deixe o governo de Minas estará fora do jogo. Ficando no jogo, poderia arrastar consigo a parcela mais civilizada do PSDB, que possa se sentir incomodada com os neo-aliados de Serra. É por isso que, em algum momento, Serra terá que retornar o pêndulo um pouco mais para o centro.

Finalmente, a quarta peça Ciro Gomes será um vice precioso, se a campanha caminhar para a guerra que está se prenunciado.

Há quatro combinações possíveis, duas com Dilma na cabeça – nesse caso, com o vice sendo Ciro ou Aécio. Outra com Aécio na cabeça, tendo Ciro como vice. Finalmente, uma chapa tucana pura, com Serra tendo Aécio de vice.

Não se deve esquecer que o pacto entre Aécio e Pimentel (prefeito de BH) elegeu um homem de Ciro: o novo prefeito de BH Márcio Lacerda.
.

0 comentários:

Postar um comentário