terça-feira, 2 de outubro de 2012

Drinques energéticos


A categoria de energéticos é a que mais cresce no mercado de bebidas sem álcool. As vendas, puxadas por jovens, subiram 36,4% em 2010, mostram os últimos dados nacionais do setor.
Folha resolveu conferir essa fórmula de sucesso, analisando a quantidade de cafeína (estimulante) e taurina (aminoácido que ajuda na eliminação de toxinas) presente em sete marcas.
Para o teste, feito no Laboratório de Análises de Alimentos da FEA-Unicamp, a reportagem comprou três latas de cada uma das marcas. Como as embalagens têm quantidades diferentes, os conteúdos de cada marca foram homogeneizados, para uniformizar a quantidade de líquido em 500 ml.
O método da análise, chamado cromatografia eletrocinética micelar, usa um reagente para separar cada um dos compostos do produto.
O teste mostrou diferença entre os valores indicados nos rótulos e os reais.
"As amostras apresentaram uma pequena quantidade de cafeína superior à declarada, mas justificada pela necessidade de manter o teor da substância até o final de validade do produto", diz a bioquímica Helena Teixeira Godoy, coordenadora do laboratório da Unicamp.
É admissível uma variação de 20% nos valores declarados no rótulo. Porém, os produtos devem obedecer as quantidades máximas de cafeína e taurina estabelecidas na lei -respectivamente, 35 mg/100 ml e 400 mg/100 ml. Duas marcas, Fusion e Monavie, extrapolaram os limites.
DRINQUES PILHADOS
Mesmo nas doses máximas, a concentração de cafeína de um energético é menor do que a encontrada numa xícara de café expresso.
O problema não é a dose, mas a receita: misturar energético e álcool. Apesar de os rótulos advertirem contra esse uso, é isso que os brasileiros vêm fazendo.
Estudo feito pelo departamento de psicobiologia da Unifesp com jovens de São Paulo mostrou que 76% deles tomam energéticos misturados com uísque ou vodca.
A pesquisa, de 2004, foi feita com 136 pessoas. Está sendo atualizada, diz o coordenador, Sionaldo Ferreira, que é doutor em psicobiologia.
"Ainda não fechamos os números do novo levantamento, com 1.500 pessoas, mas as conclusões são as mesmas do estudo anterior."
Os objetivos da mistura são melhorar o sabor dos drinques e manter o pique por toda a noite, adiando o sono.
O álcool inibe o sistema nervoso central, diminuindo reflexos e dando torpor, enquanto a cafeína faz o oposto, estimulando o sistema.
"Usar as duas substâncias ao mesmo tempo dá confusão, você passa informações cruzadas ao cérebro", diz a nutricionista Camila Garcia, do Hospital do Coração.
Folha Uol

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