quinta-feira, 26 de junho de 2008

VOTAR TEM QUE SER UMA COISA SÁBIA

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JOÃO DEHON FONSECA

É muito comum agente atribuir a pessoas, facções, grupos políticos, grupos sociais, sem maiores averiguações, a culpa pelos prejuízos que uma sociedade sofre. Agente poderia tomar como exemplo os erros que se costuma mostrar da classe política, os grandes insucessos dessa gente, as grandes falhas cometidas pelos legisladores que aprovam leis que apenas os satisfazem. E nunca se culpa os eleitores, nessa matéria, se fica sempre no silêncio, talvez com medo da culpa. A grande verdade, é que ninguém é eleito Senador, Deputado, Prefeito, Governador, Presidente ou Vereador sem ter sido ali colocado por um voto secreto e livre. Dessa forma, todos os erros e barbaridades cometidas ou qualquer tipo de desvios provocados por essa gente tem que ser compartilhados por quem os elegeu.

Agente está sempre vendo todos os dias serem formadas CPIs e mais CPIs para apurar as maiores barbáries cometidas por políticos, e ainda assim muitos deles continuam errando e tudo termina em pizza. Por outro alguns congressistas insistem em liberar a jogatina no nosso Brasil, outros tentam liberar a maconha querendo trocar por males morais, insistindo que essas atrocidades irão trazer progressos econômicos. Trocando em miúdos eles querem nos empurrar de goela abaixo um montão de sacanagem para justificar a venda da nossa dignidade por qualquer tostão, quando se sabe que por trás de tudo funciona a lei de “Gerson” e cada um deles certamente vai tirar alguma vantagem.

O mesmo se diga dos projetos de lei que facilitam ou estimulam a supressão da vida de inocentes, ainda no seio materno, e tantas outras coisas erradas que se esconde, mas que se tem consciência do que eles fazem. É vergonhoso assistir jornais da mídia nacional porque neles sempre está uma seqüência de roubalheiras que teimam em não ter fim e o pior, todos esses fatos que entram em nossas casas todos os dias pela televisão, na maioria ficam impunes porque esses canalhas se escondem por trás da imunidade política. Seria bom que cada um de nós lembrasse do sofrimento que esse país passou na busca da libertação, que cada um lembrasse das misérias que habita em nossas favelas e começasse a tomar conhecimento de atitudes indignas de líderes desse mesmo povo.

No meu ponto de vista, esses documentos que saem das CNBBs da vida, parecem-me inócuos e simples aconselhamento dos senhores bispos a escolher homens de caráter, sem os ajudar a selecioná-los. Seria bom que o nosso Arcebispo da Paraíba mostrasse aos fiéis, ao povo de Deus e homens de boa vontade que, independentemente do partido político a que pertence, o candidato, têm a obrigação de se mostrar como um homem de bem, de palavra, homem que não volta atrás em nenhuma questão, homem probo e se já for um político, que não tenha contas rejeitadas, ou seja, que tenha uma vida pregressa capaz de passar para a historia da dignidade. Não valem as promessas, de modo particular as chamadas de "boca de urna", mas os atos, o comportamento, as atitudes assumidas. Também devem ser investigados os pronunciamentos que determinado candidato fez ou faz sobre assuntos que ferem a consciência do verdadeiro homem.

Nossos bispos deveriam se preocupar em saber se candidato X é um viciado na política, se sua família vive se locupletando com o dinheiro que seria para salvar uma favela, deveriam parar suas missas e na homilia citar nomes de pessoas que não tem capacidade para ser um mandatário de uma cidade. A igreja Cristã como um todo deveria mostrar aos que lhe seguem que eleição é coisa séria e que a expressão: “vou votar” não se relaciona exclusivamente com o ato de cidadania, mas envolve o homem em todas as suas complexidades. A luta para suprimir a miséria é uma exigência da fé; a má distribuição de rendas, a injustiça social, a distribuição de terras, a falta de moradia, são pecados que clamam aos céus.

Assumir uma Prefeitura, um Governo de Estado não é simplesmente mais um cargo para a biografia de A ou de B, mas é acima de tudo um direito elementar de defesa dos ensinamentos que nossa constituição prega voltada para a CIDADANIA, para a verdadeira liberdade e também para o cumprimento do que Jesus nos ensinou. Quando eu e você vamos votar, pode ser que estejamos colocando nas mãos do inimigo da Liberdade, do inimigo do cidadão, do inimigo da fé cristã uma arma que irá ser utilizada contra eu e você.

Quando o voto secreto e livre vai ser colocado na urna, com ele não deve ir os óculos que você recebeu, a dentadura que um desonesto lhe emprestou, o saco de cimento ou o milheiro tijolos que apenas está sendo emprestado e que vai se tornar muito caro para você, para eu e para a cidade, porque o vagabundo que faz isso certamente vai reembolsar através dos cofres da Prefeitura.

No momento em que cada cidadão se dispuser a cumprir seu dever de votar e a fazê-lo conforme a própria consciência, aquela consciência cristã, os partidos se interessarão em incluir entre seus candidatos, nomes que mereçam o apoio dos homens de bem. Isto difere essencialmente de acordos espúrios feitos em nome da democracia, antevendo vantagens materiais ou de seu grupo.

O eleitor que vive corrompido por uma atmosfera de maus políticos, dificilmente percebe que homens dignos e capazes é que deveriam ser nossos representantes, porque são esses que verdadeiramente pautam suas vidas buscando valores que transcendem a pequenez do instinto, a busca do prazer a qualquer custo e, em conseqüência, lutam por um padrão social, e moral digno da criatura feita à imagem de Deus.

Votar e votar bem é uma responsabilidade do cidadão, é uma coisa muito séria, é saber olhar para trás, é andar de fronte erguida. Votar bem é não permitir que políticos deixem os cofres dos nossos municípios com dívidas estupendas para que outros que venham em seguida não possam fazer nada.

Um grave erro é condenar os males cometidos por políticos e omitir-se na escolha de pessoas capazes de exercerem mandatos e o dignificarem por uma vida digna desse posto. Criminoso é, também, o que manobra para alcançar a vitória nas urnas à custa dos cofres públicos, aproveitando-se da necessidade de um pobre eleitor, oferecendo-lhe vantagens que, na realidade, são uma espécie de negócio, um mercadejar em prejuízo do bem comum.

Quero citar aqui uma frase histórica do grande Papa João Paulo II, na Carta aos Bispos do Brasil, com data de dezembro de 1980: "Os direitos do homem só têm força onde são respeitados os direitos imprescritíveis de Deus". Serve de alerta a candidatos e eleitores. E recordemos que a democracia, apesar das falhas que a enfraquecem, deve ser sempre preservada. Cabe aqui o axioma: dos males, o menor. Entretanto, isso não dispensa o esforço para elevar o nível de nossos políticos.

Política não é coisa fácil e nem uma mercadoria desclassificada. Às vezes, homens de bem e que exercem a política com dignidade são julgados de forma errada, por que exerceram o seu mandato com nobreza. Estamos iniciando uma campanha eleitoral. O itaporanguense tem o dever de preservar sempre a cidadania para que a cidade seja preservada e colocar esse principio de cidadão acima de qualquer personalidade e sem interesses partidários.
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