sábado, 12 de dezembro de 2009

BUSÃO I



BUSÃO I

(Reynollds Augusto)



Todos os dias à tarde, nos reuníamos na Praça do Centenário em Itaporanga esperando o “busao” vermelho da prefeitura, administrada pelo então prefeito Will Rodrigues, para nos deslocarmos à cidade de Patos nos dirigindo à Faculdade.

Quem dirigia a “aquela coisa ” era o saudoso CHICO BRILHANTE que nos propiciou muitos momentos de alegrias com seu jeito de ser.

- “Vou falar com “Breguim” (Audiberg Alves), para dizer ao prefeito que muitos estudantes não estão pagando a mensalidade do motorista”. Se a coisa continuar assim, não vou mais dirigir. Agüentar essa bando sem uma gratificação extra não dá.

O coitado que fora escolhido para receber as mensalidades foi este que vos escreve.

Missão árdua naqueles dias, pois os estudantes estavam entrando em processo de reconhecimento de seus direitos e fundamentavam a sua recusa em não pagarem o motorista, argumentando que a prefeitura tem obrigação de fornecer transporte gratuito e deve gratificar o motorista verba que viria para isso.

Chico Brilhante não gostou disso nem um pouco:

- “Willa” disse que a prefeitura só tem obrigação legal de manter o ensino fundamental e que todo estudante tem que pagar a mensalidade se não será posto para fora.

- Minha gente ( Reynollds) vamos usar o bom senso e a ajudar a Chico. Essa mensalidade é tão pequena que não fará falta a ninguém e estamos investindo em nosso futuro. Esse negócio de quase todos os dias pararmos na estrada para discutirmos quem tá certo, está prejudicando os nossos cursos, pois estamos chegando atrasados nas aulas. Vamos pagar e pronto...

Existia um estudante chamado "MANÉ CABEÇÃO", hoje funcionário da justiça, empresário e ótimo contador, que batia o pé e dizia que não pagava, não; pois não era sua obrigação. A prefeitura que se vire...

Mas o seu velho Pai, Nequinho, homem de bom senso, apagando o fogo que Emanuel colocava e para não haver mais polêmica tão sem sentido, ía escondido e pagava a Chico Brilhante a mensalidade.

- (Mané Cabeção) não pago, não pago, não pago. É um absurdo pagarmos algo que quem deveria arcar é a prefeitura...

Emanuel sempre foi assim combativo e persistente. Se esforçava para encontrar um lugar ao sol e vemos que ele sempre esteve na estrada certa. Seus filhos estão na faculdade cursando medicina e ele me confidenciou que já esta preparando o caminho de Heloísa, sua filha menor, para que termine o Curso de Direito e quando se aposentar, trabalhar com ela ajudando-a a operar o Direito.

Mas nesses dias para cá Chico estava agüentando as argumentações de “Mané Cabeção” sem muito alarde, calado e sem contraposição. A paz reinava no percurso. O que estaria acontecendo?

É que, Emanuel não sabia, mas o velho pai “Nequim”, na calada do dia, tava furando o seu protesto e pagando por fora a Chico Brilhante. Ele não conseguindo convencer Emanuel a mudar de posição foi à luta e resolveu o problema sem muito esforço.

O “busão” vermelho sempre nos trouxe momentos de alegrias. É que éramos jovens e a viagem com mais de 100 (cem) quilômetros parecia nada, quando começavam as conversas que tínhamos no seu interior. Eram fofoca, piadas, bobagens... e quando menos se esperava, estávamos em Patos.

Foi lá que comecei a paquerar com a mulher, que na minha visão, era a mais linda do ônibus e hoje é minha esposa. Depois conto essa estória.

São momentos da vida que passam e não voltam mais e é por isso que os especialistas dizem que a melhor fase de nossa vida é o presente. É preciso sentir com profundidade esses detalhes que escorre pelas mãos. É claro que não morremos e sim desencarnamos, para continuar na vida eterna, pois essa é uma vida eterna.

Deus nos criou como que “super-hérois”rumo ao aperfeiçoamento, à felicidade. Nada extingue a verdadeira vida Não há dúvidas que esse momento, com esse RG, com esse CPF, com nossos filhos, nossas esposas é realmente único. Dificilmente reencarnaremos em um contexto parecido e daí a importância de darmos mais valor ao aqui e agora, visando sempre o futuro que chega rápido pois “a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória” . Quem planta no presente colherá bem na frente.


Mas vou tentar “cutucar” a mente para relembrar outras do nosso “busão” que passou , mas que ficou na lembrança e que carregaremos conosco para sempre e em qualquer lugar que estejamos. Aguarde...

PENSE NISSO. MAS PENSE AGORA.



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