sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Chove chuva, chove sem parar


(Reynollds Augusto)


Não é novidade para ninguém quão grande é a felicidade e esperança do povo nordestino quando as chuvas caem. O Homem do campo fica mais vívido, o olhar fita a vida com mais alegria e segurança fica fazendo parte do sentimento íntimo de cada lavrador que dá graças a Deus por tão belo presente dos céus:


O inverno no sertão é sempre mais belo e encantador. Deve ser devido ao longo período de estiagem que faz parte do nosso contexto existencial e é por isso que quando a água cai o coração se entusiasma, o panorama muda, a cidade fica mais aconchegante e Deus, o nosso Pai de infinita sabedoria, “pega o seu pincel” e pinta o sertão de verde que dá orgulho de ver. É um verde que faz bem aos olhos e a alma. Há um cheiro diferente no ar.


E a “orquestra sinfônica” da chuvarada!? Não tem para ninguém! A água caindo molhando o chão sofrido, os “tambores” do céu acompanhando a sinfonia e os relâmpagos iluminando a noite escura dando sinal que Deus não está cochilando e sim vigilante. A felicidade chegou. Até a minha esposa, fica mais calma. É uma bênção.


Quando eu era adolescente, e não faz muito tempo, reuníamos com os colegas da Rua Pedro Américo e 13 de Maio em “bandos” para dançarmos sob a chuva e era uma festa. Corríamos pelas ruas da cidade sem nenhum compromisso, adentrávamos o mercado público para brincarmos soltos e contentes. Procurávamos as melhores quedas dáguas das casas e a maior e melhor delas era sem sombra de dúvidas a do estabelecimento de Chico Pinto. Muita água que caía e muita festa para a criançada.


E a nossa piscina? A piscina da molecada era a que ficava na frente do Banco do Nordeste do Brasil, local onde eram hasteadas as bandeiras dos entes estatais. Ficávamos banhando por lá até que o chato do guarda nos expulsasse do local. Tinha até a brincadeira de quem ficava mais tempo em baixo d´agua . Eu sempre perdia. Eu sempre fui mole para essas coisa.


Nesse momento a chuva estava se acabando e já deu o que tinha que dar. A sinfonia da vida se preparava para recolher seus instrumentos e dar fim ao espetáculo de Deus. Ficávamos, naquela época, tristes; mas na expectativa de que ele nos mandasse em outra ocasião, que não fosse distante, essa orquestra magnífica da felicidade. Agradecíamos a benção e voltávamos para casa desconfiados pelas tão importantes traquinagens, até que outro espetáculo começasse a surgir com o nascente encoberto de chuvas, agora pintado de cinza, e com os sons inconfundíveis dos “tambores do céu”.


O sertão fica poético na época de inverno e todos os corações mais sensíveis. A população se cumprimenta com mais verdade e as estórias do sertanejo se diversifica e soa com pujança nos quatros cantos da cidade; os sorrisos nos rostos mostram a gratidão desse povo batalhador e a vida flui com mais leveza, tudo isso contemplando as graças de Deus.
Sempre defendi que o homem precisa está mais ligado a Deus através dos eventos na natureza. Sentir a brisa que corre solta; o pôr ou nascer do sol; banhar nas chuvas que caem do céu. Viver simplesmente para simplesmente ser feliz. É uma pena que a maioria está ainda presa na busca das ilusões do caminho. Não despertaram para os valores maiores da existência. São os “que têm ouvidos, escutam, mas não ouvem; os que tem olhos vêem, mas não enxergam”. São os homens do concreto e que passam a vida entre quatro paredes e não se dão a oportunidade de vivenciar a beleza da natureza que nos cerca. Coitados, passarão pela vida e não viverão.


Itaporanga está em festa e o povo contente. Ainda teremos alguns espetáculos da natureza a serem apresentados e precisamos aproveitar esses momentos para prestarmos a atenção nos detalhes do inverno e da água que é vida. No vento que soa e alisa a pele, na beleza do por sol por trás das nuvens cinza e quase que tocando a serra imponente.

Vamos viver. É preciso saber Viver

PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.

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