sábado, 14 de fevereiro de 2009

Visitando o Velho Campinho


VISITANDO O VELHO CAMPINHO

(Reynollds Augusto)


Essa semana eu viajei no tempo e as lembranças levaram-me à minha infância querida, que como o poeta diz “os anos não trazem mais”. Próximo à minha casa está localizado o Colégio Padre Diniz e de uns tempos para cá o portão que dá acesso à quadra permanece sempre aberto, diferentementemente daquela época, em que tínhamos que pular esse portão enorme, à tarde, escondido da então diretora Irmã Zilda, para batermos “peladas” até que a Polícia Militar, com sua sirene estrondosa viesse afugentar a todos, sob pena de, se fossemos pegos, sermos conduzidos cada um a seus devidos pais e aí , amigo leitor, era peia na certa. A maior sanção penal para os “moleques de rua” da Rua Pedro Américo.


A minha querida mãe já deixava o psicólogo pendurado no armador próximo à porta – um fio de cadeira - e toda vez que entrava em casa aquela imagem me perseguia e sentia aqueles calafrios, pois a mão dela era pesada, advertindo-me de que se fizéssemos alguma traquinagem, ele entraria em ação. Eu de vez em quando era visitado por esse psicoterapeuta de plantão. Era duro...e também marcava por alguns dias.


Minha garota mais nova, Juliana (1 ano de 2 meses), tem o hábito de todas as tardes convocar-me para o passeio no finalzinho do tarde e não é que ontem fui conduzido à velha quadra de futebol do Colégio Padre Diniz e ao adentrar no ambiente, também entrei na “nave do tempo” e foi uma viagem gostosa, cheia de aventuras e com lembranças que estavam escondidas, mas jamais perdidas.


Todos os dias, naquela época, as garotadas pesadas da Rua Pedro Américo e dos arredores se encontravam todas as tardes para realizarem as disputas de futebol. Os “grandões”, como eram chamados, jogavam na quadra e nós os moleques éramos fadados a ficar no campinho ao lado e quem se metesse a besta em dizer o contrário, levava um “cascudo” ou coisa pior. Nós, é claro, ficávamos no campinho até os grandões terminarem o jogo. Ninguém era besta de contrariar os mesmos.


O campinho continua o mesmo, atraente para as peladas da molecada. Já a quadra está destruída, pois o tempo foi implacável e ademais fizeram uma outra quadra coberta ao lado, que no nosso tempo seria impensável e o zelo para com a antiga ficou em segundo plano.Nessa época aquele local era o nosso “parque de diversões”. Lembro-me de alguns garotos que hoje, em maioria, são pais de família: Laércio, filho de Loreto e Lúcia; Veizinho, filho de Dona Alzira; Nelsinho e Sérgio, filhos de Antônio Henriques e da saudosa Toinha Henriques; Damião Guimarães, filho dos saudosos Chico Guimarães e Toinha Guimarães; Virgula, filho de Letícia; Babá, filho de João Firmino; Alípio, Aldo, filhos de nossa querida Ducarmo e o saudoso Merí, hoje todos residindo em Brasília.


Encontrei, por coincidência, um dos grandões da época e meu amigo VALDECI, que residia a mais de 18 anos no sul do país e retornou para a terra dos sonhos com o objetivo de se fixar em definitivo e criar suas filhas. Está no ramo da construção civil. Disse-me que aqui se tem melhor qualidade de vida. Concordo com ele.


Da Getúlio Vargas tinham Robson e Heleno, filhos de Heleno Paulo. Enfim... Uma molecada que hoje não se vê mais. Os garotos de hoje brincam por meio de um computador. É muito sem graça. Naquela época além de jogarmos bola que era pura interação, cortávamos paus na mata ainda virgem para fazermos deles nossos cavalos.


Brincávamos de “carro de tampa”. O leitor não sabe o que é carro de tampa?Não! Carro de tampa era o terror das mães e principalmente da minha. Pegávamos escondidos, as tampas das caçarolas da cozinha e fazíamos delas a direção do fusquinha, do caminhão, do ônibus. É verdade, tinha até ônibus! Quantas vezes retirei o “psicoterapeuta” do armador para fazer desse fio enorme o ônibus em que todos se acomodavam até a próxima parada. Era uma farra e a surra era agravada pela ousadia.Isso é que era brincadeira.


Albert Einstein sempre defendeu a relatividade do tempo e afirmou que: “A distinção entre passado, presente e futuro é apenas uma ilusão teimosamente persistente.” Aquele foi um passado que está presente e ele serve de base para que reflitamos sobre o valor do momento que passa. mas permanece para o futuro que ainda não existe . O fato é que o nosso tempo está cada vez mais exíguo e as experiências vividas pelo espírito imortal, que somos todos nós, devem ser aproveitadas detalhadamente e simplesmente. Quem gasta a sua energia vital na busca das ilusões “passa pela vida e não viveu”. Quem complica a estada aqui no planeta Terra perde a oportunidade de ser feliz. É preciso dar sentindo espiritual à vida que passa e é preciso viver intensamente o presente com as pessoas que nos cercam parentes, amigos, colegas...Todas essas reflexões me fizeram relembrar o poema do confrade espírita paraibano RICARDO BELTRÃO:


HÁ UM SENTIDO


Há um sentido maior para a vida

Que além das quimeras, ilusões.

Vai bem alhures da razão despida

Dos semimortos, tristes corações...


Parece até que ordena: prossiga!

E assim, na hora ante as aflições,

Que cruelmente, sempre a dor castiga,

Traz no momento, as consolações!


Seja em taperas ou grandes mansões,

Ao som do mar ou de cruéis canhões,

A natureza vem ao nosso ser!


E a consciência Cósmica nos chama

Para acendermos, com desvelo, a chama.

E clarearmos no alvorecer!


PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.

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