Nessa minha curta vida de consumidor de arte, mais por aqui que por lugares outros pelos quais andei, tenho me deparado com a Santa Ignorância e, mais assiduamente, a Santa Hipocrisia. Hoje não foi diferente. Com a morte do bom violonista Francisco Soares de Araújo, o Canhoto, se a Santa Ignorância ficou em casa, mandou a Hipocrisia responder por ela.
Fico agora a imaginar os mil elogios, mais aqui que em Paulista, cidade pernambucana que ele escolheu para se guardar com a sua música, que serão proferidos no seu velório e no caminho de volta para casa. E que bela manchete não daria: “Canhoto teve o direito de tocar pelo avesso!”; ou “Por Direito, o Melhor dos Violões Canhotos!”.
Um dia o meu irmão, morando há 30 anos em Rondônia, chamou a Parahyba de madrasta. Sei não. Mas acho que esse princesence (é assim mesmo, Tião Lucena ?) que tocou de forma errada o violão mais direito deste Verde e Amarelo, concordaria com ele. Sei que serão muitos os elogios. Porém, não posso deixar de lembrar que Canhoto morreu quase mendigando - embora nunca pedisse - uma ajudazinha dos colegas artistas e, por aqui, uma pensãozinha de nada que pouco ou de nada serviu para atenuar-lhe o sofrimento.
É impossível não lembrar ainda da pensão vitalícia com que os nossos parlamentares super mirins queriam presentear a viúva daquele secretário que estourou os miolos, pelos “relevantes serviços” prestados - os miolos não, o suicidado secretário - à capital parahybana. Nessa mesma época, Canhoto já agonizava com o ACV que o impederia, dali em diante, de afinar o seu violão no mesmo tom do cansado coração.
Triste foi saber que filha que o acompanhou até o dia de ele ir morar n’outra cidade, está a implorar que o show que colegas iriam fazer em seu favor, mesmo com a sua morte, seja realizado. A família precisa, disse ela. Mas, quem sabe em Pernambuco, agora morto, ele não receba as justas homenagens que lhe negaram, quando vivo na Parahyba estava. Não duvido.
Santa Hipocrisia! Os seus discos ? “Vamos tombá-los! Canhoto da Paraíba - Violão Tocado Pelo Avesso, Único Amor, Com Mais de Mil e Pisando em Brasa. Se Canhoto não tivesse existindo para fazê-los, teria que ser inventado!”. Pausa. Faço uma aposta: se uma entre cem pessoas não consumidoras de arte ouviu uma só de suas composições, mudo o meu nome para 1 Berto!
O bom Canhoto, assim como outros ilustres parahybanos, morreu longe da “madrasta”, que, por mais que uns queiram negar, também madrasta foi de Pedro Américo, que Morreu em Florença; Augusto dos Anjos, que morreu em Leopoldina, Zé Lins e Paulo Pontes que morreram no Rio de Janeiro. E, por fim, o cômico, se o momento não fosse tão trágico: Canhoto recebeu o título de Patrimônio Vivo de... Pernambuco!
1berto de almeida (transcrito do portal www.ancomarcio.com)
Fico agora a imaginar os mil elogios, mais aqui que em Paulista, cidade pernambucana que ele escolheu para se guardar com a sua música, que serão proferidos no seu velório e no caminho de volta para casa. E que bela manchete não daria: “Canhoto teve o direito de tocar pelo avesso!”; ou “Por Direito, o Melhor dos Violões Canhotos!”.
Um dia o meu irmão, morando há 30 anos em Rondônia, chamou a Parahyba de madrasta. Sei não. Mas acho que esse princesence (é assim mesmo, Tião Lucena ?) que tocou de forma errada o violão mais direito deste Verde e Amarelo, concordaria com ele. Sei que serão muitos os elogios. Porém, não posso deixar de lembrar que Canhoto morreu quase mendigando - embora nunca pedisse - uma ajudazinha dos colegas artistas e, por aqui, uma pensãozinha de nada que pouco ou de nada serviu para atenuar-lhe o sofrimento.
É impossível não lembrar ainda da pensão vitalícia com que os nossos parlamentares super mirins queriam presentear a viúva daquele secretário que estourou os miolos, pelos “relevantes serviços” prestados - os miolos não, o suicidado secretário - à capital parahybana. Nessa mesma época, Canhoto já agonizava com o ACV que o impederia, dali em diante, de afinar o seu violão no mesmo tom do cansado coração.
Triste foi saber que filha que o acompanhou até o dia de ele ir morar n’outra cidade, está a implorar que o show que colegas iriam fazer em seu favor, mesmo com a sua morte, seja realizado. A família precisa, disse ela. Mas, quem sabe em Pernambuco, agora morto, ele não receba as justas homenagens que lhe negaram, quando vivo na Parahyba estava. Não duvido.
Santa Hipocrisia! Os seus discos ? “Vamos tombá-los! Canhoto da Paraíba - Violão Tocado Pelo Avesso, Único Amor, Com Mais de Mil e Pisando em Brasa. Se Canhoto não tivesse existindo para fazê-los, teria que ser inventado!”. Pausa. Faço uma aposta: se uma entre cem pessoas não consumidoras de arte ouviu uma só de suas composições, mudo o meu nome para 1 Berto!
O bom Canhoto, assim como outros ilustres parahybanos, morreu longe da “madrasta”, que, por mais que uns queiram negar, também madrasta foi de Pedro Américo, que Morreu em Florença; Augusto dos Anjos, que morreu em Leopoldina, Zé Lins e Paulo Pontes que morreram no Rio de Janeiro. E, por fim, o cômico, se o momento não fosse tão trágico: Canhoto recebeu o título de Patrimônio Vivo de... Pernambuco!
1berto de almeida (transcrito do portal www.ancomarcio.com)
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