Dipylidium Caninum,
Lá na madrugada do tempo, fomos criados simples e ignorantes, no sentido de desconhecimento de tudo. É assim que Deus causa primária de todas as coisas, cria os espíritos que somos todos nós. Alguns nesse momento estão “vivos”, ou melhor, encarnados; e outros “mortos”, desencarnados. Na verdade não há morte em lugar nenhum da vida e o que há é transformação. “Morre-se” o corpo físico para devolver à Terra os seus compostos químicos, que foi temporariamente emprestado. Daí aquela velha histórica bíblica que o homem veio do barro e ao barro voltará. Tem gente que pensa que isso é “laminha”.
Mas com essa gênese, o espírito foi criado para desenvolver potencialidades que estão latentes e também inatas, precisando só de desenvolvimento. Não há uma categoria de anjos e sim de seres criados da mesma forma e origem e que se tornaram anjos , santos, por esforço próprio. Até Jesus chegou aonde chegou por mérito próprio. Esse negócio de que Jesus foi o filho unigênito de Deus é balela. E o pior é dizer que ele seria próprio Deus, dividido em três partes, a ilógica trindade de uma pessoa só. Ele mesmo, em muitas passagens evangélicas diz em alto e bom som que não é Deus e sim seu filho. O fato é que ele era tão evoluído, detentor de uma mente tão profunda que ainda hoje, mais de dois mil anos depois ainda estamos tentando entendê-lo.
O Espiritismo diz que a humanidade possui duas chagas: o orgulho e o egoísmo. Se você relacionar bem, todos os nossos defeitos provem ou do orgulho ou do egoísmo: Então vejamos:
MENTIRA: orgulho. O mentiroso mente para se dar bem e não ser mal visto na sociedade
DESONESTIDADE: egoísmo. O desonesto quer se dar bem sem muito esforço e age assim para conseguir tudo e mais, passando por cima de tudo.
E por aí vai...
Nós aprendemos também com essas pessoas e elas nos ensinam a agir diferente deles. É preciso “ser do mundo, sem pertencer ao mundo”. Entendeu?
Jesus, Gandhi, Buda e muitos outros, estavam no mundo, mas não pertenciam ao mundo. Fizeram a diferença e não foram orgulhosos e tampouco egoístas, pois nos ensinou também ao caminho para sermos diferentes.
Tudo isso me fez relembra o grande escritor Richard Simonett, quando escreveu o artigo “A PULGA”
A PULGA
( Richard Simonetti)
Entusiasmada com a revelação que lhe fora feita por um médium, a senhora comentou:
– Chico, recebi uma notícia maravilhosa!
– O que foi, minha irmã?
– Minha identidade nos tempos apostólicos
– Beleza!
– Fui mártir. Estive no Circo Romano. Morri devorada por um leão!
Ante a admiração do médium, perguntou:
– E você, Chico, já sabe quem foi?
– Ah! minha irmã, sei sim…
– E daí? Estou curiosa…
– Fui a pulga do leão.
***
O episódio, que nos fala da humildade e do bom-humor de Chico, remete-nos a uma curiosa tendência, relativa às famosas revelações
Geralmente, o iluminado foi rei, rainha, estadista, cientista, artista famoso…
Sempre alguém importante, que se destacou em determinado setor de atividade.
Não se ouve falar de lixeiro, operário, camponês, homem do povo…
Detalhe relevante, nesse assunto, amigo leitor:
Considerando que os que se destacam na política, nas artes, na religião, constituem minoria, certamente há algo de equivocado nessas revelações que privilegiam todos os consulentes.
A experiência demonstra que são produzidas por médiuns ou Espíritos espertos, interessados em incensar a vaidade das pessoas, a fim de conquistar sua confiança e admiração.
Raros não sentem inflar o ego ante a informação de que foram figuras destacadas, em pretéritas existências.
Daí sua disposição em oferecer créditos de cega confiabilidade em favor desses “reveladores”.
***
Não é prudente, portanto, nem conveniente, estarmos devassando o passado, à procura de títulos e honrarias.
Destaque-se que a simples estima por notícias dessa natureza é um atestado negativo.
Os Espíritos esclarecidos, que realmente ofereceram contribuições marcantes, aqueles que deixaram a Terra melhor do que a encontraram, não se interessam por glórias do passado.
Importa-lhes as realizações do presente, dando o melhor de si mesmos em favor do progresso e do bem-estar da Humanidade.
***
Mesmo sem procurar por revelações, podemos ter uma idéia do que fomos, analisando nossas tendências, nossa maneira de ser.
Mas, é preciso cuidado para não interpretar de forma equivocada os sinais.
Alguns exemplos:
• Gostar de roupas elegantes e caras.
Suposição: dama da realeza.
Realidade: costureira de modista.
• Apreciar finas iguarias.
Suposição: rico e refinado gourmet.
Realidade: cozinheiro.
• Estimar a solidão.
Suposição: filósofo.
Realidade: longo e solitário estágio no Umbral.
• Apreciar viagens.
Suposição: desbravador de terras novas.
Realidade: caixeiro-viajante.
• Amor à primeira vista.
Suposição: reencontro com alma gêmea.
Realidade: paixão delirante.
Mais interessante deixar o terreno das suposições e encarar a realidade.
Se Chico dizia-se a pulga do leão, é bem provável que tenhamos sido um Dipylidium caninum, o verme da pulga.
Livro Rindo e Refletindo com Chico Xavier
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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