Este Vale é um grande celeiro de artistas, principalmente no campo da música, muitos deles vivendo hoje do que produzem, mas é extremamente desafiador e dificultoso sobreviver de arte em uma região onde são tão pouco valorizados, apesar de filhos daqui e de ser a música nosso principal produto cultural de consumo.
Nossos contadores, nossas bandas, nossos grupos, nossos compositores precisam ser valorizados moralmente e financeiramente pela sociedade e pelo poder público. E valorizá-los não é um favo que lhes prestamos, mas um dever de consciência artística, e os que não a tem não podem dizer que entendem de música ou que gostam de música.
Anualmente, as prefeituras deste Vale gastam algumas centenas de milhares de reais com a contratação de bandas e cantores para as festas públicas, mas 95% desses recursos vão para os artistas de fora, especialmente do Ceará e Pernambuco. Não é correto que um prefeito pague 30 mil reais por duas ou três horas de show de uma banda cearense, por exemplo, e não contrate o artista da terra, cujo preço é infinitamente menor, sem falar que esse dinheiro vai circular dentro da própria economia local.
É óbvio que o gestor municipal precisa atender ao anseio da juventude festeira, que sempre quer curtir uma banda famosa, mas é necessário que os prefeitos também contratem as bandas e grupos locais e regionais, e não apenas pela obrigação que têm de incentivar e desenvolver a cultura de sua terra, mas, principalmente, pelo fato de que nossos artistas não ficam em nada devendo às atrações que vêm de fora. A única diferença entre eles é a fama, uma fama que é passageira e que nem sempre reflete na qualidade do show que o poder público compra a preço de ouro.
Investir no artista da terra é realizar uma grande obra cultural. Contratar o artista local é lhe proporcionar a oportunidade valiosa para que ele mostre seu trabalho ao público. Esse é o primeiro passo para que o artista conquiste a admiração e o gosto popular, ou seja, o sucesso, mas sem o apoio do poder público, nossos grupos, orquestras, poetas repentistas, filarmônicas, bandas e cantores continuarão quase anônimos e totalmente pobres de reconhecimento.
As duas próximas festas populares do Vale, o carnaval agora e o São João mais tarde, são a oportunidade para que os prefeitos olhem a sua volta e consigam enxergar as preciosidades musicais que estão ao nosso redor, são nossos conterrâneos, muitas vezes cabisbaixos e desestimulados por falta de apoio do poder público.
As prefeituras promovem ao longo do ano inúmeras festas públicas do calendário nacional e, especialmente, municipal, a exemplo de festa da padroeira e aniversário da cidade, eventos dos quais a arte local não pode ficar ausente.
Há dezenas de artistas talentosos excluídos dos contatos e contratos oficiais nesta região, mas um, em especial, pode simbolizar a luta de nossa “prata da casa” por uma oportunidade. Alonso Feitosa canta a genuína música nordestina e, no seu gênero, poucos compositores deste país têm letras tão reais, profundas, humoradas e belas quanto o itaporanguense. Mas Alonso, como muitos outros artistas, sofre o preconceito dos que comandam a cultura popular e nada sambem sobre ela e pior ainda: não conhecem, sequer, os artistas que a terra abriga e que vivem enterrados por falta de uma chance.
E falando nessas coisas tristes e revoltantes, é sempre importante lembrar o episódio envolvendo o Clã Brasil, um grupo formado por filhos de Itaporanga e admirado por onde passa, seja no Nordeste ou fora do país, mas que, lamentavelmente, em um São Pedro recente, foi ameaçado de expulsão do palco de sua própria terra para dar lugar a uma dessas bandas cearenses e descartáveis, como tudo que tem prazo de validade limitado. Vergonhoso para uma terra que deseja ser conhecida como a cidade da musica.
Falta a muitas Prefeituras um projeto cultural voltado a identificar os artistas da terra: onde moram, que arte produzem, do que precisam; e a partir daí desenvolver um trabalho destinado ao incentivo e valorização desses profissionais.
Nossos contadores, nossas bandas, nossos grupos, nossos compositores precisam ser valorizados moralmente e financeiramente pela sociedade e pelo poder público. E valorizá-los não é um favo que lhes prestamos, mas um dever de consciência artística, e os que não a tem não podem dizer que entendem de música ou que gostam de música.
Anualmente, as prefeituras deste Vale gastam algumas centenas de milhares de reais com a contratação de bandas e cantores para as festas públicas, mas 95% desses recursos vão para os artistas de fora, especialmente do Ceará e Pernambuco. Não é correto que um prefeito pague 30 mil reais por duas ou três horas de show de uma banda cearense, por exemplo, e não contrate o artista da terra, cujo preço é infinitamente menor, sem falar que esse dinheiro vai circular dentro da própria economia local.
É óbvio que o gestor municipal precisa atender ao anseio da juventude festeira, que sempre quer curtir uma banda famosa, mas é necessário que os prefeitos também contratem as bandas e grupos locais e regionais, e não apenas pela obrigação que têm de incentivar e desenvolver a cultura de sua terra, mas, principalmente, pelo fato de que nossos artistas não ficam em nada devendo às atrações que vêm de fora. A única diferença entre eles é a fama, uma fama que é passageira e que nem sempre reflete na qualidade do show que o poder público compra a preço de ouro.
Investir no artista da terra é realizar uma grande obra cultural. Contratar o artista local é lhe proporcionar a oportunidade valiosa para que ele mostre seu trabalho ao público. Esse é o primeiro passo para que o artista conquiste a admiração e o gosto popular, ou seja, o sucesso, mas sem o apoio do poder público, nossos grupos, orquestras, poetas repentistas, filarmônicas, bandas e cantores continuarão quase anônimos e totalmente pobres de reconhecimento.
As duas próximas festas populares do Vale, o carnaval agora e o São João mais tarde, são a oportunidade para que os prefeitos olhem a sua volta e consigam enxergar as preciosidades musicais que estão ao nosso redor, são nossos conterrâneos, muitas vezes cabisbaixos e desestimulados por falta de apoio do poder público.
As prefeituras promovem ao longo do ano inúmeras festas públicas do calendário nacional e, especialmente, municipal, a exemplo de festa da padroeira e aniversário da cidade, eventos dos quais a arte local não pode ficar ausente.
Há dezenas de artistas talentosos excluídos dos contatos e contratos oficiais nesta região, mas um, em especial, pode simbolizar a luta de nossa “prata da casa” por uma oportunidade. Alonso Feitosa canta a genuína música nordestina e, no seu gênero, poucos compositores deste país têm letras tão reais, profundas, humoradas e belas quanto o itaporanguense. Mas Alonso, como muitos outros artistas, sofre o preconceito dos que comandam a cultura popular e nada sambem sobre ela e pior ainda: não conhecem, sequer, os artistas que a terra abriga e que vivem enterrados por falta de uma chance.
E falando nessas coisas tristes e revoltantes, é sempre importante lembrar o episódio envolvendo o Clã Brasil, um grupo formado por filhos de Itaporanga e admirado por onde passa, seja no Nordeste ou fora do país, mas que, lamentavelmente, em um São Pedro recente, foi ameaçado de expulsão do palco de sua própria terra para dar lugar a uma dessas bandas cearenses e descartáveis, como tudo que tem prazo de validade limitado. Vergonhoso para uma terra que deseja ser conhecida como a cidade da musica.
Falta a muitas Prefeituras um projeto cultural voltado a identificar os artistas da terra: onde moram, que arte produzem, do que precisam; e a partir daí desenvolver um trabalho destinado ao incentivo e valorização desses profissionais.
Editorial do Folha do Vale - Ed. 146
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