quinta-feira, 23 de abril de 2009

Ex-prefeitos - Brunet Ramalho - 1921 a 1929

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Brunet Ramalho

José Brunet Ramalho nasceu no Sítio Catolé, município de Misericórdia, no dia 23 de outubro de 1883, filho de Napoleão Carlos Brunet e Maria Ramalho Leite Brunet. Seu pai era descendente direto do cientista francês Louis Jacques Brunet, que andou pelo Brasil, no século passado, fazendo filhos e estudando a nossa flora e fauna, o que lhe deu fama internacional.

Ainda criança, Brunet, com a família, mudou-se para a cidade de Pombal, onde estudou as primeiras letras, fez o primário, tornou-se adulto e se interessou pela política. No final da década de 10, ainda em Pombal, foi convocado pelos Nitão, seus parentes afins, para assumir o comando político da família em Misericórdia, já que os seus principais membros estavam em luta com o pessoal do Jenipapo e não tinham tempo para se dedicar às atividades partidárias. Ele atendeu prontamente o convite e, pouco tempo depois, já era reconhecido e admirado pela população de Misericórdia que, em 1921 o elegeu prefeito do município, à época um dos maiores do Estado, com diversas vilas e povoados.

Brunet, um dos prefeitos mais jovens de Itaporanga, foi um homem de visão e muito operoso para os padrões da época, quando os administradores dispunham de poucos recursos financeiros para a manutenção da máquina oficial.

Administrou Itaporanga de 1921 a 1929. Neste período, importou da Alemanha um potente motor para o fornecimento de energia elétrica para a iluminação pública e residencial da cidade. O equipamento foi instalado por por Ítalo, um mecânico Italiano, especialmente contratado pelo prefeito. Esse motor funcionou, com algumas interrupções, até o início dos anos 60, quando no governo de Dr. Paizinho a cidade passou a ser servida por energia fornecida pela hidrelétrica de Coremas. Ainda hoje a volante deste motor se encontra na praça Frei Martinho, por trás da igreja matriz de Nossa senhora da Conceição.

Urna história trágica, segundo Décio Mangueira, envolve o transporte do motor entre o Porto de Cabedelo, via Campina Grande, até Misericórdia. Naquela ocasião o Vale do Piancó vivia momentos de apreensão e medo. Fazia poucos dias que a Coluna Prestes havia passado por lá deixando um saldo de 26 mortos. Certa manhã, a população de Piancó foi surpreendida com a presença de urna enorme máquina, transportada em toras de madeira puxadas por burros. Pensando tratar-se de urna arma de guerra atiraram contra os tangedores dos animais, terminando por matar o chefe deles. Depois tudo foi esclarecido, mas o que tinha sido feito estava feito e nada mais se podia fazer. Só esquecer e deixar o dito pelo não dito. E assim aconteceu.

Amante das artes, José Ramalho Brunet criou a primeira banda de música da cidade, cuja regência foi entregue ao maestro Batista Siqueira, natural do município de Conceição. Foi também responsável pela vinda de duas professoras para a cidade, dona Elvira e dona Zuleima, que alfabetizaram centenas de crianças e jovens itaporanguense.

Criou o Conselho Municipal, que se reunia periodicamente para discutir para discutir os problemas da cidade, e construiu o Mercado Público, cujo local deu origem, anos depois, à sede da Prefeitura Municipal, onde funciona até hoje.

Preocupado com o urbanismo da cidade, estimulou os donos de imóveis a modernizarem suas residências, melhorando os aspectos das fachadas e construindo calçadas para maior conforto dos transeuntes.

José Brunet Ramalho, foi o primeiro prefeito de Itaporanga, eleito em eleição direta e pelo voto nominal (voto cantado), onde o eleitor dizia aos mesários o nome do seu candidato. Quando terminou o seu mandato, tentou a reeleição. Venceu duas eleições seguidas, mas os resultados não foram reconhecidos. No terceiro pleito houve muita confusão, tiroteio e, ao final, o eleito foi o médico José Gomes da Silva.

Desgostoso, seguiu para Princesa Isabel. Foi juntar-se às tropas do seu amigo, o coronel José Pereira de Lima que lutava contra as tropas do governo estadual. Naquela ocasião, sofreu na pele a derrota das tropas Perrepistas. Resolveu então viajar para São Paulo e unir-se ao movimento que se formava contra Getulio Vargas, o chefe dos seus inimigos políticos e pessoais na Paraíba. O ano era 1932. Desde que chegara a São Paulo Brunet unira-se aos revolucionários, primeiro participando das reuniões políticas e depois do movimento armado. De arma em punho, nas trincheiras da luta, viu muita gente morrer, milhares de pessoas ficarem feridas.

Ele acreditou sempre que todo aquele sacrifício valeria a pena. O ano ainda era 1932. E no dia 10 de maio, todo o seu sonho de vitória havia caído por terna. As tropas paulistas não suportaram a superioridade e a capacidade bélica das tropas de Getulio e se renderam. E, naquele dia, o seu coração também não suportou mais urna derrota, mais urna humilhação e explodiu vítima de um ataque fulminante. Naquele momento, Misericórdia perdia um dos seus filhos mais ilustres, que deixou viúva Julia Leite Brunet e na orfandade Napoleão, Francisco, Carlos, Joãozito, Ivo, Eunice, Lucrécia, Carmelita e Clemilda.

Brunet Ramalho foi um dos candidatos a "O Itaporanguense do Século" mas obteve apenas 24 votos num universo de 1509 eleitores, sendo que deste total 09 votaram em branco ou tiveram seus votos anulados. Brunet obteve o penúltimo lugar, dentre os onze candidatos. A Vencedora foi Mãe Burrego que obteve 583 votos, ou seja, 38,9% dos votos válidos.

Fontes: Revista Itaporanga, janeiro de 2000 e Revista O Itaporanguense do Século, junho de 2001

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