A PAISAGEM ESTÁ MUNDANDO
(Reynollds Augusto)
O tempo é inexorável e a vida material curta demais. Tem-se a impressão de que tudo não passou de um sonho: infância, adolescência, maturidade, velhice, morte. Morte? Que nada desencarne.
O que morre mesmo para se transformar é esse corpo. Mas não somos este corpo. Ele sim é uma ferramenta de trabalho de cada um rumo à evolução. Estamos temporariamente com esse corpo que, coitado, morre todos os dias um pouquinho e nem nos damos conta disso. E tem casos em que a morte chega muito cedo para aqueles que usam mal essa ferramenta. Ela se desgasta com a droga, o fumo. a bebida exagerada, o ódio, o rancor as ilusões. Você pode ter uma programação de vida de 80 anos e morrer com a metade ou menos. Tudo vai depender de como se encara a vida. Tem gente que vive gastando as suas energias apenas em busca do “ter” que é importante, mas secundário e esquecem do mais importante ir em busca do “ser”. Jesus, o mestre dos mestres, já asseverou “conhecereis a verdade e ela vos libertará” e que “devemos buscar primeiro o reino de Deus e sua justiça e todo o resto nos seria dado por acréscimo”. Tem muita gente sem rumo porque não se dá a oportunidade de sair em busca dessa verdade. Depois, em outra oportunidade, vou tentar tecer comentários sobre ela.
Mas esse preâmbulo foi para dar início a alguma impressões pessoais da nossa querida Itaporanga. Fui moleque na rua Pedro Américo, hoje Soares Madruga. Moleque sim senhor! Moleque de rua ,de carteirinha. Foi o melhor tempo da minha vida, como também esse período foi o melhor tempo da vida dos leitores dessa página. Nada consegue apagar da mente os momentos mágicos de nossa infância. É o período da fantasia e como essa magia interior nos propicia felicidade, não conseguimos esquecer essa fase de nossa existência. O contato com a natureza, com a chuva, com as brincadeiras em que todos estavam presentes interagindo, sendo felizes. Hoje os nossos filhos, coitados, brincam com o computador. Com uma máquina. Não sabem o que estão perdendo. Mas é o tempo que é inexorável e devemos respeitar o momento deles.
A Rua Pedro Américo está mudando. Primeiro começou a mudar a paisagem humana e foram-se os mais velhos que fizeram parte do nosso contexto existencial. Hoje vendo tudo com a ótica dos românticos identifiquei que os velhos “pés de castanholas” estão se indo e estão surgindo os “pés de figo”. Na minha infância querida o único “pé de figo” que existia entre nós era o que estava em frente da nossa querida “Dona Branca” mãe do também querido Paulo Conserva. Naquele tempo uma árvore frondosa que nos passava uma paz indizível. O “bichinho” foi morrendo aos poucos e disseram que foi óleo queimado que jogaram em suas raízes. A sua morte gerou uma comoção geral na então Rua Pedro Américo. Ainda bem que ainda remanescem os “pés de algaroba” que, como Dona Branca, resiste ao tempo, graças a Deus. Remanesce, também, um único “pé de castanholas” que é que está em frente à residência do saudoso Zé Bidô.
Mas nós, moleques da Rua Pedro Américo, acordávamos de madrugada para irmos à "caça" das apetitosas castanholas. Era um jogo e quem mais colhesse ganhava a disputa. Castanholas, verdes, amareladas, vermelhas, grandes, pequenas, gostosas, sem sabor.
O primeiro a acordar era o meu amigo de infância, Juvianês ou “Veizinho”. Com a sua disposição de sempre saía a acordar os outros preguiçosos. Eu fui um deles. Mas tinha que enfrentar o sono e me "armar" para sair em mais um missão importantes daqueles dias que ficaram registrados no éter. Era necessário se aproximar do ‘pé” em frente a casa do saudoso Chico Leite. Lá estavam as castanholas maiores e apetitosas da cidade. Depois subíamos a rua e nos dirigíamos ao “pé´” do também saudoso CHICO GUIMARÉS, que ficava irritado quando os moleques subiam em sua árvore de estimação. As castanholas de Chico Guimarães eram menores, mas muito apetitosas.
- “Ainda bem que Damiaozinho não se junta com esses moleques”. Dizia”. Não sabia ele que Damiaozinho era o chefe dos moleques.
Não poderíamos deixar de passar pelo ‘pé” de Jesus, marido de Beata. As castanholas de Jesus eram doces e grandes. Sempre um subia e outro ficava em baixo colhendo. O que era chato é que espantávamos os pássaros daqueles tempos e que hoje também se foram, os azulões. Nunca mais os vi por aqui. E antes do sol despertar ainda desamarrávamos o carrinho de madeira de Jesus que estava no seu “pé” de castanholas e levávamos lá para o alto, para depois a molecada subir em cima e descer a rua em desabalada. O velho “veizinho” era o motorista. Era uma grande emoção até Jesus se dar conta e botar a molecada para correr... Jesus partiu cedo.
Mas, são impressões de um momento que estão registradas nos arquivos da vida. São paisagens que não voltam mais, são momentos que não se perdem e que estão arquivados no mais profundo do nosso ser. A paisagem muda se transforma e todos nós espíritos imortais vamos passando e aprendendo até atingirmos o patamar mais alto da evolução que não tem limite. O planeta Terra vai passar, o nosso sol, o nosso sistema, a nossa galáxia e nós continuaremos vivos, pois somos imortais até atingirmos a felicidade plena.
Aproveite e sinta a paisagem.Ela muda rápido... PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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