.
Um canto em Memória de Amaury Freitas Pinto (Tarzan)
Antes de seu nome virar Saudade, ele nasceu Amaury Freitas Pinto, rebento dos intemporais Jorge de Freitas Queiroz e Noemia Gomes Pinto Freitas, mas na vida inteira foi conhecido pelo carinhoso batismo que os pais, irmãs, primos, sobrinhos, filho e sobretudo a enorme e heterogêna multidão de amigos cativados ao longo de sua caminhada terrena foram lhe dando: Bali, Balila, Tio Balila, Teobaldo, Tió e aquele cuja simbiose com seu dono alcançou foros de eternidade, Tarzan.
A figura esquálida e frágil era o contraponto natural e dimensionado do Espírito puro, espontâneo, solidário e fraterno que habitou aquele corpo. Homem de grandezas tais, de coração intimorato e cordato, conseguiu alcançar ainda em vida o que muitos jamais conseguirão em tempo algum: a transcendência. De fato, a sua humildade, que é mãe de todas as virtudes, fez-lhe eterno antes que fosse dormir seu sono dos Justos.. Poucas vezes alguém terá vivido tão plena e intensamente, em puro exercício do Livre-Arbítrio, e de forma a ser querido por todos, mesmo quando sua irrequieta e irreverente inteligência nos importunasse entre risos e dores.
Com sua franqueza de menino, cedo percebeu a efemeridade da existência humana, sua fragilidade e a nossa isonômica condição de mortais. “Humanos, demasiado humanos, é o que somos”, dizia Nietzsche, e assim Tarzan professou e viveu sua vida como quis, feliz em sua inimitável simplicidade, compreendendo que todos possuímos defeitos e virtudes, todavia também somos dotados pela infinita Misericórdia de Deus com a benção da tolerância, que aproxima e torna indelével e fecunda a bondade humana.
Doravante a realidade nos impõe a ausência da “ sombra magra de um guerreiro encouraçado”, como tão bem definiu o poeta Isaac Mariz, isso não podemos mudar. Contudo, em diametral contraposição, com sua partida aos Céus, Amaury viverá em todos nós na mesma intensidade com que sempre viveu, radiante em sua alegria, incomparável em suas histórias e causos, floreados por uma inteligência refulgente e mordaz, aguda em criar situações prodigiosas e dar-lhes a narrativa envolvente; que fazia explodir os risos multiplicados de todos nós que tivemos a grata oportunidade de ouvi-lo contar, ainda sóbrio, uma de suas facécias, antes que as nuvens líquidas lhe povoassem os sentidos.
Hoje lamento imensamente, confesso, que as centenas e centenas de farras que fizemos ao longo da vida não tenham sido milhares, quiçá, milhões. Desde que que se foi, num domingo (os boêmios não deveriam morrer aos domingos), que me ponho a pensar, divagando e rindo de tantos momentos que compartilhamos, os bons e os maus, e em todos, jamais vimos Tió se entristecer, ou se deixar contaminar por sentimentos menores. Como bem disse Assimário Pinto, “sua alegria era contagiante”.
E assim o foi em todas as circunstâncias. Na Família Pinto, a numerosa e reverente presença, silenciosa e solene, em seus últimos atos, fala por si mesma do quanto foi querido. Os amigos, quantos, tantos, de todas classes sociais, acostumados a viver abrigados nos rincões benéficos daquele coração fraterno, choravam sua morte como a perda de um ente dos mais amados. Ele foi irmão de todos nós. Seus companheiros de DETRAN, compungidos, imaginavam o devir sem suas brincadeiras, tiradas, lorotas de um cotidiano despreocupado e feliz em viver apenas a magia e o mistério insondável do momento.
Toda a Boêmia que o conheceu lamenta que tenha se ido. Mas exalta, à voz corrediça, sua lembrança perene, entre um e outro gole – duplicados - porque agora temos que saudar sua Memória, assim como ele faria, se por aqui estivesse, e como sempre fez, alegremente, durante o tempo que Deus permitiu que ele vivesse nesta banda da vida. Nossas festas não serão as mesmas, nem os Natais, nem os funerais, nem o Parque do Povo, a Casa do Poeta ou a amada Boa Ventura, nada será como antes, no dizer popular. Digo-lhe, no entanto, Tarzan, que sentiremos sempre uma profunda saudade, dessas que fazem o sanfoneiro suspirar, o poeta se inspirar, e a melodia e a poesia florescerem e sair dançando abraçadas, perfeitas, deslizando sutilmente ao som nascido do fundo do peito sincero dos seus amigos saudosos, na certa lembrança que você também estará sorrindo e nenhuma morte do mundo poderá nos afastar ou esquecer.
De tanto contares lendas, tu próprio daqui por diante serás uma lenda, contada e recontada, por atavismo, pelas gerações que te conheceram e pelas tantas que virão, às quais será transmitida a história de um cavaleiro magro e feliz, amante da noite, do copo e da poesia, honesto e destemido, que um dia ousou viver segundo seu exclusivo alvedrio e assim alcançou a Eternidade, na exata compreensão que ela não é um lugar, como outros pensam, mas um caminho sem fim.
A figura esquálida e frágil era o contraponto natural e dimensionado do Espírito puro, espontâneo, solidário e fraterno que habitou aquele corpo. Homem de grandezas tais, de coração intimorato e cordato, conseguiu alcançar ainda em vida o que muitos jamais conseguirão em tempo algum: a transcendência. De fato, a sua humildade, que é mãe de todas as virtudes, fez-lhe eterno antes que fosse dormir seu sono dos Justos.. Poucas vezes alguém terá vivido tão plena e intensamente, em puro exercício do Livre-Arbítrio, e de forma a ser querido por todos, mesmo quando sua irrequieta e irreverente inteligência nos importunasse entre risos e dores.
Com sua franqueza de menino, cedo percebeu a efemeridade da existência humana, sua fragilidade e a nossa isonômica condição de mortais. “Humanos, demasiado humanos, é o que somos”, dizia Nietzsche, e assim Tarzan professou e viveu sua vida como quis, feliz em sua inimitável simplicidade, compreendendo que todos possuímos defeitos e virtudes, todavia também somos dotados pela infinita Misericórdia de Deus com a benção da tolerância, que aproxima e torna indelével e fecunda a bondade humana.
Doravante a realidade nos impõe a ausência da “ sombra magra de um guerreiro encouraçado”, como tão bem definiu o poeta Isaac Mariz, isso não podemos mudar. Contudo, em diametral contraposição, com sua partida aos Céus, Amaury viverá em todos nós na mesma intensidade com que sempre viveu, radiante em sua alegria, incomparável em suas histórias e causos, floreados por uma inteligência refulgente e mordaz, aguda em criar situações prodigiosas e dar-lhes a narrativa envolvente; que fazia explodir os risos multiplicados de todos nós que tivemos a grata oportunidade de ouvi-lo contar, ainda sóbrio, uma de suas facécias, antes que as nuvens líquidas lhe povoassem os sentidos.
Hoje lamento imensamente, confesso, que as centenas e centenas de farras que fizemos ao longo da vida não tenham sido milhares, quiçá, milhões. Desde que que se foi, num domingo (os boêmios não deveriam morrer aos domingos), que me ponho a pensar, divagando e rindo de tantos momentos que compartilhamos, os bons e os maus, e em todos, jamais vimos Tió se entristecer, ou se deixar contaminar por sentimentos menores. Como bem disse Assimário Pinto, “sua alegria era contagiante”.
E assim o foi em todas as circunstâncias. Na Família Pinto, a numerosa e reverente presença, silenciosa e solene, em seus últimos atos, fala por si mesma do quanto foi querido. Os amigos, quantos, tantos, de todas classes sociais, acostumados a viver abrigados nos rincões benéficos daquele coração fraterno, choravam sua morte como a perda de um ente dos mais amados. Ele foi irmão de todos nós. Seus companheiros de DETRAN, compungidos, imaginavam o devir sem suas brincadeiras, tiradas, lorotas de um cotidiano despreocupado e feliz em viver apenas a magia e o mistério insondável do momento.
Toda a Boêmia que o conheceu lamenta que tenha se ido. Mas exalta, à voz corrediça, sua lembrança perene, entre um e outro gole – duplicados - porque agora temos que saudar sua Memória, assim como ele faria, se por aqui estivesse, e como sempre fez, alegremente, durante o tempo que Deus permitiu que ele vivesse nesta banda da vida. Nossas festas não serão as mesmas, nem os Natais, nem os funerais, nem o Parque do Povo, a Casa do Poeta ou a amada Boa Ventura, nada será como antes, no dizer popular. Digo-lhe, no entanto, Tarzan, que sentiremos sempre uma profunda saudade, dessas que fazem o sanfoneiro suspirar, o poeta se inspirar, e a melodia e a poesia florescerem e sair dançando abraçadas, perfeitas, deslizando sutilmente ao som nascido do fundo do peito sincero dos seus amigos saudosos, na certa lembrança que você também estará sorrindo e nenhuma morte do mundo poderá nos afastar ou esquecer.
De tanto contares lendas, tu próprio daqui por diante serás uma lenda, contada e recontada, por atavismo, pelas gerações que te conheceram e pelas tantas que virão, às quais será transmitida a história de um cavaleiro magro e feliz, amante da noite, do copo e da poesia, honesto e destemido, que um dia ousou viver segundo seu exclusivo alvedrio e assim alcançou a Eternidade, na exata compreensão que ela não é um lugar, como outros pensam, mas um caminho sem fim.
Até.
De seu primo-irmão, Amaro Gonzaga Pinto Filho
Campina Grande-PB, Outubro de 2.009.
.
Campina Grande-PB, Outubro de 2.009.
.
0 comentários:
Postar um comentário