O CARNAVAL QUE SE FOI
Por Reynollds Augusto em 12/02/2010
Todos nós sabemos que o carnaval é período de festas profanas de origem medieval que vai do dia de Reis à quarta-feira de Cinzas. São três dias que precedem a Quaresma...
Mas o carnaval já foi uma festa popular menos violenta e mais ingênua. Lembro-me muito bem, que quando criança, o meu pai, Ademar Augusto, festeiro por natureza, nos levava ao quase “falecido” Campestre Clube de Itaporanga para pularmos o carnaval ao som das orquestras de frevos de Itaporanga. Íamos todos. A família reunida brincava ao som dos tradicionais frevos e das eternas marchinhas que encantavam a todos, com melodias acalentadoras e letras emocionantes. A “família de astros” na época era composta por Costa e seus filhos Bobó, Costinha, Radegundes e outros que os acompanhavam. Aquilo era Carnaval de verdade, fazendo a festa do povo de Itaporanga. O ponto alto era quando a orquestra tocava “Vassourinha”. Os sons dos metais varriam a tristeza e as famílias de divertiam sem receios. Nesse momento ninguém ficava sentado. Máscaras, talcos, lantejoulas, adesivos, confetes, papeis coloridos, anilina... eram os enfeites da festa que se perderam.
Lembro-me muito bem dos diversos tipos de máscaras que serviam para mudar a face dos foliões. No campestre cada parede tinha uma diferente. Eu gostava da figura do super-homem, um ser imbatível que não morria e que ganhava todas. Todos nós somos meio que super-homens, pois a nossa força está dentro e à medida que nos despertamos para os valores reais do espírito, vamos mudar de direção e a “festa” se torna interior. Hoje essa festa popular perdeu o sentido pois em época de Carnaval é melhor ficar em casa protegido .Muita droga, muito apelo sexual, muita bebida, muito acidente e pouca diversão. O Carnaval não é mais a festa da família.
É o excesso pelo excesso.
Antes, nas ruas de Itaporanga, as falecidas escolas de samba animavam a cidade. Essas falecidas mesmo! Uma das melhores era a de DAMIAO GUIMARAÉS que reunia a molecada da Pedro Américo para batucar, desfilando por todas as ruas de nossa mãe Itaporanga. Um barulho ensurdecedor, mas que satisfazia com os seus bumbos, taróis, triângulos, etc.. As meninas saíam fantasiadas de odaliscas, ciganas.
Havia também a escola dos veteranos do Cantinho, Gelmires, Zé Badú, Chico Cabral, Martinho Cabral... que fazia a festa fantasiados a apitar pela cidade. Era momento de alegria em que os amigos se encontravam para se confraternizar. O bom mesmo era no último dia de festa, terça-feira, em que a orquestra do Atlântida Esporte Clube puxava, ao final da tarde, os foliões a pular pelas ruas na despedida final. E quer dizer dos carros circulando inúmeras vezes à rua Getúlio Vargas som seus buzinaços até o sol se esconder? Tempo que não volta mais e momentos que se “esvaíram pelas mãos”. Êta vida ligeira!
Mas há, também, o outro lado da moeda. Não somente os “vivos” brincam carnaval. Os “mortos” também. Caetano Veloso quando canta “atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu está enganado. Há na esfera espiritual uma multidão de pessoas desencarnadas que também são foliões que nos passam boas ou más influências a depender da faixa de nossos pensamentos. Como somos um planeta de provas e expiações são mais más as inferências. E é por isso que os excessos de todos os gêneros sempre estão presentes na festa pagã. O orai e vigia está longe do comportamento humano, surgindo as mortes, os suicídios, as drogas, as loucuras...
Bezerra de Menezes, espírito bem quisto no movimento espírita, nos diz que “o Carnaval é festa que ainda guarda vestígios da barbárie e do primitivismo... e que ela um dia desaparecerá da Terra para em seu lugar predominar a alegria pura sem nenhuma promiscuidade.
Certos estão os espíritas que passam os três dias de carnaval no aprendizado, geralmente em estabelecimento longe da folia, se irmanando no aperfeiçoamento que gira em torno das grandes questões da humanidade. São palestras, oficinas, teatro, músicas... e alegria. A verdadeira alegria. Tão bom que ao terminar a experiência temos a sensação de sairmos do mundo do equilíbrio para voltarmos ao mundo das ilusões e das dores em que os adormecidos pensam que se divertem.
Mas o carnaval, como se apresenta , vai acabar, segundo Bezerra de Menezes e o nosso de outrora em Itaporanga, já se foi.
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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