sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Nihil Novi sub Sole


Por Jesus Soares da Fonseca

Exatamente como reza o título, não há novidade sob o Sol, como dizia Salomão. As manhas, as mesmices, as tentativas de engodo são as mesmas de campanhas passadas. Em 1990 não havia as ferramentas de comunicação como em dias hodiernos. A telefonia celular voava alto pelos céus brasileiros, não era coisa para os mortais filhos deste Solo da Mãe Gentil. A informática era do conhecimento apenas dos técnicos que lidavam com Mainframe, computadores de grande porte, como Programadores e Analistas de Sistema, pois os Micros eram ainda objeto de desejo do Povo da Pátria Amada, naqueles tempos. Sobrava apenas a Televisão que, devida a ignorância da grande Massa, principalmente na política, servia como meio de propalar o que bem entendessem as Elites que devesse ser publicado.

Assim, na campanha eleitoral daquele ano, que tinha como Candidatos a presidência o barbudo analfabeto, o enxerido torneiro mecânico contra o Moço filho das Elites, de Família Tradicional das Alagoas, considerado o caçador de “marajás”, a população foi bombardeada com estórias torpes e escabrosas com a finalidade de esbarrar a escalada daquele “Zé Ninguém” advindo de Pernambuco através dos Sindicatos do ABC Paulista.Para tanto, baderneiros disfarçados vestindo a camisa vermelha e desfraldando bandeiras do PT eram introduzidos nos comícios do PSDB/PFL e mostrados na Televisão, através do Jornal Nacional e outros Telejornais da época, como se fossem militantes petistas a bagunçar o evento. “Militantes Petistas tentaram, hoje à tarde, aterrorizar os eleitores da campanha gloriosa de Collor de Melo! É um desespero total desta turma em querer barrar a vontade do Povo em favor do protetor dos descamisados!”. Eram estes chavões que, através da Mídia, faziam a cabeça do incauto eleitor sem instrução política.

E o caçador de Maracujá foi eleito, e só Deus sabe como, e deu no que deu! Aliás, Eu e um “montão” de gente temos dúvida daquela vitória com aquela margem ínfima de votos. Por que se negaram a recontar? São águas passadas que deixam o moinho ocioso! Prepotente e Pretensioso o filho das Alagoas, agora hóspede da Casa da Dinda, partiu contra tudo e contra todos, inclusive contra a Elite que o levara ao Palácio do Planalto, a qual não suportando tal perfídia, conduziu, através da Mídia, o Povo às ruas e determinou ao Congresso sua cassação.

Em 1994, lá estava o barbudo que não se enxergava, “astravez”, como se diz em nosso regionalismo sertanejo, tentando chegar ao Cargo Maior da Nação. Entretanto, aproveitando-se da ingenuidade política da massa, os Perenes “donos do Poder”, incutiam-lhe, não na cabeça, mas no seu ardor fervoroso, que o Operário era Comunista e que se eleito iria transformar o Brasil numa União Soviética e, consequentemente, acabar com a Religião. Quanta podridão! E o que era pior, toda esta coisa sórdida apoiada por aqueles que deveriam instruir nossa gente na verdadeira senda religiosa, quando na verdade o ímpio naquela estória toda, era o Senhor Fernando Henrique Cardoso, ateu confesso. Favorecido, então, pela fortaleza do Plano Real, o candidato supimpa das Elites foi alçado ao trono de Brasília.

A População, com a mente coberta pela névoa da ingenuidade, estava feliz! O novo Plano, que jogara na lata de lixo os ZEROS que atormentavam o dinheiro antigo tornando-o insignificante perante as moedas internacionais, surgia com uma moeda de cara nova, o REAL, muito forte e, o que era mais satisfatório, debelara a inflação que corroia os salários. Na verdade, o Plano Real era e é magnífico! FHC tinha sua grande chance para dizer ao povo que o elegera que Ele estava ali para começar uma nova era para o País. E Que chance! Tinha a faca e o queijo nas mãos, o Plano Real com toda sua grandeza para expansão de uma economia! Contudo, o Rei Salomão, com toda sua sabedoria já dizia: “stultorum infinitus est numerus”, e, como o Monarca Hebreu, assim pensavam as Elites no Poder: “a quantidade de tolos é muito grande”, podemos ludibriá-la.

E que fez o governo do PSDB/PFL e Cia, através de seu capitão-mor FHC? Estancou a inflação momentaneamente e achou que aquilo era o suficiente para a população, que era o remédio para um povo sedento de progresso. Fez tal qual o cavalariço da fábula, passava o dia alisando o cavalo, enquanto, dos grãos destinados à alimentação do animal, escolhia os melhores para vender e obter bons lucros, provocando com isso a reação do quadrúpede que lhe falou: se o senhor realmente me deseja ver em boas condições, deveria me alisar menos e me alimentar melhor!

Lá se foram oito anos malfadados para a Nação! A classe média, mola motora de qualquer economia num país, sucumbira e quase desaparecera, notadamente em função do congelamento do ordenado dos assalariados, do desemprego sempre em constante alta, dos desmandos da política do FMI que ditava as normas de arrocho à população. A corrupção correndo solta e embutida como fogo de monturo, onde apenas se ver mera fumaça a se desprender do lixo, e os processos sendo engavetados por um Procurador, um tal Brindeiros, como o nome sugere, uma verdadeira dádiva ao governo FHC e, num trocadilho simples, uma dívida para com o Povo.A ciranda “doleira”, apurada pela CPI dos Bancos, favorecera aos Cacciolas da vida, a Bancos falidos, como Fonte Cindam e Marka e ao Presidente do Banco Central, na época, Francisco Lopes e a alguns de seus membros, como Tereza Grossi, esta acusada formalmente de ter auxiliado aqueles bancos e ao banqueiro Cacciola, na chamada operação de socorro aquelas instituições que custou aos cofres brasileiros a bagatela de mais de um milhão e meio de Reais.

Meses mais tarde, num total desrespeito as ações do Ministério Público contra Ela, FHC nomeou-a Diretora do Banco Central. Beleza! E um caso inusitado aconteceu! O relator da CPI, João Alberto desistiu de apresentar as preliminares de seu relatório sobre o escabroso caso daqueles Bancos com a desculpa de não poder prosseguir com seus trabalhos de investigação, ante a enxurrada de liminares concedidas pelo STF, entre elas, uma que proibia a queda dos sigilos telefônico, fiscal e bancário do Senhor Francisco Lopes, Presidente do BC, indivíduo acusado de ter ganhado um milhão de Reais na ciranda dos dólares. Como? Em setembro de 1998 fez compra de dólares, não como Presidente do BC, no mercado futuro já conhecendo, segundo a CPI, o resultado, ou seja, compra do Dólar barato e venda em Janeiro de 1999, com a moeda altamente valorizada, por conseguinte, lucro exorbitante. Isto é apenas café pequeno do que ocorreu no Governo anterior a Lula, do qual o Senhor Serra era peça importante, senão a mais.

A telefonia móvel chegou ao Brasil, com instalação em Brasília de 150 terminais, por volta de 1972, um sistema de baixa capacidade. Era o bebê que começava a engatinhar para se tornar um “rapazinho” da tecnologia celular, dezoito anos mais tarde, com a implantação da Telefonia móvel Celular no Rio de Janeiro. A Fase adulta ocorreu em 1997 com a operação do serviço celular digital em todo o Brasil.

Sem que as Elites e seus cumpinchas dessem conta, isto era um dos punhais que no futuro, juntamente com a informática e a TV, viriam lhes ferir mortalmente. Embalados pelo eterno Poder e pela cupidez, muito mais, pelo pensamento de que o povão era destituído de INTELIGÊNCIA, não vislumbraram a catástrofe política que se avizinhava. Era ou ainda é a cegueira de pensamento que nunca via a educação como um dos pré-requisitos para o desenvolvimento de um Povo, de uma Nação e, conseguintemente, de sua auto-independência e de sua autonomia.

Chegamos ao Ano da Graça de 2002. O Povão, sofrido por uma tempestade de desmandos, mas já possuindo o poder de discernir, começa a olhar para trás e ver quanto estava sendo ludibriado por insensatos de todos os calões. Eis que novamente o enxerido, o ousado filho do agreste pernambucano está de volta, agora com novo epíteto, o molusco, apesar de faltar-lhe um tentáculo em uma das mãos, já que de analfabeto não podia mais ser chamado, pois em curto espaço de tempo, inteligente como poucos, aprendera as nuanças ou nuances, como queiram, da Flor do Lácio, nosso rico e belo Idioma.

Os elitistas e grande parte da Mídia zombavam do barbudo, cognominavam-no, também de apedeuta. “O cara é burro, mesmo, candidata-se pela quarta vez para tomar mais chumbo, ainda”, diziam uns terceiros. Ledo engano! A massa sedenta de avanço fez ver o inverso e disse ao Homem do Povo; “é a sua vez, mostre-nos que irá transformar esta Nação, que fará com que Nós venhamos sentir orgulhosos dela, que Sua Bandeira tremulará entre as demais no Universo e que nós não tenhamos mais vergonha de dizer que somos Brasileiros com muito orgulho. E o Operário não vacilou, cumpriu o desejo dos filhos da Terra de Santa Cruz com muito esmero e dedicação.

Todavia aquela campanha não foi fácil! José Serra, o apadrinhado de FHC, o desejado pelos letrados e formados filhos da “burguesia” que comandara o País até então, chegara ao posto de candidato passando por cima de alguns de seus companheiros que almejavam também a candidatura não importando os meios, como o da deleção de Roseana Sarney. Com uma sanha sem par, segundo os noticiários da época, Serra armou um serviço de espionagem a partir de um Núcleo de Inteligência instalado na CEME, Central de Medicamentos, comandado pelo Senhor Marcelo Itagiba, delegado da PF, hoje deputado federal pelo PSDB. Com grampos ilegais, com o uso da Polícia Federal e com um dossiê detonaram a Candidatura de Roseana deixando Serra como candidato a enfrentar Lula. Foi o famoso caso Lunus, tudo planejado com o aval de FHC.

Lembro-me, como se fosse hoje, o tom zombeteiro de Serra, na entrevista feita pela Globo, já no segundo turno, ao replicar LULA: “Lula o eleitorado não é bobo, como é que você vai conseguir 8 milhões de emprego com uma economia de mercado que nós temos? Acorda, Lula!”.Na época, Serra e Cia acreditavam muito nos economistas brasileiros vindos das Universidades Estadunidenses e da Europa. Eles e somente eles eram os donos do saber. Seguiam ao pé da letra o adágio latino: Roma locuta causa finita. O que eles falassem estava falado, não adiantavam argumentos. E ainda hoje é assim. Continuam de Nariz em arrebito, ignorando o progresso do País. Talvez dentro de suas petulâncias, o Brasil cresce por obra do acaso ou de muita sorte do Presidente. Que continue, assim!

Para desespero do PSDB e de seu Alcaide-mor, Fernando Henrique Cardoso, o povão começou a responder às pesquisas colocando o POLVO Barbudo como primeiro colocado e em disparada rumo ao Planalto. Sem mais meios de conter a escalada do metalúrgico e já antevendo a derrota de seu pupilo, FHC perversamente liberou os preços a deus dará, provocando com isto o aumento da inflação. Truque sujo! Era como se dissesse, você ganha barbudo, mas não governa! E o Homem dos sem números de adjetivos pejorativos foi eleito e governou como nunca se tinha visto em terras de aquém mar.

Durante seu primeiro mandato, inconformados com o fragoroso e inusitado revés sofrido na campanha pretérita, os ex-pretensos Donos do Poder não se conformaram e partiram com força total para desalojar o Filho do Povo, do Poder. Para tanto se aproveitaram das fraquezas de uma leva de desonestos que havia dentro do Partido dos Trabalhadores para querer, não só destruir completamente o Partido como destituir o Mandatário Máximo da Nação do posto que a massa lhe outorgara. CPMI e CPI de todos os tipos foram criadas, todas fugindo ao seu real caminho de investigação, mas sem exceção, todas com um único foco, o Impeachment de Luis Inácio da Silva Lula.

CPMI dos Correios investigando mensalão, CPI do Mensalão não investigando nada, pois a dos correios já o fazia, servindo apenas para ouvir Roberto Jefferson dizer que ficara com 4 milhões mas não diria aonde estavam para não prejudicar seus companheiros de Partido, CPMI dos Bingos, apelidada CPMI de Efraim, seu Presidente, investigando a morte dos prefeitos petistas de Santo André e Campinas, a vida particular de Palloci, tudo com o intuito de colocar Lula dentro do “imbróglio”. Tudo em vão! O povão já começava a desconfiar destas tramas maquiavélicas, tanto que nas próximas eleições iria fazer do PT o Partido de maior representação na Câmara Federal.

Em 2006, não foi diferente, surgiram quase que endemoninhados. José Serra, ainda abatido politicamente e sem o aval do cacique, cedera, não sem relutância, o posto de Pretendente ao Palácio do Lago do Paranoá, para Geraldo Alckmin, candidato do PSDB/DEM/PPS. Na campanha, descobriram que a população, em sua maioria, já não aceitava os engodos do passado. Teriam que criar casos extraordinários para ver se barravam a vitória do Barbudo Torneiro que já se fazia presente. Quanto mais se aproximava o dia do pleito, mais desesperadora ficava a situação. Então, imaginaram aquilo no qual eles são peritos, o “conto do dossiê”.

Alguns setores do Partido dos Trabalhadores, em São Paulo, sempre primaram para manter a hegemonia interna do Partido no seu Estado. Em 2006, com a possível derrota de Mercadante ao Governo do Estado, houve um temor que esta hegemonia ficasse com os Mineiros, pois no Estado das Alterosas, através de Patrus Ananias, que tivera em 2002 mais de 520 mil votos para Deputado Federal, uma das mais expressivas votações em Minas para o Cargo, o PT era forte. Sabedores de tal situação dentro das hostes petistas, os opositores da vitoriosa campanha de Lula engendraram um famigerado Plano. Pessoas, se passando por neutras no processo eleitoral, fizeram chegar a alguns “cabeças de bagre” petistas a notícia de que eram possuidores de um dossiê capaz de derrubar a eleição já vitoriosa de Serra ao Governo de São Paulo.

Exigiram determinada soma de dinheiro e marcaram um encontro para entrega da suposta “mercadoria” num dos hotéis da Cidade. O impressionante da estória, é que às quatro horas da manhã do dia combinado, além da Polícia se encontrava no local, a equipe da Rede Globo para gravar o acontecimento. Legal, ein? A tal reportagem foi veiculada diariamente, em todos os jornais da Emissora, até o dia da eleição, mostrando a dinheirama que seria paga pelo tal Dossiê que jamais foi mostrado. O inusitado da trama urdida é que apenas os portadores do dinheiro foram presos, quem ia vender nunca apareceu nem o tal documento. E para chocar mais ainda os incautos, os inseguros, exploraram, através da Mídia até a última gota, o desastre com o Boeing 737 da Gol, derrubado por Legacy Estadunidense, em 29 de setembro daquele ano.

Toda esta cachorrada conseguiu levar a eleição de Lula x Alckmim para o segundo turno. Mais três milhões de votos seriam o suficiente para que a eleição findasse no primeiro turno. Ao explorar o fato do Dossiê com grande estardalhaço, no segundo turno, a Emissora Azul cometeu um grave erro, deu oportunidade aos que caíram no “conto”, no primeiro turno, de refletirem e descobrirem o malogro, tanto que nesta etapa, Lula obteve a mesma votação do primeiro turno mais seis milhões de votos ou seja, o eleitor que caíra no engodo, refletiu e sufragou o voto em nome do Petista, nesta etapa final.

Estou mostrando fatos ocorridos no passado para que se tenha uma idéia de como os enredos mirabolantes e nauseabundos são utilizados pela Companhia Serra de Ilusão na busca de uma vitória a qualquer jeito. José Serra, truculento por convicção, não se deu conta ainda que o “CONTO dos DOSSIÊS, não ilude mais o eleitor inteligente, não entra mais nas mentes sadias. Escrevi esta matéria como uma espécie de “trailer” para a próxima que escreverei acerca do enredo desta campanha atual de 2010.
Um abraço!

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