Detentor de 91% do rebanho de caprinos do país, a região Nordeste ganha importância no cenário mundial para o desenvolvimento da caprinocultura como oportunidade de negócio. Ontem à noite, foi aberta no Recife a 10ª Conferência Internacional de Caprinos (IGA 2010) com a palestra “Desenvolvimento na criação de pequenos ruminantes para alcançar os objetivos do milênio” com o pesquisador Antonio Rota (IFAD), de Roma.
O evento, que se realiza a cada quatro anos e não acontecia no Brasil desde 1987, se estende até sexta-feira, 23 de setembro. A programação inclui simpósios, palestras, fóruns e debates com cientistas, técnicos e criadores dos cinco continentes. Além disso, haverá festival gastronômico de diversos cortes de caprinos, desfile com produtos derivados do animal e uma reunião com as entidades que formam o Aprisco Nordeste.
Para o diretor do Instituto Nacional do Semiárido (INSA), Roberto Germano Costa, é perceptível a importância econômica e social da caprinocultura no semiárido nordestino, onde as condições climáticas dificultam a exploração agrícola de culturas tradicionais.
“Pelo tamanho do rebanho, a atividade na Região já consolidou sua importância e viabilidade e começa a despertar o interesse de criadores com visão empresarial. Atualmente, a importância econômica e social dos caprinos criados no Nordeste do Brasil reside na produção de leite e carne, para alimentação das populações de média e baixa renda, como fonte de proteína animal de baixo custo, e na produção de peles, que é mais uma fonte de renda”, avalia Germano.
De acordo com os dados do IBGE, a região Nordeste concentra mais de 8,5 milhões de cabeças de caprinos (91% do rebanho do país). Os estados da Bahia (2,3 milhões) e Pernambuco (1,7 milhão) lideram em número de cabeças. A Paraíba detém o quinto maior rebanho (624 mil), mas registra a maior produção de leite do país (18 mil litros/dia).
O gestor do projeto Aprisco Nordeste e superintendente do Sebrae Paraíba, Luiz Alberto Amorim, diz que a realização da 10ª Conferência Internacional de Caprinos é mais um evento internacional que acontece na região para somar na intensificação de intercâmbio global, apontando tendências, experiências e pesquisas do setor dos últimos anos.
“No ano passado, realizamos o 4º Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte (Sincorte) em João Pessoa, que contou com a presença de renomados técnicos nacionais e internacionais, empresários e produtores da área. No mês de junho deste ano, o Sebrae Nacional em parceria com o Projeto Aprisco Nordeste enviou 22 pessoas entre técnicos e representantes de entidades à Espanha e Portugal para conhecer as práticas e experiência bem sucedidas da ovinocaprinocultura nesses dois países. O IGA é um evento mundial que chega ao Brasil e, particularmente, ao Nordeste em função do apoio do projeto Aprisco, Sebrae, INSA e da UFPE Rural, o que demonstra força de articulação das entidades na Região”, declarou.
Para Luiz Alberto, o IGA chegou no momento oportuno, quando o Aprisco começa a articular o desenvolvimento sustentável e integrado da caprinovinocultura nos nove estados do Nordeste. “Esses eventos somam para um horizonte que queremos da caprinocultura na Região: uma atividade economicamente sustentável, ambientalmente correta e conectada com o Brasil e o mundo dentro de um contexto de mercado, pois vivemos – queiramos ou não – numa economia globalizada”, lembrou Luiz Alberto.
O pesquisador da Emepa-PB, Wandrick Hauss, diz que o projeto Aprisco tem três desafios para vencer e se tornar dentro de uma década numa atividade relevante para na Região Nordeste.
“Os proprietários de estabelecimentos rurais precisam avançar na gestão do segmento e tratar a caprinocultura como um negócio, incorporar os avanços tecnológicos como meio para elevar a produtividade e melhorar sua competitividade para agregar valor aos produtos. Além disso, deve promover a mudança de seu modelo que é predominante tradicional (baixa produção) para de escala como forma regularizar e oferecer segurança ao mercado, ampliando assim sua eficiência”, apontou Hauss.
A Conferência Internacional sobre Caprinos é promovida pela International Goat Association (IGA), associação sem fins lucrativos cuja missão é promover a pesquisa e desenvolvimento da caprinocultura para o benefício da humanidade, melhorando a qualidade de vida das pessoas no mundo.
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