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Por Jesus Soares da Fonseca
Mais tarde, em casa, comentei com minha irmã Tereza Neumann: Acho que Queza está com Alzheimer, Ela está muito distraída! Acho, até que nem me reconheceu! Não sou médico, nem soube de algum comentário da Família sobre a causa de seu falecimento, entretanto conheço de muito perto os sintomas da doença, pois meu sogro Severino Barreiros foi vítima deste Mal. O que acontece, não sei no caso de Quesa, é que os sintomas da doença em sua fase inicial são muitas vezes tidos como parte do processo natural do envelhecimento mascarando com isto a investigação da verdadeira causa do Mal que começa a se fazer presente e seu real diagnóstico.
Queza era um ser humano com muita facilidade para fazer amizade. Situação nenhuma mudava este seu belo comportamento, nem política, nem econômica, nem social. Respeitava a todos com a mesma desenvoltura. Em 1968, Ela e Sinval me introduziram no Lions Clube de Itaporanga, apesar de na época eu ainda ser solteiro. Não sei se as normas Leoninas permitem o ingresso em seus quadros de solteiros, nunca procurei saber, mas se assim for ou mesmo se era, eu fui o primeiro a quebrar este “tabu”. Foi naquele ano, que Ela solicitou a Vanilton de Sousa a encenação do Alto da Compadecida. Vanilton de Sousa, um dos grandes intérpretes de teatro da Paraíba, infelizmente não reconhecido pelos seus conterrâneos, acatou a idéia e me convidou para fazer parte da Peça. Era uma empreitada difícil, devido à escassez de pessoas que tinha algum interesse pela arte dramática. Juntamos, pois, Eu, Vanilton, Fernão e Ivan Rodrigues e fomos escolhendo quem poderia fazer parte do elenco.
O certo é que passamos exaustivos três meses ensaiando a peça de Ariano Suassuna, sob a direção de Vanilton que nos surpreendia com sua vocação nata para teatro, naquela ocasião, como Diretor. Grande Vanilton de Sousa! Nossa primeira apresentação foi para o LIONS. Fomos ovacionados de pé, no final da apresentação, e Queza fez questão de cumprimentar um por um todos os atores o que nos incentivou para prosseguirmos com nossas apresentações por Itaporanga e pelo Vale do Piancó, Sousa e Pombal.
Como eu recebera a incumbência de representar o principal papel, o de João Grilo, Sinval e Queza jamais se esqueceram do personagem e sempre na primeira vez que me via, quando nos encontrávamos, diziam: Fala João Grilo! Era uma maneira carinhosa de reconhecimento pelo que eu representara. E foi exatamente a falta deste cumprimento que me chamou a atenção sobre o estado de saúde de minha amiga Queza, nesta última vez em que a vi.
Senti muito sua partida! Mas, cada um de Nós recebe um bilhete, uma passagem quando nascemos, segundo nosso espiritualista Reynolds que sempre nos fala do assunto com outras palavras. E Pulquéria Pinto achou de utilizar o seu agora! Pelo que representou entre os Vivos, sei que está usufruindo da presença de Deus, lá em Sua magnífica Fazenda.
Resta-nos pedir ao Senhor do Universo que engrandeça sua Alma junto a Si.
Minhas condolências ao meu amigo Sinval, Sinval filho, Saulo, Samuel e Sara.
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