sábado, 15 de maio de 2010

Queza Pinto

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Por Jesus Soares da Fonseca

Foi com tristeza que ao abrir o Portal, hoje, deparei-me com a notícia do passamento de minha amiga Queza Pinto. Endosso tudo o que foi dito aqui acerca de sua passagem pela Vida, apenas com uma ressalva, não acho que Ela estivesse acometida de Esclerose, ainda mais porque era uma pessoa que levava uma vida, na maioria das vezes, dedicada a leitura. Há três anos, encontrei-me com Ela quando eu estava a passeio por João Pessoa, ocasião em que pude perceber nela um comportamento meio distraído em determinadas etapas de nossa conversa! Em determinada hora, Ela me perguntava: “- Tu estás morando em qual Rua aqui em João Pessoa?”. Eu moro em Fortaleza, Queza! - “Ah, é mesmo, eu estava pensando que era Dehon!”. No ano passado, quando fui a nossa capital, por ocasião da Fonsecada, voltei a me encontrar com Ela e com Sinval. Na ocasião, falei com Sinval e quando falei com Ela, ficou me olhando com o olhar bem vago como se não me conhecesse.

Mais tarde, em casa, comentei com minha irmã Tereza Neumann: Acho que Queza está com Alzheimer, Ela está muito distraída! Acho, até que nem me reconheceu! Não sou médico, nem soube de algum comentário da Família sobre a causa de seu falecimento, entretanto conheço de muito perto os sintomas da doença, pois meu sogro Severino Barreiros foi vítima deste Mal. O que acontece, não sei no caso de Quesa, é que os sintomas da doença em sua fase inicial são muitas vezes tidos como parte do processo natural do envelhecimento mascarando com isto a investigação da verdadeira causa do Mal que começa a se fazer presente e seu real diagnóstico.

Queza era um ser humano com muita facilidade para fazer amizade. Situação nenhuma mudava este seu belo comportamento, nem política, nem econômica, nem social. Respeitava a todos com a mesma desenvoltura. Em 1968, Ela e Sinval me introduziram no Lions Clube de Itaporanga, apesar de na época eu ainda ser solteiro. Não sei se as normas Leoninas permitem o ingresso em seus quadros de solteiros, nunca procurei saber, mas se assim for ou mesmo se era, eu fui o primeiro a quebrar este “tabu”. Foi naquele ano, que Ela solicitou a Vanilton de Sousa a encenação do Alto da Compadecida. Vanilton de Sousa, um dos grandes intérpretes de teatro da Paraíba, infelizmente não reconhecido pelos seus conterrâneos, acatou a idéia e me convidou para fazer parte da Peça. Era uma empreitada difícil, devido à escassez de pessoas que tinha algum interesse pela arte dramática. Juntamos, pois, Eu, Vanilton, Fernão e Ivan Rodrigues e fomos escolhendo quem poderia fazer parte do elenco.

O certo é que passamos exaustivos três meses ensaiando a peça de Ariano Suassuna, sob a direção de Vanilton que nos surpreendia com sua vocação nata para teatro, naquela ocasião, como Diretor. Grande Vanilton de Sousa! Nossa primeira apresentação foi para o LIONS. Fomos ovacionados de pé, no final da apresentação, e Queza fez questão de cumprimentar um por um todos os atores o que nos incentivou para prosseguirmos com nossas apresentações por Itaporanga e pelo Vale do Piancó, Sousa e Pombal.

Como eu recebera a incumbência de representar o principal papel, o de João Grilo, Sinval e Queza jamais se esqueceram do personagem e sempre na primeira vez que me via, quando nos encontrávamos, diziam: Fala João Grilo! Era uma maneira carinhosa de reconhecimento pelo que eu representara. E foi exatamente a falta deste cumprimento que me chamou a atenção sobre o estado de saúde de minha amiga Queza, nesta última vez em que a vi.

Senti muito sua partida! Mas, cada um de Nós recebe um bilhete, uma passagem quando nascemos, segundo nosso espiritualista Reynolds que sempre nos fala do assunto com outras palavras. E Pulquéria Pinto achou de utilizar o seu agora! Pelo que representou entre os Vivos, sei que está usufruindo da presença de Deus, lá em Sua magnífica Fazenda.

Resta-nos pedir ao Senhor do Universo que engrandeça sua Alma junto a Si.

Minhas condolências ao meu amigo Sinval, Sinval filho, Saulo, Samuel e Sara.
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