Chico Guimarães Velho de Guerra
( Reynollds Augusto)
Estava comentando com um amigo de infância que a paisagem humana da cidade de Itaporanga está se modificando rapidamente. A vida física é tão rápida que até parece que tudo não passou (passa) de um sonho, daí a importância de aproveitarmos com mais galhardia a presença dos nossos enquanto estamos a caminho com eles. O tempo é uma convenção e ele passa ligeirinho, ligeirinho, não se engane. O tempo é uma fantasia que ilude.
Parece que foi ontem, em que todas as tarde, quando vinha da do Colégio Adalgisa Teódulo, divisava lá à frente, sentado em sua cadeira de balanços, a apreciar o movimento da rua Pedro Américo, aquele senhor rústico, mas sábio por natureza, o velho Chico Guimarães de Guerra. Chico vez por outra dava aqueles conselhos generosos à molecada da Rua Pedro Américo: Juavianez, Laércio, Valmir, Tonho, Dielson, Marco de Chico Naro, Nelsinho, Ladim... e tantos outros, que ficavam refletindo sobre as suas dicas. É certo que as orientações eram verdadeiros puxões de orelhas, pois a molecada da época dava trabalho demais. Que o diga os poucos moradores daquela época que ainda sobrevivem ao tempo. São momentos que estão gravados no éter e na consciência profunda. Tais momentos são, vez por outra, resgatados quando por um instante damos aquela viagem súbita aos porões da mente. Um cheiro, uma música, um momento, nos faz realizar aquela viagem no tempo. Não conseguimos fugir de nós mesmos.
Estava se aproximando a noite de sexta feira e alguns da tropa estavam sorrateiramente acercando-se da residência do velho Chico de Guerra. Ao longe estava ele com a mangueira a lavar o seu magnífico chevet 79, que “Mião” dava aquele trato que fazia inveja a muita gente, para que nos finais de semana saíssemos por aí á procura das “prendas”.
- Êh, Êh... To gostando dessa turma vindo prá cá não....
Chico sentia de longe quando a molecada estava á procura de “Miaozinho” para tomar aquela cachaçada e ficava furioso quando Damião pegava o Chevet emprestado. Mas apesar de tudo, como Damião era filho único, sempre permitia que nos conduzissem para as festanças, sob seus sábios conselhos que nem sempre eram apreciados. Mas no final, tudo dava certo. Voltávamos alegres e felizes com a noitada ingênua, mas satisfatória.
( Reynollds Augusto)
Estava comentando com um amigo de infância que a paisagem humana da cidade de Itaporanga está se modificando rapidamente. A vida física é tão rápida que até parece que tudo não passou (passa) de um sonho, daí a importância de aproveitarmos com mais galhardia a presença dos nossos enquanto estamos a caminho com eles. O tempo é uma convenção e ele passa ligeirinho, ligeirinho, não se engane. O tempo é uma fantasia que ilude.
Parece que foi ontem, em que todas as tarde, quando vinha da do Colégio Adalgisa Teódulo, divisava lá à frente, sentado em sua cadeira de balanços, a apreciar o movimento da rua Pedro Américo, aquele senhor rústico, mas sábio por natureza, o velho Chico Guimarães de Guerra. Chico vez por outra dava aqueles conselhos generosos à molecada da Rua Pedro Américo: Juavianez, Laércio, Valmir, Tonho, Dielson, Marco de Chico Naro, Nelsinho, Ladim... e tantos outros, que ficavam refletindo sobre as suas dicas. É certo que as orientações eram verdadeiros puxões de orelhas, pois a molecada da época dava trabalho demais. Que o diga os poucos moradores daquela época que ainda sobrevivem ao tempo. São momentos que estão gravados no éter e na consciência profunda. Tais momentos são, vez por outra, resgatados quando por um instante damos aquela viagem súbita aos porões da mente. Um cheiro, uma música, um momento, nos faz realizar aquela viagem no tempo. Não conseguimos fugir de nós mesmos.
Estava se aproximando a noite de sexta feira e alguns da tropa estavam sorrateiramente acercando-se da residência do velho Chico de Guerra. Ao longe estava ele com a mangueira a lavar o seu magnífico chevet 79, que “Mião” dava aquele trato que fazia inveja a muita gente, para que nos finais de semana saíssemos por aí á procura das “prendas”.
- Êh, Êh... To gostando dessa turma vindo prá cá não....
Chico sentia de longe quando a molecada estava á procura de “Miaozinho” para tomar aquela cachaçada e ficava furioso quando Damião pegava o Chevet emprestado. Mas apesar de tudo, como Damião era filho único, sempre permitia que nos conduzissem para as festanças, sob seus sábios conselhos que nem sempre eram apreciados. Mas no final, tudo dava certo. Voltávamos alegres e felizes com a noitada ingênua, mas satisfatória.
Naquela época não se falava nessa drogas pesadas que massacra a vida da juventude de hoje. Lembro-me que certa feita resolvi, por curiosidade de jovem, dar uma cheiradinha em um tal de perfume que se chamava Loló e que diziam entorpecer mais que o álcool, confesso a vocês que não vi nada naquilo. O Chico, sabedor do caso por “Miaozinho”, que cheirou mais do que eu, contou ao meu Pai. Quando ele soube, "levei" a maior surra da minha vida e desde então só passei a cheirar os “sovacos das meninas”, como diz o Pinto do Acordeom. Papai usou o psicólogo que todo pai zeloso possuía, que era um chibatinha de fios de cadeira, que realizava aquela verdadeira terapia de equilíbrio moral. Depois do seu uso, duvido quem se atreveria a repetir a experiência equivocada. Hoje a legislação proibiu o seu uso e talvez por isso os nossos jovens cheiram tudo que não pode e deixam um ar podre em suas vidas que em muitos casos não se pode livrar.
Uma das muitas lembranças bonitas do inesquecível Chico Guimarães era que em cada ocasião comemorativa ele deixava rolar em sua surrada vitrola uma música condizente com a ocasião e nas alturas. No mês de junho as eternas canções do imortal Luiz Gonzaga, Marinez, Sivuca e outros; no carnaval às marchinhas que ninguém esquece e que a geração atual desconhece; Natal, as musicas apropriadas que nos encantavam o coração de criança. Para cada ocasião uma música de então. Chico era assim, espirituoso e bom Pai de Família. Dona Toinha que partiu ao seu encontro sempre me fazia relembrava das suas, quando esteve entre nós encarnado. Confidenciou-me que de vez em quando sentia a sua presença no lar. É que a morte do corpo físico não nos separa daqueles a quem estamos ligados pelo coração e como sentem saudades, vez por outra se faz presentes.
Lembro-me muito bem que quando Damião Guimarães, o seu filho querido, passou no vestibular para cursar Geografia na cidade de Patos, a “radiola” do velho Chico quase quebrava:
-“...Papai, Mamãe, que alegria nem é bom falar. Quá, quá, quá, quá, qua, passei no vestibular...”
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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