Jesus Soares da Fonseca
Assistindo, lendo e ouvindo as recentes notícias sobre a cassação ou da ratificação do que já fora brilhantemente feito pelo egrégio Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba, sob a batuta do nosso conterrâneo do Vale do Piancó, Desembargador Nilo Luis Ramalho (foto ao lado),
vem-me à lembrança as notáveis fábulas de Esopo. Entretanto, devo dizer que o grande Leonardo da Vinci, também, escreveu suas fábulas. Lembrei-me, então, de uma delas ao ouvir a peroração do Cassado sobre o resultado do processo. A fábula, em questão, é a respeito de um garoto que gostava de falar em demasia. Sua língua não tinha descanso o que de certa forma irritava, terrivelmente, os seus dentes: - será que ela não pára nunca?
- o que vocês resmungam tanto, esbravejava orgulhosamente, a língua.
Vocês, ó dentes, são meros escravos cujo trabalho resume-se em mastigar aquilo que eu ordenar! Não temos nada em comum, portanto não se metam em meu trabalho!
Assim, aquele apêndice bucal arrogantemente se deleitava a cada dia, face à tagarelice do menino. Todavia, certo dia, o jovem tagarela viu-se obrigado a contar uma mentira. O Coração, órgão da vida e da verdade, ordenou aos dentes que impusessem um justo castigo ao órgão infrator. Imediatamente, eles se fecharam e morderam a língua. A partir daquele dia, ela se tornou mais humilde, tímida e, sobretudo, prudente, passando a pensar duas vezes antes de falar.
O TSE, soberanamente, deu o seu veredicto, contudo, assim como a “língua” da fábula, o ex-governador, arrogantemente, teima contra a decisão daquela Corte; “Não cogito a minha saída do Governo do Estado”, são estas suas palavras. “Foi armado cenário de pressão política no Tribunal Superior Eleitoral, provocando cerceamento de defesa e equívocos jurídicos”, diz em entrevista.
O Superior Tribunal Eleitoral foi firme, ante a enxurrada de provas contidas nos autos. O ministro Eros Grau foi inflexível em sua relatoria, em seu voto, aliás, acompanhado unanimemente, pelos demais. O Ministro Joaquim Barbosa ficou horrorizado pelo que leu e ouviu. A picada de uma abelha pode ser letal, mas, os Ministros logo souberam que a ferroada de um zangão é inofensiva. Entretanto, a cassação de um mandatário de Estado é lamentável, é triste, não é um fato a se comemorar com passeatas e rojões, como se tratasse de uma conquista esportiva. A Justiça foi feita e se há mérito na questão, não na Cassação em si, mas na execução da Lei, este mérito é do TRE da Paraíba que soube com galhardia executá-la, o TSE apenas ratificou o que já estava elaborado.
Parabéns, pois, à Justiça Eleitoral Paraibana!
(ao lado, foto do Governador cassado).
Espera-se que o Sucessor haja com prudência e sabedoria no trato das coisas públicas. Ele já informou que não haverá perseguição. É um bom começo! Nenhum cidadão poderá ou deverá ser punido por trilhar ideologia contrária ao Governante. O Governo tem a obrigação de levar o bem estar ao Povo que governa, e todos os cidadãos têm o direito de usufruir dessas benesses, caso contrário, estará sendo espezinhado em seu direito de pensar.
Esopo, entre tantos fabulistas, foi o mais célebre. É escutando os ecos das velhas raposas políticas, nestes últimos dias, que lhe recorro:
O asno e a raposa pactuaram que um protegeria o outro em qualquer aflição, em qualquer perigo. Famintos, entraram em uma densa floresta em busca de alimento.
Pouco, andaram! Logo deram de cara com um leão. Vislumbrando grande perigo, a raposa, matreira como sempre, achegou-se ao leão e lhe propôs um acordo. Ela ajudaria o leão a capturar o asno, mediante a palavra de honra do felino, de que não a molestaria.O rei da selva aceitou! A raposa, então, atraiu o asno para uma gruta, informando-lhe que ali ele estaria mais seguro das garras assassinas. O leão, sentindo que o asno já estava encurralado e, conseqüentemente, pronto como uma refeição, deu um bote na raposa, devorando-a, incontinente!
Moral da estória - O falso amigo convive apenas para tirar algum proveito do outro. Para obter êxito, usará da mentira e da deslealdade. Não respeitará, sequer, aqueles que chamam de aliados. Nunca confie em concorrentes que se dizem amigos!
Eu fico, às vezes, impressionado com a sagacidade, com a malandragem de algumas raposas políticas. Quando a situação não está favorável, eles matreiram de forma espetacular. Vejam só que confusão alguns querem fazer no cenário político paraibano! O impressionante é que teimam em tentar botar “papas na língua” de alguém. Não acreditam ainda no poder dos modernos meios de comunicação que fazem o povo mais atento. Usam de métodos de antanho, quando era fácil enganar a população com frases de efeito, com bonitas palavras, com falsas idéias, etc. Lewis Hamilton e Felipe Massa, na Fórmula 1, deixavam seus oponentes apreensivos durante a temporada, por se tratarem dos mais fabulosos, dos mais competentes. Se os dois se juntassem para disputar a Corrida de Lemman, na França, onde um é co-piloto do outro, durante as etapas da prova, tornar-se-iam imbatíveis, talvez. Pois bem, Ricardo Coutinho e Venesiano Rego estão deixando as alcatéias políticas em polvorosa, muito mais que Massa e Hamilton a seus companheiros. Na iminência, e é o que vai acontecer em 2010, de Ricardo sair candidato a Governador e Venesiano a Senador, eles tentam entornar o caldo, como na fábula, acima. Na tentativa de jogar o eficiente Prefeito de João Pessoa contra o não menos eficiente prefeito de Campina Grande, armam-se tramas as mais veladas e ousadas possíveis.
Caciques da Rainha da Borborema, de facções e ideologia contrárias aos dois, apregoam alto e bom som que apoiarão Ricardo Coutinho. Jornalistas apaixonados pelo Partido e despeitado com o trabalho competente do Prefeito de nossa Capital, faz outro tipo de prognóstico: Venesiano Governador e Cássio Senador. No momento atual, ante a ascensão de Maranhão, tentam fazer mais confusão, saindo com o Governo, que ora se empossa, como futuro candidato a Governador da Paraíba, apoiando Cássio a Senador. Todos estes prognósticos são para ver se joga Ricardo contra Venesiano, ao mesmo tempo confundindo o eleitorado. O motivo? A Chapa Venesiano para Senador e Ricardo Coutinho para Governador, repito, é imbatível. Atentem bem, para o MORAL da Fábula que lhes contei.
Tentando plagiar nosso grande escriba Kardecista, Reynolds Augusto, eu termino dizendo: Pensem bem, mas pensem direito.
Jesus Fonseca