domingo, 6 de março de 2011

O BAIXINHO DIMAS

O BAIXINHO DIMAS

(Reynollds Augusto)



Hoje, pela manhã, resolvi fazer algo útil, nesse período da festa da ilusão. Resolvi dar aquela limpada em meus arquivos e jogar fora muita coisa que já não uso mais, fruto do tempo que passa sorrateiramente e que, sem perceber, já nos damos conta de que estamos de volta à pátria espiritual, verdadeira morada. Eita “vida” Ligeira!

Minha esposa sempre puxa minha orelha dizendo que o meu “quarto é pesado”, pois guardo muitas “inutilidades”. Ela tem um pouco de razão, mas com certo exagero, pois toda mulher no trato da casa se excede e se deixar, ela joga fora até o seu pensamento. Portanto lhe dê uma razão limitada. Mas, na verdade, a sua bronca me fez refletir: Guardar pra quê? Quando morremos só levamos mesmo o que somos, o que pensamos e o que sentimos. Até esse “corpinho” que usamos tem prazo de validade, pois estamos gastando a energia vital que Deus nos concedeu para que aprendamos a compreender o que é viver, como diz a música do imortal, imortal, Roberto Carlos. Tem gente que gasta mais essa energia e morre antes do tempo. Esse “negócio” de dizer que só se morre no dia é balela. Morre-se antes e com uma responsabilidade danada, pois a vida vai pedir conta do mau uso do instrumental emprestado.

Mas revirando as minhas revistas em quadrinhos, muitas por sinal da época de minha infância e adolescência, me depararei com algumas que fizeram a minha alegria infantil e juvenil. Realizei uma daquelas viagens no tempo prazerosas e me vi aos sábados, “menino buchudo”, me dirigindo à banca de revistas do saudoso DIMAS,O BAIXINHO. Desportistas de mão cheia.

- E aí, “Demazinho”! (ela assim que ele me chamava) Eu trouxe muita revista boa e nova para trocar. Mas tem que ser uma por duas. É preciso movimentar a cultura.

A banca do Dimas era movimentadíssima. Os intelectuais de hoje beberam e muito daquela fonte se sabedoria, informação e diversão. Não existia essa estória de computador. Hoje os nossos filhos sofrem de “computadozite aguda”. Mas é o momento deles. A máquina parece a dos sonhos, e é mesmo, quando bem a utilizamos, mas pode ser também, a do pesadelo quando a usamos irresponsavelmente. A minha filha Camila só consegue ler livros pelo computador. Pelo menos ela está sempre lendo, isso é positivo. Mas nada como uma boa revista e um bom livro novo. O cheiro do livrinho novo embriaga a alma. Mas a natureza agradece e por isso sou a favor. Desperdiçamos papel demais e sem necessidade, ferindo a natureza, destruindo nossas belas árvores.

O Tribunal de Justiça, na nova administração do desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos, estabeleceu uma meta, que torço para ser cumprida, que é tornar digital a Justiça Paraibana. Quem sabe se não nos aproximarmos um pouco da Justiça Trabalhista, a nossa prima rica, como sempre disse um das melhores juízas operantes que tivemos em Itaporanga, Dra. Andréia Almeida Dantas, e que quase não usa mais papel. A natureza e todos nós agradecemos.

A garotada de hoje não experimentou o prazer de sentir o folhear de um Gibi e se encantar com a textura dos desenhos e das estórias. Emocionei-me muito com as aventuras de Tex, Zorro e etc. Chegava a chorar. A aventura era interior e como dizem “O Livro é um instrumento que nos faz viajar, sem sair do lugar”.

O meu primo Vanduir Soares, o Vandinho, pessoa que muito admiro pela sua inteligência e sensatez sempre dava uma passada na banca do Dimas, para realizar aqueles negócios culturais em que todos ganhavam. O mago tinha o hábito de ler comendo tomate e eu incorporei essa pratica às minhas leituras. O tomate era temperado com o famoso salzinho. O sal eu deixei de lado, que não tenho mais muita saúde para gastar com isso não, mas a tomate ficou.

É bom relembrar daqueles que fizeram parte de nossas vidas porque nos traz satisfação interior. Cada vida uma experiência e um livro pessoal. Sonhamos,realizamos, choramos, amamos, sorrimos, vivemos e todos esses episódios compõem o histórico de cada um rumo à evolução. O bom mesmo é não ter vergonha do que se escreve e cada experiência vivida é um degrau a mais na subida infindável do aprimoramento na construção de nossa individualidade que é feita da soma das personalidades que experimentamos nas reencarnações vividas.

Mas ao Dimas, vai a minha lembrança e a certeza do reencontro, pois na volta ninguém se perde.



- Esse Demazinho é sabido.Quer trocar esses gibis velhos por esses novos, um por um. Vai levar muito.,,



PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA

1 comentários:

O tempo é o grande discipulador dos nossos atos futuros. Nele estão inclusos todos os comportamentos que tivemos, que servem de alicerce para vivermos um hoje melhor e alavancarmos um futuro promissor.
A lembrança do colunista e sua expressão de agradecimento expressa em suas palavras a alguém como o baixinho Dimas foi muito feliz.
Afirmo isso porque também fui cliente do baixinho e ratifico as palvras ali expostas que denotam a importância que ele teve em minha vida cultural. Realmente comprar ou trocar gibis em Dimas, ia além da leitura... nós aprendíamos e evoluíamos em outra área de conhecimento específico: a da negociação e interação (é claro que ele nunca perdia). Mas isso era prazeroso, ao menos para mim, era uma descoberta fantástica de um mundo até então inatacável, o mundo da fantasia misturado com a realidade da vida. e Dimas com sua banca de revistas nos proporcionava isso todos os sábados.
o Dimas não será esquecido pelos seus fiéis clientes. Está na memória que não pode ser deletada.

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