quinta-feira, 23 de julho de 2009

ANALISANDO A CORRUPÇÃO


Por João Dehon Fonseca em 23/7/09

Todas as vezes que paro para pensar, sinto-me orgulhoso de ser itaporanguense e fico imaginando quantos “crânios” sadios minha terra tem. Podia citar assim de relance: Ariosvaldo, Rainério Brasilino, Zebedeu, Saulo, Poliana, Jesus, Lucas, Antonio Bandeira, Antonio Fonseca, Paulo Conserva, Reynolds e tantos outros, mas quero me reportar a esses porque eles fazem o dia a dia desses sites e blogs que ilustram as páginas do livro da história de Itaporanga e fazem com muita decência. Não conheço nem uma outra cidade do porte de Itaporanga, onde os seus filhos abrem polêmicas sobre determinado assunto e muitos analisam aquele assunto sem paixão, sem medo e com muita lógica. Nessa onda de corrupção que ventou para as bandas de Itaporanga, todos emitiram pareceres e fizeram análises dignas de serem postadas em qualquer jornal do mundo e foi aí que também quis fazer a minha.

Os crimes "por excelência" que despertam a atenção, a indignação e a repulsa são aqueles já conhecidos: homicídios, latrocínios e estupros. Sugerindo uma perplexa retomada de debates travados no final do século XIX, assistimos, neste final do século XX, o retorno das discussões sobre a natureza dos criminosos, o que será que eles são: monstros, endemoniados, ogros, loucos? Na atualidade, porém, estes crimes disputam as manchetes dos jornais e a atenção dos noticiários com outro crime pouco reconhecido como tal: a corrupção. A discussão sobre este crime, qualificado por alguns como tão antigo quanto à espécie humana, emerge com força e vitalidade surpreendentes no debate mundial e também especificamente no Brasil, a partir do final da década de 70, marcando presença no cenário político dos anos 80 e 90. Neste período, a corrupção é colocada no debate nacional como um "problema", podendo refletir uma mudança — ora mais ora menos aguda e definida — na tolerância, aceitação ou resignação, que até então cercavam uma série de práticas assim qualificadas.

E qual é a relação entre a corrupção e a violência? Seguindo a análise de Marilena Chauí, um dos significados da violência seria "todo ato de violação da natureza de alguém ou de alguma coisa valorizada positivamente por uma sociedade" (Folha de S.Paulo, 14/03/99: 5-3). Trabalha-se com a hipótese de que a corrupção é progressivamente percebida como um "mal público", cuja noção só é passível de construção quando existe algo percebido como um "bem público", digno de defesa. Nesta lenta e conflituosa construção da noção de um "bem público", de uma nova noção de qual será o conteúdo de uma vida justa em comum, insere-se a tentativa de compreensão da corrupção como uma violência, um "mal público", um crime.

Juristas e analistas políticos descreveram as práticas do grupo criado em torno de Fernando Collor e diziam que um bando de pessoas, ancoradas em cargos públicos, se apropriavam da força estatal, simbolizada por uma portaria e até por uma medida provisória, numa escala que vai da coerção à violência policial e policialesca. O bando legislava, expedia ordens, ditava sua vontade, trafegava influências desmedidas e às vistas da lei, esse bando se sentia superior a terra e aos saberes da terra.

Tudo aquilo que os corajosos da imprensa denunciavam à época, tinha um cheiro forte de verdade e a denúncia levava a crer que realmente havia sido formado um “bando” entre a “Casa da Dinda” e o Palácio do Planalto. “Bando” necessito dar um significado para esta palavra, que seja a luz do direito e que sirva para aquela situação: “Quadrilha de malfeitores”, já que a situação transpirava violência contra a coisa pública, entre outras situações de violência, que tomava conta do País naquele momento.

A força que tem qualquer tipo de governo corrupto sobre a sociedade é sem controle e limites, já que eles têm a caneta na mão e fazem o que bem entendem. Utiliza-se de notas frias, projetos fantasmas indo da coerção até a violência policial. Igual ao Collor, os poderosos formam bandos, apropriam-se da força estatal para aumentar seus patrimônios e fazem de tudo para desviar as verbas, esquecendo das políticas públicas que poderiam crescer a sociedade. É uma situação que implica a violação de algo visto como "bom" a ser defendido: o estado de Direito, a democratização de um povo.

Como é vista a corrupção entre o povo comum? Estudos mostram a existência da relação violência com corrupção e ainda a conivência entre corruptor e corrompido, deixando de lado o impacto da corrupção como algo que viole a natureza de algo valorizado positivamente por uma sociedade. A definição do Dicionário de Política (Bobbio, Mateucci e Pasquino, 1991:292) é clara, ao propor a corrupção como uma alternativa à violência: "a corrupção é uma forma particular de exercer influência: influência ilícita, ilegal e ilegítima (...) É uma alternativa da coerção, posta em prática quando as duas partes são bastante poderosas para tornar a coerção muito custosa, ou são incapazes de a usar."

Como diz Poliana no seu artigo e Jesus no seu outro artigo, convêm que as pessoas analisem todos os acontecimentos e denuncias e sintam que a definição acima mostra a verdade sobre a corrupção ao colocar, como questões centrais, a capacidade de exercer influência para desviar o que seria do povo.

Itaporanga! Grite, nunca se cale diante dos corruptos, seja altiva, seja a Itaporanga que nos criou e nos ensinou as coisas da vida. Você Itaporanga é Rainha do Vale e seja rainha em tudo que é honesto.

Parabéns a todos que escreveram aqui e fizeram suas análises permitindo que as pessoas entendam melhor sobre a corrupção e tirem suas conclusões.

.

0 comentários:

Postar um comentário