Silêncio profundo, tristeza, saudade, lembranças boas, fatos e episódios engraçados, fotos, anotações, conversas sobre a paz e tranqüilidade que transmitiu no último momento de vida, esta sendo assim o nosso dia a dia de Luto. Hoje, exatamente um mês do desenlace de nossa querida mãe, mamãe, mainha, madrinha, Maria, Mariinha, Maria de Fernão, Dona Maria, mãe da pobreza, vó, vozinha e por ai vai às várias denominações carinhosas de todos que conviveram com ela, é que me sinto mais fortalecida, para agradecer o carinho recebido nessas homenagens através de pequenos relatos da participação dos dois no nosso convívio.
Gostaria de agradecer de todo coração e em nome de nossa família todas as homenagens do Portal do Vale, Folha do Vale, alguns blogs, rádios, jornais, ao centro espírita a igreja, algumas instituições e repartições etc., homenagens estas que foram prestadas desde o desenlace do meu pai Fernão Dias Sá, depois ao meu esposo Amaury Freitas Pinto e nunca tive coragem de escrever expressando todo meu pesar de tristeza e saudade pelas perdas que a vida nos proporciona até mesmo para a nossa evolução, por pura timidez. Agradecer principalmente ao POVO de ITAPORANGA pelo carinho e em especial as amigas que estavam presente no momento em que partiu.
Dona Maria de seu Fernão teve uma participação intensa na nossa vida e na vida da maioria dos itaporanguenses, intensa porque era mãe extremada, cuidadosa, preocupada e queria resolver os problemas de todos e olha que ela achava solução para quase tudo, e quando não conseguia orava com tanta fé sempre dizendo que não há nada impossível para Deus. Intensa porque foi uma mulher muito forte apesar da sua fragilidade física. Enfrentou com muita firmeza durante 12 anos um câncer de mama, depois de seis anos metástase óssea e nos últimos dois anos metástase hepática, viajando sempre para fazer seu tratamento aqui em Campina Grande, nunca parou de trabalhar, não tinha tempo de pensar na sua doença, pois a vontade de viver e produzir eram muito maiores, queria apenas ter uma qualidade de vida que lhe permitisse continuar seu trabalho.
Intensa também porque ao longo de sua vida atuava em vários setores de atividades como Educação, Artes Plásticas, Moda, Religião, Filantropia, Serviço Social, etc. Ainda criança, recordo-me dela ensinando na escolinha do Centro Espírita Jesus de Nazaré o qual foi fundadora juntamente com meu pai. Bordava enxoval de bebê, enxoval de noiva, vestidos de festa, noivas e debutantes, costurados por Francisquinha Brandão, Tequinha de Lourival, Maria Holina. Através do Clube de Mães o qual foi fundadora com D. Quesa Pinto, passou a dar aulas de pintura em tecido e artesanato. Pintava e restaurava escultura em gesso. Foi figurinista, imagina ai na década de 70 sem nenhum recurso tecnológico se não apenas o lápis, papel e a criatividade, entendia bastante de moda e desenhava os modelos de vestido, e produzia riscos a mão livre para pintura em tecidos, as clientes eram todas amigas e ela não cobrava de ninguém,. Foi decoradora de ambientes, decoradora das festas no campestre (saudades do São Pedro), decoradora de festas de 15 anos e infantis, e finalmente decoradora de centenas de casamentos.
Mas na verdade minha maior admiração era a sua generosidade e simplicidade, qualidades incontestáveis. Por isso concordo com Raynolds no seu verso Maria de Todos os Valores, confirmando agora que quase todo mundo do nosso conhecimento tem uma história ou várias histórias para contar dos seus feitos. De uma bondade estremada, muito caridosa, não media esforços para atender os mais necessitados através de campanhas para mães gestantes carentes, anciãos e o natal das crianças, com a ajuda do Lions Clube, Clube de Mães e por último tornando-se já uma tradição através do Centro Espírita Jesus de Nazaré. Portanto uma trajetória de muito trabalho, de muita fé em Deus, amizade, bondade e muito amor ao próximo.
A saudade eterniza a presença de quem se foi e hoje entre dormindo e acordada senti o maior, melhor e mais confortável abraço de mainha... Tinha tanta coisa para falar, constatei que foi um sonho quase real, como espírita, sei perfeitamente das experiências que temos no sono quando o espírito se afasta do corpo e se desloca para outras regiões, fenômeno chamado desdobramento, foi uma emoção fabulosa, misto de alegria, e muita saudade. Portanto, temos certeza que ela foi muito bem recebida no plano espiritual e passando os primeiros momentos de adaptação e preparação para o seu estado atual vai dar continuidade ao seu trabalho evolutivo e em prol dos mais necessitados.
Obrigada a Rainério e Reynouds que tenho um carinho e admiração imensurável pelo trabalho de vocês, a Jesus Fonsêca que relatou episódios que não conhecíamos, Titico Pedro amizade antiga e sincera, Sousa Neto grande jornalista que em poucos minutos de conversa fez quase uma biografia. Não gostaria de cometer injustiças não citando nomes de pessoas tão queridas quanto, mas tenham certeza que todos que conviveram com ela através do trabalho e amizade seremos eternamente gratos.
Abraço ao povo dessa terra querida...
Beijos no coração.
Campina Grande, 07 de novembro de 2010
Soraya de Sá Aguiar
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