FORRÓ DE PLÁSTICO: A MAIS NOVA DROGA
por Merlânio Maia
Houve um tempo em que as rádios somente tocavam músicas de qualidade. Havia para isto, um diretor musical, que normalmente era profundamente entendido e ligado no que se produzia de bom neste país.
Esta providência foi tão importante que formatou a música brasileira. Ali apareceu nomes como Ary Barroso, Cartola, Francisco Alves, Noel Rosa, Pixinguinha, Lamartine Babo, Dona Ivone Lara, João Nogueira, Martinho da Vila, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Chico Buarque de Hollanda, Vinícius de Morais, Toquinho, Tom Jobim, Renato Teixeira, Milton Nascimento, Beto Guedes, João Gilberto, Caetano, Gil, Elis Regina, Gonzaguinha que dia 29 fez vinte anos que fez a grande viagem, e um sem número de maravilhosos compositores e cantores que deram o nome da MPB.
Recentemente, quando Ivete Sangalo esteve se lançando em Nova Iorque, a revista Times bateu pesado dizendo que a música brasileira teve fim. Acabou! Foi o que disse a mídia americana acostumada com os grandes lumiares da MPB que por lá passaram. Mas ainda não é verdade, pois que ainda não acabou, mas está bem perto.
O capitalismo cruel não tem tamanho e impõe seu império na sua medida, na medida da ambição desmedida. Agora encontrou uma formatação de música que deforma uma das raízes mais puras da nossa cultura musical que é o forró, toma-lhe o nome e seu público, como bem disse o Bráulio Tavares..
Na sua busca e fome pelo lucro fácil, criou grupos musicais padrão, com autores que vendem sua alma e numa produção descartável, levam ao público músicas sem nenhuma qualidade, mas de apelo forte ao erótico e pornográfico, com melodias repetitivas e de péssima qualidade e letras que induzem ao vício e consumo de drogas lícitas e ilícitas, além disso direcionam nossas crianças e jovens à prostituição, com a coisificação da mulher, ainda induz o homem ao embrutecimento e o estimula à violência contra a mulher. Bom, eles chamam isto de forró de plástico. Mas é a degradação social de um povo!
O Forró é uma música com raízes clássicas no universo da cultura milenar dos mouros, chegadas ao Brasil na sua colonização, que decanta um universo de pura poesia vivida e encarnada a cada dia pelo povo forte em emoções e sensibilidade artística, que é o nordestino, uma música tão encantadora que chegou a ser a música mais tocada nos rádios nos tempos em que se primava pela qualidade musical e poética. Isso é o que se chama realmente de Forró.
Esta qualidade de música está com seus dias contados, pois a erva daninha dos capitalistas, chegaram às rádios com outro gênero de mesmo nome, pois tomaram o nome do nosso forró e fizeram um arremedo, caricaturizado, e como sabiam que jamais conseguiriam serem tocados nas rádios, criaram o jabá, que significa a corrupção da mídia falada, afim de tocar nas rádios e tocar infinitamente, de tal forma que os ouvintes achassem que somente existia esse tipo de forró.
Capitalistas, brasileiros e estrangeiros investiram pesado, criaram bandas com artistas descartáveis, que se sucedem no exercício de caricaturizar nossa mais bela cultura.
Seu êxito foi tanto que nossos jovens não conhecem mais Luiz Gonzaga, maior cantor do Brasil no gênero, Jackson do Pandeiro, Genival Lacerda, Dominguinhos, Marinês, o Trio Nordestino, os Três do Nordeste, que são os ícones de uma música respeitadíssima dentro e fora do país, mas que tem desaparecido da mídia de tal forma que a nossa juventude sequer conhece.
A erva daninha foi semeada pelo poder do capital. E estamos perdendo contato com a música real, o forró que fez parte da formatação de uma cultura forte, genuína, de uma estética respeitadíssima no mundo inteiro,. O Forró.
Sua formatação é a mesma em todos os shows: uma banda com som pesado, dançarinas seminuas com uma coreografia pornográfica que interagem com seus cantores pornograficamente tanto na mímica como nos textos, agredindo o público jovem com palavras de baixo calão e muito dinheiro público envolvido.
As autoridades fecharam os olhos, e a droga se instalou nas nossas casas, nas nossas vidas, especialmente em se tratando de música que é de caráter invasivo. E essa coisa ruim nos entra pelos poros, ouvidos e vibra até a nossa exaustão. É deprimente.
Faz-se necessário e urgente o processo de reeducação musical da sociedade, pois o crime organizado já se acumpliciou com este tipo de doutrinação musical e usa mais esta droga sonora contra nós mesmos para aliciar jovens e destruir nossa sociedade em nome do consumismo.
Temos pouco tempo! E este é meu grito de alerta pela educação completa dos nossos jovens e da nossa sociedade como um todo. CUIDADO COM A NOVA DROGA: FORRÓ DE PLÁSTICO!
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