segunda-feira, 4 de março de 2013

A LONGA ESTIAGEM NÃO AMEDRONTA O NORDESTINO

APESAR DA CHUVA NÃO CAIR O NORDESTINO É BRAVO, É UM FORTE!



Açude seco. O primeiro sinal do desconforto trazido pela longa estiagem.

Vive o nordeste brasileiro, neste ano de 2012, uma das maiores seca da sua história! É impossível se imaginar tamanha desordem e desequilíbrio em sua estrutura física, química e biológica, acarretando perdas extraordinárias no setor agropecuário, particularmente no caso da pecuária de grande e pequeno porte a exemplo da: pecuária bovina, caprina e ovina, que estão sendo dizimadas! Já se faz conta de que em alguns estados um terço do rebanho tenha morrido ou foi vendido para outras regiões do País aonde este fenômeno não vem ocorrendo.

Dados da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco mostra que as perdas na produção de carne chegaram a R$ 824 milhões, além de mais R$ 32 milhões na pecuária de leite, entre os meses de março a abril, totalizando R$ 856 milhões. A estimativa de perda de peso dos animais nesses três meses é de 30% para os bovinos e de 15% para os caprinos e ovinos. A cada dia que passa, a seca se revela mais severa acarretando cada vez mais prejuízos de ordem material sem precedente e com certeza aumentando consideravelmente os dados citados acima.
Segundo os meteorologistas, a seca de 2012 apresenta-se com a mesma proporção das secas ocorridas em 1983 e 1998, as maiores da história do Nordeste no século XX.
Historicamente este fenômeno da seca já nos é conhecido desde o século XVI que nos revela uma importante informação comprovada através de pesquisas e dados oficiais sobre a ocorrência desses fatos de maneira cíclica e que são possíveis de serem previstas. Fatos estes que nos permitem precaver das possíveis consequências nefastas e destruidoras do equilíbrio econômico e social para nossa região! Mas nossos gestores políticos pouco caso têm feito quanto a solução destes fatos!
Sabe-se que o Nordeste brasileiro é possuidor do maior volume de água represado em regiões semi-áridas do mundo. Segundo levantamentos são 37 bilhões de metros cúbicos, estocados em cerca de 70 mil represas.
Se faltar chuvas regulares – que é o que está acontecendo neste 2012 -, e por tempo prolongado vamos sofrer as consequências com a perda de lavoura, de pastagens e de animais!… Mas…, se for criado na mente e no coração dos homens de bem, a vontade política de aproveitamento da água existente com coerência na distribuição desses volumes, a maioria destes males seriam eliminados e o atendimento de suas necessidades básicas, com certeza o problema da seca na região semi-árida deixara de ser o estigma do nordestino.
É bom tomarmos ciência de que a seca ocorre no Brasil, particularmente no semi-árido nordestino, podendo atingir a África, a Ásia, a Austrália e a América do Norte. Isso que dizer que não estamos sozinhos neste barco!...
Os homens e mulheres nordestinos devem entender que a natureza é dadivosa, mas que em alguns períodos nos tira o sossego, com a falta de chuvas.Todavia se os nossos gestores (políticos) usassem a inteligência e a determinação, estes quadros de misérias e destruições poderiam ser amenizados e quiçá solucionados. Basta se fazer uso adequado da água existente!

Na verdade o que caracteriza o fenômeno da seca? Tecnicamente este fenômeno ocorre sempre que a água fria do Atlântico impede o deslocamento da umidade para o Nordeste brasileiro, e a situação fica mais agravada com a iminência dos efeitos do El Niño. Com isto trazendo suas consequências para agropecuária, para nossa economia e para a sobrevivência dos seres que habitam este solo sagrado.
Temos diante de nós causas e efeitos possíveis de serem trabalhados e vivenciados com vantagens e ou desvantagens, mas que só a ação do homem se levada a sério ajam com determinação e vontade para encontrar as saídas que existem, pois os dados são evidentes e comprovados, que basta uma ação coerente e firma para melhorar a vida da população nordestina! Por outro lado, é sem dúvida a falta de compromisso dos nossos gestores públicos que uma vez no poder esquecem que foram eleitos por defenderem um programa de governo voltado para atender as necessidades do povo e do País. Vidram-se sim, nas vantagens que o poder lhes confere e na satisfação plena de suas necessidades e ambições financeiras e econômicas.
Sabemos que fomos predestinados a viver neste rincão nordestino para fazermos uso de sua riqueza explorando-as com cuidado, respeitando a natureza e tratando bem do nosso maior patrimônio que é o solo! Só que não tem acontecido de fato o uso de práticas que permitam uma exploração racional e adequado a nossa realidade. A seca é histórica, é real, faz parte da natureza do semi-árido, mas nos últimos anos vem ficando mais e mais presente e acarretando desastres de natureza climática sem precedentes.
O por que desse desequilíbrio? Está claro e evidente que as práticas agrícolas e pecuárias usadas têm contribuído para o desmatamento desordenado, a erosão e empobrecimento dos solos e a consequente estiagem prolongada que se caracteriza como Seca!
O povo nordestino tem que fazer valer o seu direito à vida e vida em abundância, com a satisfação de sentir que cada geração está contribuindo para o crescimento e o desenvolvimento do Nordeste e do Brasil – fazendo valer seus direitos.
Pesqueira, 11 de dezembro de 2012.




* Autor – Sebastião Gomes Fernandes, Escritor, Poeta e Cronista. Membro efetivo e presidente da  da Academia Pesqueirense de Letras e Artes.
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