O forró já começou. Vamos gente arrastar pé nesse salão
(Reynollds Augusto)
O clima festivo do mês de junho deixa Itaporanga embelezada e o reencontro dos seus filhos nessa época permite que a Rainha do Vale fique feliz com a visita dos seus “filhos Pródigos”, que se foram e saíram do seio de sua mãe à procura de felicidade, em outras plagas. Deslocamo-nos geograficamente, mas Itaporanga está sempre presente intimamente. Na verdade fomos, mas Itaporanga não sai do coração. As imagens, os momentos, o cheiro, a vida pontual da terrinha nos deixam saudades. O valor verdadeiro é apenas o retorno, a sentir os ares da nossa terra amada e não apenas balançar o quadril e ver as bandas da época. É por isso que todo “São Pedro” é melhor que o outro. Os filhos dos filhos de Itaporanga, que nasceram fora, não sentem essa magia. Essa experimentação que comove é para quem viveu aqui, na infância, na adolescência e cada um com história própria. No livro da vida de cada qual, nesse cenário, que está mudando rapidinho e ficou gravado na emoção que o tempo não apaga.
Há pessoas em que o sentimento está mais enraizado e “lutar” para permanecer na cidade se torna uma necessidade premente, fortificando a vida. Crescer com ela, viver com ela, sofrer com ela. Eu sou uma desses sujeitos. Quando me graduei em História, em Patos, na agora FIP, nas sofríveis viagens, nos velhos" busões", que era coisa de louco, senti a necessidade de estudar as ciências jurídicas e sociais e para isso tinha que recomeçar e o recomeço é sempre difícil e tudo isso para resgatar as matérias pertinentes ao vestibular.
Fui para João Pessoa com o propósito de trabalhar de dia e estudar á noite. Foi um equívoco. Trabalhava tanto que ao chegar a casa meu corpo só pedia cama. A sociedade ainda dá muito trabalho e quem consolida as decisões judiciais no plano concreto é o Oficial de Justiça. Quando o magistrado diz “cumpra-se” meu amigo, o “caldo entorna” e lá vão os Oficiais de Justiça cumprir a todo custo a sua missão de materializar a justiça, que de outra sorte ficaria apenas nos cabinetes frios. O meu irmão de doutrina espírita, presidente da Federação Espírita da Paraíba e hoje Procurador de Justiça, José Raimundo de Lima , ajudou-me a retornar, depois da experiência trágica:
- Raimundo, tem que me “salvar”. Vou pedir o Tribunal para retornar a Itaporanga e queria que você desse uma forcinha junto ao (então) desembargador Rafael Carneiro Arnoud para deferir o meu retorno. Prefiro perder a promoção.
- Ta feito caranguejo, rapaz, andando para trás... (risos)
Raimundo deu a sua força e eu retornei. Lembrei da música do imortal Roberto Calos: “Eu voltei, voltei para ficar...” E retornei para estudar com força e feliz e assim consegui passar em primeiro período para o curso de Direito em Sousa. Missão cumprida e a vida corre em desabalada rumo ao infinito, pois somos imortais e seguimos experienciando o amor e a dor até atingirmos a plenitude na vida que não cessa. O episódio serviu de base para provar que podemos hoje, no sertão, atingir os nossos objetivos sem nos distanciar da nossa terra mãe, lugar em que temos compromissos moral e espiritual.
Mas Itaporanga, como dizia, está movimentada. Muitos irmãos, caras novas, vibrações diferentes, alegria no ar. É o reencontro das famílias que se inicia com o famoso forró “pé de serra” do BNB clube do conhecido forrozeiro Saulo e o seu “Forró de Lamparina” e termina no São Pedro, nas ruas de nossa Rainha do Vale. São as famílias nas ruas a dançar e cantar às portas de seus lares, na harmonia tradicional da temporada.
Brinquemos com alegria nessa ode da vida, que é o reencontro, que não falha, e fiquemos felizes com o nosso regionalismo que satisfaz a alma e alegra os corações. Abracemos os amigos, os parentes, e saibamos aproveitar o momento que é a jóia da vida, pois nem o passado, que já não é, nem o futuro que está “longe” de ser e dancemos a vida, obra de Deus que criou os seus filhos para a evolução que acontece todos os dias, sem que percebamos.
“Olha pro céu meu amor, vê como ele está lindo”...
PENSE NISSO! MAS PENSE AGORA.
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