Não deve haver fronteiras ideológicas nem rivalidade política ou social entre os municípios do Vale: ao contrário disso, eles precisam é estar cada vez mais unidos, de mãos dadas em nome de um bem geral e comum. E se já são irmãos por natureza, habitando um mesmo ventre geográfico, constituindo-se uma mesma região, nascendo do mesmo rio, respirando os mesmos ares, amargando as mesmas intempéries, necessitam ser fraternos também nas questões político-administrativas.
Nosso desenvolvimento precisa ser pensado do ponto de vista regional em função do grau de interligação e interdependência que se estabelece entre as nossas comunas em todos os aspectos: naturais, culturais, sociais, comerciais, familiares. Não há, por exemplo, uma única família em um município deste Vale que não tenha ramificações em vários outros. Muitos itaporanguenses têm raízes ou parentes em Piancó; e muitos piancoenses têm raízes ou parentes em Itaporanga, assim como conceiçoenses, boaventureses, coremenses, aguiaenses, ibarenses, santanenses e tantos outros gentílicos regionais. Sem contar as relações de amizade e de casamento, a força das integrações festivas e desportivas e os deslocamentos produtivos e comerciais que unem a todos nós, filhos de um mesmo Vale.
Assim, entre nós, como bons irmãos, não deve haver mesquinhez e egoísmo, porque se nos dividirmos, se nos fracionarmos, se nos tornamos vizinhos que não se articulam entre si, que não dialogam, nós mesmos é que perderemos. Somos 120 mil eleitores e 155 mil habitantes e temos que gritar por benefícios com autoridade e coletivismo, e não importa para que município venha a obra governamental: o importante é que ela chegue ao Vale, porque é muito melhor está aqui do que em Patos ou Campina.
Especialmente com relação ao campus da UEPB, questão que tem deixado Piancó e Itaporanga em lados opostos, precisamos dizer que essa arenga não tem sentido, é coisa de criança, é bobagem de irmãos mimados ou gulosos. A universidade estadual vem para o Vale e isso é a única coisa importante, mas é importante dizer também que Piancó merece e tem direito de reivindicar o campus, já que Itaporanga optou por lutar pela UFGG e já dispõe da Universidade Aberta do Brasil (UAB), com mais de mil alunos e uma dezena de bons cursos superiores, e terá também o IFPB com instrução profissionalizante e superior.
Portanto, nós, que falamos a vida toda contra a concentração universitária em João Pessoa, Campina e Patos, não podemos agora querer concentrar tudo em Itaporanga, deixando Piancó e sua circunvizinhança sem nenhum curso superior. Até porque os cursos que a UEPB trará para o município piancoense já têm de sobra na UAB local, sem falar dos cursos que o IFPB vai instalar também em solo itaporanguense. A questão é que, enquanto mais cabras, mais cabritos, e, no final das contas, o Vale é que sai ganhando e, com ele, todos nós, os seus filhos, ganhamos.
Dessa forma, nós, itaporanguenses, temos que torcer e lutar pela vinda da UEPB para o Vale e que ela seja realmente instalada em Piancó, nossa terra mãe primeira, berço do Vale, barriga que gestou a civilização que nos deu à luz.
Folha do Vale
1 comentários:
Com certeza. Texto está certíssimo!
Parece que já é de natureza quanto mais temos, mais queremos!
Temos que parar com isso e começar a pensar no coletivo. De que adianta em uma das cidades ter tudo, e deixar sua "irmã" na miséria?
Pensem juntas, duas cabeças (cidades) pensam melhor que uma.
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